Foto:Divulgação/Polícia Civil
O dono de um laboratório e um biomédico acabaram presos nesta quinta-feira, 22, durante ação da Vigilância Sanitária em conjunto com a Polícia Civil, que investiga um esquema de fraude em exames de pacientes, cuja grande maioria é do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a corporação, as amostras de sangue eram colhidas pela faxineira do local e o material era armazenado em uma geladeira comum, junto com alimentos.
Além disso, destacou que o laboratório já havia sido interditado em abril do ano passado pela Vigilância Sanitária por apresentar irregularidades, como equipamentos danificados e armazenamento inadequado de materiais para exames clínicos.
Esquema
O delegado responsável pelo caso, Izaías Pinheiro informou que os suspeitos forjavam os exames e recebiam o dinheiro indevidamente, na maioria das vezes, pago pelo SUS.
Ele disse que durante a ação, na geladeira onde eram colocados os materiais dos pacientes, foram encontradas amostras de sangue junto com madioca, fezes, urina e até linguiça.
O laboratório Doutor Selim Jorge, localizado no Setor Aeroporto, foi interditado por tempo indeterminado e já na delegacia, o dono, o farmacêutico Selim Jorge João, de 70 anos, alegou que atua na área há 35 anos e “não entende o motivo da prisão”.
Em relação à faxineira, ele disse que a funcionária fazia a coleta de sangue, pois ela “tinha curso técnico”, porém, em depoimento, a mulher, que preferiu não ser identificada, negou ter a especialização e afirmou ter apenas o ensino médio.
Ela confirmou que fez algumas coletas de sangue, mas disse estar arrependida. Além disso, alegou que quando a vigilância sanitária esteve no local, no mês passado, não quis mais fazer o procedimento e pediu demissão. Desde então, a mulher diz estar cumprindo aviso.
A Polícia Civil informou que apesar do envolvimento da faxineira no caso, inicialmente ela será tratada como testemunha.
O biomédico Edson Yukazu Ozawa, que também foi detido, preferiu não comentar sobre o caso.
"Olhômetro"
O delegado explicou que na clínica os exames são realizados apenas “no olho, sem passar pelos equipamentos necessários”, que estão, em grande maioria, danificados. Em depoimento, o proprietário confessou a prática e defendeu que "tem 40 anos de experiência e que o olho dele é melhor que qualquer equipamento".
Pinheiro ainda destacou que o proprietário falsificava os laudos para furtar o SUS.
O dono do laboratório afirmou que nunca falsificou nenhum exame e que realizava os procedimentos um a um, mas que a “máquina era apenas um auxiliar. Sou um profissional de excelência. Não Consigo entender porque fui preso”, afirmou.