Libertar o pensamento humano da superstição e do dogmatismo, em favor de uma tolerância eclética que é a expressão mínima da fraternidade universal. Esta é, segundo o ex-presidente da Sociedade Teosófica no Brasil, Ricardo Lindemann, a grande missão da entidade, que foi fundada em 1875, em New York, pela russa Helena Petrovna Bravatsky (1831-1891). Lindemann é o convidado do Grupo de Estudos Teosóficos de Goiânia (GET Sophia), para fazer a abertura e ministrar o Módulo I do Curso de Introdução ao Pensamento Teosófico em Goiânia, no próximo fim de semana, 24 e 25/02.
“O trabalho da Sociedade Teosófica é promover altruísmo e libertação das causas que levam os seres humanos ao conflito e ao sofrimento desnecessários ou ilusórios que criam para si mesmos”, afirma o teósofo.
O primeiro módulo do curso tem como tema “A Teosofia e a Sociedade Teosófica”. Segundo adianta Lindemann, que é engenheiro civil e astrólogo, autor do livro “A Tradição-Sabedoria”, com o teosófico Pedro Oliveira (ST-Austrália), Ed. Teosófica, “o pensamento teosófico constitui-se no corpo de verdades que forma a base de todas as religiões, e não pode ser, por isso, reivindicado como posse exclusiva de nenhuma delas, porque representa o conteúdo esotérico comum a todas, de todos os tempos”.
A origem da palavra Teosofia, conforme observa Lindemann, é grega e no seu significado primário é sabedoria divina, assumindo, ainda, o sentido de filosofia esotérica e de pensamento aplicado. Foi cunhada em Alexandria, no Egito, no Século III, por Amónio Sacas (175-242) e o seu discípulo Plotino (204-270), que fundaram lá a Escola Teosófica Eclética, e eram também chamados de “amantes da verdade” ou “filaleteus”.
Eles eram também chamados de “analogistas”, explica Ricardo Lindemann, porque “não buscavam a sabedoria apenas nos livros, mas, também, nas analogias e correspondências da alma humana com o mundo externo e os fenômenos da natureza, onde a divindade deixa em todos os lugares as suas marcas”.
“Nesse sentido primário”, destaca o ex-presidente da STB e também coordenador do Regional Centro-Norte da instituição, “a Teosofia é, portanto, um sinônimo de percepção daquela verdade da unidade da vida; Einstein dizia que tudo é energia em diferentes graus de condensação; pela sua equação, que equaliza a energia com a massa e a velocidade da luz ao quadrado”.
“Todos nós estamos num oceano de luz ou de energia com diferentes graus de condensação, mas há uma unidade em toda a vida; tudo é um grande oceano de luz, onde a matéria é uma condensação da energia ou do espírito, como preferia dizer a Sra. Blavatsky, fundadora da ST”, afirma Ricardo Lindemann.
LIBERDADE DE PENSAMENTO
De acordo com o estudioso, Blavatsky dizia que “a essência da teosofia é o altruísmo, porque todos nós somos irmãos dessa mesma luz”. O primeiro objetivo da ST, lembra, “é formar um núcleo de fraternidade universal da humanidade, sem distinções de raça, sexo, credo, casta ou cor”. Isso, diz ele, deixa subentendido o princípio fundamental, mantido e defendido pelo seu Conselho Mundial, que é a liberdade de pensamento.
“Não existe nenhuma crença obrigatória na Sociedade Teosófica, e ela busca um livre estudo comparativo”, ressalta Lindemann. A ST trabalha, segundo o seu segundo objetivo, encorajando o estudo de religião comparada, filosofia e ciência, “buscando a revelação das religiões em harmonia com a lógica da filosofia e os fatos observados pela ciência da natureza”.
“Mesmo os ateus são bem-vindos, porque tudo depende da concepção que se dá a essa unidade da vida, ou dessa energia primordial; e pouco importa o nome da religião a qual a pessoa pertença, ou mesmo se não pertence a nenhuma”, observa Ricardo Lindemann.
A IGNORÂNCIA É A CAUSA DO MAL
Ter conhecimento desse pensamento esotérico, “quanto aos ciclos da vida, a lei de causa e efeito, e o seu processo evolutivo, é extremamente libertador para o ser humano, e constitui-se numa forma de melhorar a qualidade de vida de toda a humanidade”, diz o palestrante. O mundo, segundo destaca, não precisa ser como é, se houvesse fraternidade. “Todo esforço pela fraternidade universal e pela paz ajuda a melhorar as condições do mundo e a qualidade de vida”, acentua.
A Sociedade Teosófica é uma instituição apolítica; sua contribuição, segundo Ricardo Lindemann, “está em levar esse pensamento pela paz, pela libertação da ignorância que, segundo Platão é a causa do mal”, salienta. “Não só Platão sustentava que a ignorância é a causa do mal, mas, isso também pode ser inspirado em Pitágoras, em Buda, em Shânkara, Patânjali, Krhisnna e, creio, até no senhor Cristo, ou dependendo de como interpretamos a passagem de João 8, 32, que diz: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Então, é algum tipo de falta dessa verdade que cria a escravidão e o sofrimento humano”, diz.
Ricardo Lindemann conclui afirmando que, dessa forma, a sabedoria esotérica poderia ajudar o homem a se libertar da causa do sofrimento e a promover a libertação e a paz. “Frequentemente se diz que não se deve discutir religião, política ou futebol, mas, o fato é que se nós pudermos trabalhar para unir o ser humano e promover a paz, nós estaremos superando as causas do conflito”, justifica.
A Sociedade Teosófica está presente hoje em mais de 50 países, com sede mundial em Adyar, na Índia, na tarefa de “tentar levar luz e sabedoria esotérica para libertar o homem do sofrimento”, observa Lindemann. Para o curso de Introdução ao Pensamento Teosófico, ficam convidados “todos os que querem um mundo melhor e levar luz e libertação aos outros seres humanos, e encontrar o sentido da vida nessa unidade da matéria e da energia no universo, que é uma unidade inteligente que orienta a vida para a evolução”, diz.