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Câmara discute situação de prédios abandonados

Após levantamento da Se­cretaria Municipal de Pla­nejamento e Habitação (Seplahn) apontar na semana pas­sada que Goiânia conta com 437 prédios abandonados, a Câmara Municipal de Vereadores realiza hoje audiência pública para tratar da situação dos imóveis que estão sem função social na Capital. Ao todo, três construções em péssi­mo estado ficam no Setor Central e uma no Setor Nova Suíça, mas elas sofrem com impasses burocráticos que impedem a ocupação cultural dos espaços. O objetivo da reunião é pensar uma saída sobre a situa­ção em que se encontram os pré­dios ociosos da cidade, que põem em risco a saúde de várias pessoas.

O vereador Anselmo Pereira (PSDB) explicou que a audiência pública tem a função de discutir a situação dos prédios abandonados que acabaram virando abrigo para moradores de rua. Segundo ele, o episódio que ocorreu em São Pau­lo na semana passada trouxe luz ao debate e provocou nas autorida­des preocupação sobre o que deve ser feito para solucionar o pro­blema. “São verdadeiros mocós, uma vergonha para nossa cida­de. Se não estão sendo utilizados que sejam então desapropriados e transformados em moradias po­pulares”, afirma o vereador, que está à frente da reunião.

Já o vereador Carlin Café (PPS) apresentou na manhã de ontem requerimento onde cobra do se­cretário de Planejamento e Ha­bitação da Prefeitura de Goiânia, Agenor Mariano, informações so­bre as providências tomadas no ano passado em relação aos pré­dios que se encontram em esta­do de abandonado na Capital. De acordo com o político, a Secretaria precisa estabelecer diretrizes que tenham como propósito notificar os donos dos imóveis que estão sem uso por parte de seus proprie­tários. “Inclusive que seja usada a Guarda Civil Metropolitana para impedir que esses prédios sejam usados para fins ilícitos”, pontua.

Em declaração ao Diário da Ma­nhã na semana passada, o gerente de fiscalização, edificações e parce­lamento da Seplahn, Célio Nunes, declarou que a maioria das edifica­ções em situação de abandono não vem sendo utilizada por pessoas em estado de vulnerabilidade social como abrigo, ao contrário do que é amplamente difundido. De acordo com ele, o município ainda conta com iniciativa que prevê aplicação de multa para quem simplesmen­te abandonar imóveis. Na ocasião, ele ainda lembrou que a tendência a partir de agora é aumentar o nú­mero de denúncias por conta da tragédia que ocorreu em São Paulo.

Na última quinta-feira, a Delega­cia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (Dema) anunciou que irá ampliar a investigação so­bre prédios sem utilidade que ge­ram problemas à população. Para o delegado Luziano de Carvalho, as construções abandonados po­dem provocar inúmeros danos ao meio ambiente. Desde o início da operação, a delegacia já autuou 36 empreendimentos que estavam em situação irregular. Na época, o de­legado disse que houve um pedido para que a Polícia Técnico-Cientí­fica apurasse a situação em que se encontram as construções.

TRAGÉDIA

Antiga sede da polícia federal de São Paulo, o edifício Wilton Paes de Almeida pertencia ao go­verno federal desde 2002. No mo­mento, a Secretaria do Patrimô­nio da União (SPU) era o órgão responsável por gerir os imóveis de propriedade federal. Projeta­do em 1961 pelo arquiteto Roger Zmekhol, era considerado um dos prédios comerciais que es­banjavam mais luxo à época. De estrutura metálica, tinha 24 an­dares e ficava na região leste do Largo do Paissandu, no centro da Capital paulista. Foi uma das edi­ficações da cidade a adotar o es­tilo “pano de vidro”, que se difun­diu nas décadas seguintes.

Em 1992, o prédio havia sido tombado pelo Conselho Munici­pal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) como prédio histórico da cidade, o que impedia que a construção fosse demolida. Mais de duas dé­cadas depois, em 2015, o edifício foi para leilão por R$ 24 milhões, po­rém ninguém o comprou. Em 2017, o imóvel foi cedido para a prefeitu­ra da Capital paulista para a insta­lação da Secretaria da Educação e Cultura da cidade. Contudo, o pro­cesso de transferência não foi com­pletamente consolidado.

A partir de 2003, o edifício fi­cou vazio porque a Polícia Fede­ral (PF) se transferiu para a atual sede. No momento em que o pré­dio desabou, a Prefeitura de São Paulo disse que foram cadastra­das 248 pessoas, de 92 famílias, no local. Ao menos entre 2015 e 2017, imagens do Movimento So­cial de Luta por Moradia (MSLM) foram vistas. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirmou que um grupo constituído por pessoas em situação de vulnerabilidade so­cial ocupavam o edifício. O motivo que provocou a queda do prédio foi um incêndio que teve origem em um curto circuito na madruga­da da última terça-feira (1°).

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