A romaria do Divino Pai Eterno 2018 chega ao fim neste domingo. Após 9 dias de festa. Em uma cobertura especial feita pelo jornal Diário da Manhã foi possível observar várias situações e diversos olhares sobre a segunda maior festa religiosa do País.
Muita gente com fé caminhando na Rodovia dos Romeiros, cada um com seu universo divino, mas todos, mesmo que não tenham uma religião específica e, talvez, nem acreditem na existência de um ser supremo, caminhando na busca de se encontrar neste universo.
Nas ruas muita gente com outros olhares distantes da fé dos devotos do Pai Eterno. Assaltantes procurando o melhor momento para bater uma carteira. Mesmo durante o dia, muita gente já tomava conta dos bares e só tinha olhares para o momento etílico.
Outros, com olhares para outro tipo de fé, a famosa “fezinha” nas diversas bancas de jogos espalhadas pelos canteiros centrais das avenidas de Trindade. Mas o olhar que mais emociona é mesmo o do romeiro que, com muita fé, paga diversos tipos de promessa. Umas, difícil de olhar, por causa da mutilação do romeiro. Outras, nem tanto.
Uma que emocionou muita gente foi a subida de dona Maria Luiza Alves, de 82 anos, pela rampa e depois pelas escadas do Santuário Basílica de Trindade. Ao todo, uma subida lenta e difícil pela limitação física dela que usava uma bengala e uma sacola com roupas. A subida durou 37 minutos. Durante o percurso ela recusou ajuda dos bombeiros e de quem quisesse ajudar. Dizia pra todos: “O pai eterno vai me levar”. E levou. Já próximo a entrar na basílica me aproximei, identifiquei e perguntei a ela se queria conversar comigo. Mesmo cansada da subida, ela abriu um largo sorriso e disse: “Que que c quer falar comigo meu fi”. Abaixo um resumo do que ela me disse.
“Eu nasci em Morrinhos, mas fui criada no mundo. Minha mãe morreu quando eu tinha 3 anos. Fui morar com meus avós que não paravam em nenhum lugar. Hoje moro aqui em Trindade, a terra do Divino Pai eterno. Tem 30 anos que venho a Romaria. O Pai Eterno é tudo pra mim. Já me deu muitas graças. É a coisa melhor do mundo. Eu pego com ele e ele atende os meus pedidos. Já guiou empregos pros meus filhos. Um outro filho meu acidentado que tava UTI, acordou pra vida depois que ajoelhei e pedi ao Divino eterno. Fiz uma promessa pra ele muito custosa. Cumpri. Mas não posso falar o que é não. É segredo meu e dele”, conclui com simplicidade a devota.
Na Festa de Trindade é assim. Se você ficar parado um pouco e ficar apenas observando, deixando o seu olhar se perder na multidão solitária em sua fé com o Pai Eterno, você vai encontrar muitas histórias parecidas com a de dona Maria Luiza. Já, observando outras cenas, desviando o seu olhar para outros interesses que não sejam o da fé no Pai Eterno, você pode encontrar de tudo, desde um assaltante batendo uma carteira, os mendigos de verdade e os falsos aleijados tentando ganhar um trocado das pessoas de bom coração. É assim a Festa de Trindade. Uma festa de muitos olhares, mas o que prevalece é o olhar da fé.
Neste domingo, dia de encerramento da Romaria do Divino Pai eterno de Trindade, muitos outros tipos de olhares estarão presentes na Festa, devido ao fato de ser o último dia, entre eles, o olhar do político, que já é tradição durante a Missa Solene realizada às 8h no Santuário.
Devido ao fato deste ano ser eleitoral, a expectativa é que haja crescimento deste tipo de olhar no encerramento da Festa do Pai Eterno. Mas mesmo que muitos olhares sejam díspares, o olhar que prevalece é o da fé dos romeiros.