Foto:Divulgação/Polícia Civil
A Polícia Civil montou uma força-tarefa para investigar grupos em redes sociais que tentam induzir virtualmente seus participantes ao suicídio. A corporação informou que a maioria das pessoas que integram as páginas são adolescentes e que pelo menos cinco casos ocorridos no estado teriam relação com essas “comunidades”.
A apuração começou no dia 21 de fevereiro, quando dois garotos, de 13 e 15 anos, tiraram a própria vida em Goiânia. Para a titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos, Sabrina Leles, até o momento, não há dúvidas de que ao menos a morte de um dos cinco adolescentes tenha ocorrido por influência de uma comunidade do Facebook. As outras ocorrências aconteceram em Motividiu e Rio Verde.
Os investigadores trabalham com conversas extraídas de um grupo de mensagens online para entender como os grupos funcionam. Em uma das conversas, administradores que na maioria são menores de idade, oferecem cordas e torcem por suicídios coletivos. Além disso, fazem provocações o tempo todo.
A principal suspeita é de que eles escolhem os integrantes com base em alguma fragilidade emocional e se vangloriam por induzi-los ao suicídio, como forma de demonstrar poder. Neste grupo em questão, a maioria dos números de celulares têm DDD 62.
Desafios
Durante as investigações, em uma comunidade no Facebook, a polícia constatou que os participantes recebem uma lista de desafios. Entre eles estão a prática de automutilação, enviar vírus para contatos, derrubar páginas na web e, por fim, tirar a própria vida.
Estes desafios não são exigência para que os participantes continuem nos grupos, mas a cada passo seguido, a pessoa consegue “crescer” em status juntos aos moderadores. A página investigada tem mais de 18 mil seguidores.
Ao ser questionado sobre a comunidade, o dono da página confirmou que as vítimas eram membros, mas negou qualquer publicação que induzisse ao suicídio. "Não temos nenhum envolvimento com essas mortes, e se ouve grupos terceiros usando o nome do nosso grupo e induzindo o suicídio coletivo, nós não estávamos cientes disso (sic)."
A polícia informou que os quatro administradores do grupo já foram identificados e têm entre 14 e 19 anos. Caso fique comprovado que eles têm relação com os crimes ocorridos em Goiás, podem responder por ato infracional análogo à induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. A pena máxima para menores de idade é de apenas três anos em reclusão.