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Laboratório fraudava exames para faturar do SUS

  •  A faxineira do local também chegou a coletar sangue de pacientes, e imagens registram material coletado armazenado numa geladeira com alimentos

A Polícia Civil prendeu na tarde de quinta-feira (22/03) o dono do Laboratório Clí­nico Dr. Selim Jorge, o farmacêuti­co Selim Jorge João, de 70 anos. O laboratório, que fica no Setor Ae­roporto, foi fechado por apresen­tar irregularidades nos laudos de exames efetuados pelo estabele­cimento. O farmacêutico também executava exames de forma irre­gular, sem auxílio de aparelhos, e armazenava alimentos na mesma geladeira em que amostras para exame eram conservadas.

De acordo com o delegado Izaías Pinheiro, que está à frente do caso, Selim Jorge recebia in­devidamente o dinheiro dos pro­cedimentos, pagos em sua maio­ria pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A faxineira chegou a cole­tar sangue algumas vezes de pa­cientes. Teve um caso em que ela precisou furar o braço do pacien­te três ou quatro vezes para tentar tirar o sangue, e ele acabou pas­sando mal”, relata Izaías.

Ainda a partir de informações do delegado, em uma geladeira tinha linguiça e mandioca junto com sangue, fezes, urina, entre outros materiais coletados. Um ví­deo feito por um agente da polícia registrou a forma como o mate­rial era armazenado no refrigera­dor. Alguns dos frascos, inclusive, nem estavam tampados.

O laboratório Doutor Selim Jorge está interditado por tempo indeter­minado. Na delegacia, o proprietá­rio e farmacêutico se defendeu. Ele alega que atua na área há 35 anos e “não entende o motivo da prisão”. O homem afirma que a faxineira da clínica fazia a coleta porque, segun­do ele, “tinha curso técnico”.

“Nunca falsifiquei um exame, fazia um por um. A máquina era apenas um auxiliar. Sou um pro­fissional de excelência. Não consi­go entender por que fui preso. Ela tem curso técnico para isso”, afir­mou. Já o biomédico Edson Yukazu Ozawa, que também foi preso, dis­se que não iria comentar o caso.

O delegado afirmou que a maioria das pessoas lesadas é pa­ciente do SUS. “Lá eles estão fa­zendo exames a olho nu. O dono do laboratório diz que pega uma lâmina com sangue e ‘só de olhar já sabe que doença a pessoa tem’, sem passar pelos equipamentos necessários. Ele falsificava os lau­dos para furtar o SUS. Ele disse que realmente faz isso, e que equipa­mento para ele não tem impor­tância nenhuma, que tem 40 anos de experiência e que o olho dele é melhor que qualquer equipamen­to”, contou o delegado.

Salim Jorge João será indiciado, a princípio, por falsificação de docu­mentos, uso de documento falso e furto qualificado. O inquérito con­tinua em aberto para investigações mais aprofundadas sobre o caso.

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