Felipe Pontes Teixeira – Repórter da Agência Brasil
O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), 86 anos, foi transferido da penitenciária da Papuda, em Brasília, onde cumpre pena por lavagem de dinheiro, para um hospital particular de Brasília, por volta da 0h de hoje (28).
O Hospital Ortopédico e Medicina Especializada (Home) confirmou a internação do deputado, mas não deu detalhes sobre seu estado de saúde, por não ter sido autorizado pela família.
Segundo o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, e que representa Maluf, o parlamentar provavelmente precisará ficar em observação pelos próximos três dias. “Como é do conhecimento de todos o quadro de saúde do dr. Paulo é grave, com constante e diário comprometimento, inclusive com permanente risco de óbito”, ressaltou o advogado.
Desde que foi preso, em 22 de dezembro do ano passado, Maluf tenta obter o direito de cumprir sua pena em regime domiciliar, tendo como argumento sua idade avançada e seu estado de saúde debilitado, incluindo problemas cardíacos e de locomoção.
A Justiça, no entanto, tem negado os pleitos. A rejeição mais recente foi proferida pelo ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que no início deste mês entendeu não haver urgência para que Maluf saísse da prisão, negando uma liminar (decisão provisória) que havia sido solicitada pela defesa.
Maluf possui ainda um habeas corpus, com pedido de liminar, pendente de decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo apurou a Agência Brasil, o parlamentar teve uma crise nervosa na noite de terça-feira (27) ao saber que o ministro Dias Toffoli, relator de seu pedido, provavelmente não apreciaria seu caso antes da próxima semana, devido ao feriado de Páscoa.
Condenação
Maluf foi condenado no ano passado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de lavagem de dinheiro.
Ele foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter recebido propina em contratos públicos com as empreiteiras Mendes Júnior e OAS quando era prefeito de São Paulo (1993-1996). Os recursos foram desviados da construção da Avenida Água Espraiada, hoje chamada Avenida Roberto Marinho, diz a denúncia. O custo total da obra foi cerca de R$ 800 milhões.
As investigações se arrastaram por mais de 10 anos desde a instauração do primeiro inquérito, ainda na primeira instância da Justiça. Os procuradores responsáveis pelo caso estimaram em US$ 170 milhões a movimentação total de recursos ilícitos. O Supremo assumiu o caso após a eleição de Maluf como deputado federal.