Quando se é criança, os adultos, e especialmente nossos pais, parecem seres com superpoderes, capazes de tudo. No entanto, quando envelhecem, é comum que a situação se inverta e passemos a ser os guardiões do bem-estar desses entes queridos. Um momento delicado é quando nos deparamos com a necessidade de acolher pai, mãe, ou ambos, em casa. Essa é uma decisão que deve ser acompanhada de planejamento, que pode incluir não apenas modificações no imóvel – instalação de barras no banheiro, retirada de tapetes etc. – mas, principalmente, de preparação psicológica para a fase que se inicia.
Por onde começar? Em primeiro lugar, converse com todos os membros da família para alinhar as expectativas. Qual será o rearranjo do ambiente para acomodar as pessoas com o conforto de antes? Como garantir um mínimo de privacidade aos novos e antigos moradores? Que tarefas caberão a cada um? Se há um empregado doméstico, haverá atribuições extras que justifiquem um aumento de salário? Vão receber também um animal de estimação que possa interferir na rotina? É melhor ser transparente e listar eventuais dificuldades, já pensando numa solução para elas.
É indispensável ter uma visão clara do nível de cuidados que o idoso exige, para saber se a família dará conta do recado sozinha. Essa análise tem que ser realista, considerando a administração de medicações, o preparo de refeições e até ajuda para se vestir, tomar banho ou ir ao banheiro. Como atender às demandas se todos trabalharem fora? Embora à primeira vista a solução de morarem juntos pareça ser a mais econômica, revise seu orçamento para não ter surpresas, e inclua os demais familiares que possam ser úteis, doando seu tempo ou contribuindo financeiramente. Irmãos ausentes têm que ser instados a participar!
Com certeza a rotina vai ser alterada mas, de acordo com o site Dailycaring.com, é importante tentar manter o mesmo estilo de vida, do contrário o estresse tomará conta do ambiente. De quebra, o idoso se sentirá mais à vontade e não vai se considerar um estorvo. Não é hora de reviver antigas tensões do passado, nem de reproduzir comportamentos de décadas atrás: você não precisa prestar contas de cada movimento, nem compartilhar decisões sobre o dia a dia doméstico. A decadência física e mental de nossos pais nos confronta com nosso próprio envelhecimento, por isso admita momentos de fragilidade, tristeza ou raiva e considere a possibilidade de auxílio psicológico. Você também tem que zelar por sua relação amorosa. Guarde energia para seu marido, mulher, companheiro ou companheira que, ainda que se esforce, poderá se ressentir com as mudanças.