O Estado de Goiás é a 3ª província mineral do Brasil. Apesar disso, o setor mineral responde por apenas 7% do PIB goiano, representando somente 25% das nossas exportações. Em face das potencialidades de Goiás, o setor minerológico – ou mínero negócio – poderia ter uma participação mais significativa na formação da riqueza regional.
Esta é a opinião de Tasso Mendonça Júnior, superintendente de Mineração da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de Goiás. Problemas de ordem institucional, segundo o superintendente, colocam não apenas Goiás, mas todo o Brasil, na contracorrente das tendências mundiais da economia mineralógica. No caso de Goiás, diz ele, “o potencial inexplorado é muito grande”.
Geólogo licenciado da Petrobras, goiano de Pirenópolis, Tasso está no governo goiano dede 2011. Segundo sua avaliação, falta ao país uma política estratégia de exploração dos recursos minerais. Mas, enquanto no âmbito da União a questão vem sendo negligenciada, ele informa que, em Goiás, providências vão sendo tomadas.
Uma delas é a elaboração do Plano Estadual de Geologia e Recursos Minerais, desenvolvido a partir de estudos de integração de dados no âmbito do Conselho Estadual de Mineralogia e Geologia. Segundo Tasso, o antigo modelo do estado como empresário da mineração já não tem efetividade. Mas a iniciativa privada, por si só, não tem forças para desenvolver o setor. Neste contexto, pensa o superintendente que Estado e Iniciativa Privada devem andar juntas. O Estado como planejador estratégico e fomentador da atividade, e a Iniciativa Privada como executora dos planos de desenvolvimento.
REDENÇÃO DE MINAÇU
É o caso, por exemplo, da vinda Mineração Serra Verde para Goiás. A empresa é controlada por um fundo norte americano, o Denham Capítal, mas sua sede nacional foi estabelecida em Goiânia. Presidida pelo geólogo goiano Luciano de Freitas Borges, a empresa já investiu mais de 120 milhões de dólares no Brasil, e deverá investir outro tanto até 2020, quando entrará em operação.
Luciano destacou a importância da parceria com o governo do Estado de Goiás, através das superintendência de Mineração da Secretaria de Desenvolvimento, para a vinda desta empresa para o nosso estado. Mas, o que a Serra Verde vai procurar no subsolo goiano?
“As terras raras são o futuro da mineração”, afirma Luciano. “A menos que surjam novas tecnologias que não dependam de terras raras, por muitas décadas o controle desse tipo de minério será altamente estratégico”, afirma.
A Serra Verde vai extrair terras raras no município de Minaçu, a partir de 2020. No momento, a empresa trabalha na construção de sua infraestrutura. Serão gerados, inicialmente, mais de 200 empregos diretos. Em razão do alto valor de mercado desse tipo de minério, seu impacto na economia de Minaçu, segundo Luciano, será maior do que o da indústria do amianto.
É uma boa notícia para a cidade, que vivia praticamente em função da extração do amianto. Com o banimento do amianto, a cidade está sob o risco de regredir economicamente. A descoberta de terras raras na região vai compensar o declínio da indústria do amianto.
Outra boa notícia também é que a mineração de terras raras adota métodos que não agridem o meio ambiente. Luciano afirma que não haverá tanques de rejeitos tóxicos e outros resíduos que trazem riscos ecológicos enormes. Como foi o caso da Sarmanco e, recentemente, o da norueguesa Hydro, que vinha lançando, clandestinamente, seus rejeitos em rios próximos.
CHINA
Dos 19 minérios – excluindo o petróleo – mais importantes da atualidade, a China é a maior produtor mundial de 10 deles. No caso de não ter produção interna suficiente, os chineses buscam, no exterior, a aquisição de direitos minerários ou parcerias estratégicas. Como a China é a maior consumidora de minérios de todo o mundo, diante de um grande produtor externo os chineses estabelecem barreiras alfandegárias e chegam a estabelecer até cotas. O governo incentiva construção de cadeias produtivas locais e garante o suprimento.
A China é hoje a maior produtora mundial de terras raras. Pelo menos 90% das reserva mundiais desses minérios estão em seu território.
Recentemente, as autoridades chinesas aprovaram um plano para colocar toda a indústria da China de minerais nas mãos de seis empresas estatais. E anunciou que não mais iriam exportar terras raras. A questão foi parar na Organização Mundial de Comércio. Mas, enquanto a OMC nada resolve, e pode levar anos para resolver, o mundo sai em busca de fontes alternativas.
O Estado de Goiás possui as maiores reservas brasileiras de terras raras, localizadas em Minaçu e municípios vizinhos. As terras raras – que, apesar de raras, não são exatamente terras, porém metais com propriedades bem características – tem largo emprego na indústria elétrico eletrônica, na fabricação de chips, supera geradores etc. A importância estratégica desses minerais é evidente.
Cerca de 25% da demanda por terras raras, atualmente, vem da indústria elétricoeletrônica.
Paulo César Ribeiro de Lima, consultor legislativo da Câmara Federal, para a área de minérios, em recente palestra proferida em Goiânia afirmou que “a China tem buscado ter o controle sobre a produção e, principalmente sobre a cadeia produtiva de minerais estratégicos, o que vem causando a dependência de muitos países, inclusive o Brasil. Um plano estratégico parece ter sido concebido e implementado naquele país ao longo das últimas décadas. Cerca de 17% são empregados em “cracreamento catalítico”, ou seja, equipamentos anti-poluentes. Mais de 15% são empregados em ligas para baterias. IO restante é empregado nas mais diversificadas atividades industriais, inclusive para a fabricação de vidros de altíssima qualidade, empregados em equipamentos científicos.
Paulo César Ribeiro mostra que, no final da década de 1990, só século passado, as jazidas de terras raras dos EUA e da Europa começam a se esgotar. Nesse momento, a China, que até então não explorava os seus recursos, começa a crescer no ranking dos grandes produtores. A partir do ano 2000, ela já se destaca como a maior produtora mundial, momento em que a produção americana cessa por completo e a de outros países do mundo caem a níveis insignificantes. De 2001 para cá, segundo estudos do consultor, os preços internacionais subiram, em média, 70 vezes.