Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
A Justiça Federal de Formosa determinou na terça-feira, 3, o afastamento do subcomandante da Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO), o coronel Ricardo Rocha. Além do cargo, ele também está vetado de participar de qualquer atividade de patrulhamento nas ruas, ficando restrito apenas a trabalhos administrativos.
Na decisão, deferida pelo juiz federal Eduardo Luiz Rocha Cubas, também há solicitação de suspensão do porte de armas e o uso de viaturas da corporação. O militar é apontado como líder de um grupo de extermínio que atuava em Goiânia e no Entorno do Distrito Federal.
No documento, o magistrado explica que o Ricardo Rocha é investigado por crimes como homicídio e faz uso de suas funções para “eliminar e intimidar testemunhas”.
Além disso, ainda pede que a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO) e o Comando Geral da PM sejam informados para o “imediato cumprimento” da determinação.
Através de nota, a SSP-GO informou que ainda não foi notificada da decisão. Já o Comando Geral da corporação ainda não se posicionou sobre o caso.
A defesa do policial, o advogado Ricardo Naves, informou que apesar de ainda não ter sido notificado oficialmente sobre a decisão, já teve acesso ao conteúdo dela e irá recorrer. Segundo ele, no documento não há provas concretas contra o cliente.
Grupo de extermínio
Em seu despacho, Cubas alega que o militar seria um “suposto integrante do grupo de extermínio” investigado na Operação Sexto Mandamento, deflagrada pela Polícia Federal (PF) no estado. Entre os crimes, o coronel responde por duplo homicídio qualificado, abuso de autoridade e ocultação de cadáver, ocorridos em 2010, na cidade de Alvorada do Norte.
Durante a operação, a Superintendência da PF em Brasília apurou que ao menos 11 PMs de Goiás integravam um esquadrão de morte no estado. Segundo a corporação, os membros desta organização criminosa eram financiados por políticos, fazendeiros e empresários da região, que também estão sob investigação.
Ainda de acordo com a apuração, o grupo formado por policiais militares goianos é responsável pela morte de mais de 100 pessoas, a maioria sem ficha criminal, incluindo adolescentes e até crianças.
A PF explica que os matadores ganhavam em troca dos assassinatos, promoções na corporação de origem, além de dinheiro em espécie, veículos e a apoio em candidaturas a cargos públicos.
O magistrado destacou que várias testemunhas do caso estariam se recusando a colaborar com a apuração por medo de atitudes de Rocha. Segundo elas, o policial possui “proteção do governo”, sendo promovido na hierarquia militar a cada “fato criminoso que lhe é imputado”.
O coronel foi nomeado subcomandante da PM pela SSP mesmo com a vasta lista de casos de homicídios em que já havia virado réu. Na época, a nomeação contrariou a Procuradoria da República, cuja sugestão inicial, foi de uma autoridade da PF, cuja identidade não foi divulgada, que teria sido completamente ignorada.