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SGPA vai a ministro e cobra solução

 Ministro considera “guerra comercial” embargo que prejudica vinte plantas brasileiras, dentre elas empresas localizadas em Rio Verde e Itaberaí

O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Tasso José Jaime, manteve reunião em Brasília, na quinta-fei­ra, com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, cobrando urgente so­lução para o problema gerado no Estado com a suspensão da carne de frango brasileira pela União Eu­ropéia. Goiás é o quinto no ranking da exportação nacional. Santa Ca­tarina lidera. Na audiência com o ministro, o dirigente da SGPA esta­va acompanhado pelo deputado federal Roberto Balestra (PP-GO) e por Enéas Vieira Pinto, diretor de Gestão, Planejamento e Finan­ças da Emater-Goiás.

A “crise do frango” envolve toda a cadeia produtiva, desde os granjeiros, abatedouros, setor de rações. “A situação é realmente preocupante”, manifestou o presi­dente da SGPA, Tasso José Jaime, ao Diário da Manhã. Ele aprovei­tou, também, a ocasião para con­vidar o ministro Blairo Maggi para a solenidade de abertura da 73ª Exposição Agropecuária de Goiâ­nia, a transcorrer no período de 18 a 27 de maio. Maggi reiterou o que considera “guerra comercial” o embargo a vinte plantas brasilei­ras, entre elas em cidades goianas de Rio Verde e Itaberaí.

DOAÇÃO

Segundo Tasso Jaime, já exis­te situações de desespero, onde os granjeiros não suportando a comercialização de um quilo de frango pelo preço de meia garra­finha d’água doam suas aves. Um caso aconteceu, ontem, em Via­nópolis, região da Estrada de Fer­ro, 500 frangos foram doados. “A conta não fecha”, ressalta o presi­dente da SGPA. A criação não co­bre os custos de produção. Há ex­cesso de oferta e os preços caem no mercado, segundo análise de Uacir Bernardes, ex-presidente da Associação Goiana de Avicultura (AGA), atualmente respondendo pela diretoria executiva do Fundo para o Desenvolvimento da Pecuá­ria em Goiás (Fundepec).

O atual presidente da AGA, Cláudio Faria, confirma as dificul­dades atuais, observando que o quilo da carne de frango está ofer­tado a R$2,80. Mas, demonstra oti­mismo quanto à recuperação. Dá até prazo: 30 dias. Observa ele que o “alojamento de pintinhos esta­rá restabelecido em 30 dias, com a oferta se equilibrando”. Em sua opinião, a recuperação de preços virá simultaneamente. A condi­ção de equilíbrio virá com preço de R$4,00 o quilo. Sem exportar para o mercado europeu, há maior oferta de frango no mercado brasileiro.

A crise decorrente da suspen­são das importações pela União Europeia afeta, por outro lado, o setor de ração. É que 90% da ra­ção provêm da soja e do milho. E o frango se alimenta de 70% de ra­ção desses produtos.

E, a tendência é que os preços caiam tanto na cadeia produti­va quanto nos supermercados. Os consumidores ganharão num primeiro momento, mas na se­quência os preços acabarão por retomar novos patamares ou até aumentar, acredita Uacir Bernar­des. Para o diretor executivo do Fundepec, as unidades afetadas “farão seus ajustes” e o quadro se normaliza. Mas, na realidade uma empresa já abriu falência. No caso, a GM Frangos, de Anápolis, e a Bonasa Asa Alimentos está a pe­rigo. Entre os frigoríficos afetados estão doze unidades da BRF, dona da Sadia e da Perdigão, e mais oito unidades de outras empresas. Se­gundo o Ministério da Agricultura, essas unidades representam 30% a 35% das exportações de fran­go para a Europa. A ABPA estima que podem ser fechados de dez a quinze mil postos de trabalho.

NÍVEL DE SEGURANÇA

Cláudio Faria endossa a ma­nifestação dos catarinenses de que “a indústria brasileira de car­ne atingiu nas últimas décadas um elevado nível de segurança e qualidade em sua operação inter­nacionalmente admirada e reco­nhecida”. Faria argumenta que os “padrões de biosseguridade, os avanços genéticos e atenção ex­trema à sanidade e ao manejo fi­zeram da nossa produção agrope­cuária uma das mais seguras de todas as cadeias produtivas, gra­ças ao empenho de profissionali­zação dos produtores rurais e aos pesados, intensos e contínuos in­vestimentos das agroindústrias”.

Hoje, 160 países importam carne do Brasil. Santa Catarina é o maior exportador. Sua cadeia produtiva envolve mais de 60 mil trabalhadoras e 10 mil produto­res no campo. O valor bruto da produção é de R$6,2 bilhões por ano. A AGA aprova a iniciativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do Ministério da Agricultura em pedir a abertura de painel contra a União Euro­peia na OMC (Organização Mun­dial do Comércio).

Conforme Cláudio, esse será o foro adequado para se ques­tionar os critérios determinados para os embarques de produtos salgados (com apenas 1,2% de sal adicionado), que são obrigados a cumprir critérios de análises para mais de 1,6 mil tipos de Salmone­la – as quais são nocivas à saúde humana – enquanto para o pro­duto estritamente in natura são exigidos apenas análises para os dois tipos de Salmonela.

As entidades alertam, entre elas a AGA, que se a União Europeia não “revogar a equivocada deci­são, será inevitável a redução do ta­manho da cadeia produtiva, com demissões massivas, desativação de plantas e granjas e drástica re­dução da produção, prejudicando produtores integrados, transporta­doras e milhares de agentes econô­micos vinculados à avicultura tan­to no País quanto em Goiás. Neste Estado, a BRF já articula férias co­letivas aos funcionários.

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