“Por vc sou capaz de tudo, que Allah nos abençoe se deus quiser”. Este é um dos textos postados em grupos no WhatsApp por Weverton Costa Nascimento, um dos 11 brasileiros denunciados pelo Ministério Público Federal em Goiás de integrarem uma organização criminosa com o objetivo de promover o Estado Islâmico no Brasil. O Diário da Manhã teve acesso à denúncia oferecida pelo procurador da República Divino Donizete da Silva no dia 20 de abril deste ano com base nas investigações feitas pela Polícia Federal na operação Átila realizada, sob sigilo em 2016.
Na denúncia tem vários diálogos e fotos retirados de grupos WhatsApp e do Facebook dos denunciados, entre 2016 e 2017, tentando recrutar pessoas para possíveis atentados no Brasil e fazendo apologia ao Estado Islâmico. Nas conversas aparecem também o recrutamento de menores e a criação de uma célula para promoção do grupo terrorista.
As investigações começaram em 2016, após a polícia espanhola identificar a existência de grupos de mensagem ligados ao Estado Islâmico com números de telefones do Brasil. Um dos gerenciadores seria de Caldas Novas aqui em Goiás. Segundo informações da polícia espanhola foram identificados três grupos nas redes sociais fazendo apologia ao Estado Islâmico: “Uma bala na cabeça de todo apóstata”, “Estado do Califado Islâmico e “Na via de Alá, vamos”. As investigações começaram pelo celular de Weverton. A partir da perícia feita neste celular foram sendo identificados outros envolvidos na defesa do Estado Islâmico no Brasil.
De acordo com a denúncia do MPF, no material apreendido em poder de Jonatan da Silva, por exemplo, foram “verificados diversas mídias relacionadas a condutas terroristas, incluindo vídeos contendo execuções, decapitações e atentados, bem como áudios de Nasheed com temas do Jihad, martírio, atentados suicidas, morte aos infiéis e guerras, além de uma foto do próprio Jonatan fazendo o sinal do Tauhid (ato de apontar o dedo indicador para cima e demais dedos fechados, significando unicidade em Allah, muito usado por membros do Estado Islâmico)”. No computador apreendido em poder de Gabriel de Oliveira Carvalho, outro denunciado, foram encontradas diversas imagens de extrema violência, como decapitações e execuções por fuzilamento e vídeos de propaganda jihadista.
Vários outros diálogos e imagens retiradas das redes sociais entre os envolvidos foram utilizados pelo MPF para oferecer a denúncia, entre eles uma conversa onde duas pessoas propõem a explosão de um veículo com botijões de gás. Noutra um trecho fala em um atentado no Brasil como o que ocorreu em Londres e sugere que seja feito no Rio de Janeiro durante o carnaval. Na resposta outro afirma que seria melhor no carnaval da Bahia onde a multidão é maior.
Na denúncia o MPF aponta que em depoimento à polícia, alguns confessaram ter tido contato com simpatizantes do Estado Islâmico que moravam na Turquia, Síria, Líbia e até no Brasil. Confessaram também possuir materiais informativos sobre como fabricar artefatos explosivos. Além da denúncia por crime de promoção de organização terrorista.Cinco dos 11 denunciados também vão responder na Justiça por corrupção de menores, já que foi identificada a tentativa de recrutar adolescentes para integrar grupos terroristas. A maior parte dos envolvidos na denúncia não se conhecia, se comunicavam apenas pelas redes sociais e negam envolvimento com o Estado Islâmico. Dos 11 denunciados apenas dois continuam detidos. Jhonathan Sentinelli Ramos e Welington Moreira de Carvalho, mas por outros crimes.Os demais acusados respondem ao processo em liberdade.