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Mais fugas em presídios em Goiás

Na fuga de ontem, 4 deten­tos fugiram serrando as grades de uma das celas da unidade prisional de Luziânia. A fuga poderia ter sido maior mas o alarme foi acionado e o reforço policial chegou impedindo que isto acontecesse. Os presos serra­ram as grades, passaram pela far­mácia da unidade prisional e fugi­ram por cima do telhado.

No domingo, fim de tarde em Trindade, 20 detentos fugiram da unidade prisional do município. A fuga aconteceu após término do horário de visitas. Os detentos explodiram uma cela da unidade com o objetivo de tirar a atenção dos agentes de plantão. Logo após outra explosão foi ouvida, desta vez com mais intensidade, atingindo o muro do presídio por ondes os pre­sos fugiram. Oito detentos se feri­ram na ação e foram encaminha­dos ao hospital. Até ontem no final da tarde apenas 4 foram recaptu­rados. Duas pessoas foram presas acusadas de terem levado os explo­sivos para dentro do presídio.

Esta ação de insegurança já vem sendo apontada há bastante tempo pelo Sindicato dos Agentes Prisionais em Goiás. O presiden­te do sindicato, Maxsuel Miranda, afirma que os dois casos ocorridos um dia após o outro mostram a realidade do sistema prisional em todo o Estado de Goiás: A falta de agentes prisionais e as condições precárias dos presídios.

“Temos 1.400 agentes prisionais concursados e 1.000 vigilantes pe­nitenciários com contratos espe­ciais. Somos então 2.400 agentes quando o número necessário seria de no mínimo 6 mil. Ou seja, não temos nem 50 por cento do que se­ria necessário para fazer um traba­lho mínimo de segurança nos pre­sídios de Goiás”, afirma Maxsuel.

Além da questão da falta de agentes, o presidente do Sindica­to dos Agentes de Prisionais em Goiás aponta outros fatores para a insegurança geral na segurança dos presídios. “Os nosso presídios funcionam superlotados, temos em média 4 presos onde deveria estar só um. A cadeia de Trinda­de por exemplo tinha 450 presos quando o aceitável seria 170. Ape­nas 8 agentes trabalhavam no mo­mento da fuga. Número bem in­ferior ao necessário que seria de 1 agente para cada 5 presos. Em Goiás, em média, temos 1 agente para cada 80 presos. Temos muitos presídios dentro das cidades, o que facilita a entrada de objetos aos presos. O nosso sistema prisional é um barril pólvora e pode explodir a qualquer momento em qualquer presídio”, aponta Maxsuel.

Outra situação preocupante se­gundo o presidente do Sindicato dos Agentes Prisionais de Goiás é falta de concursos públicos para a contratação de novos agentes. “Foi anunciado um concurso públi­co para a contratação de 500 no­vos agentes, mas até agora nada foi concretizado. Como estamos em ano eleitoral, acho difícil que isto ocorra este ano”, conclui Maxsuel.

INÍCIO DO ANO

No dia 3 de janeiro deste ano ocorreu uma rebelião no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia deixando 9 mortos e fuga de quase 200 detentos. A rebelião foi notícia em todo o país mostrando a fragili­dade do sistema prisional de Goiás. O presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, desembargador Gilberto Marques Filho, e o correge­dor-geral da Justiça, desembarga­dor Walter Carlos Lemes realizaram uma vistoria no presídio e produzi­ram um documento apontando as falhas. Na época a Presidente do Su­premo Tribunal Federal, Ministra Carmém Lúcia esteve em Goiânia acompanhando as medidas toma­das pelo governo de Goiás em rela­ção ao sistema prisional do Estado.

Um balanço feito Diretoria Ge­ral de administração Penitenciária de Goiás nos dois primeiros meses deste ano já apontavam que as fu­gas nos presídios do Estado haviam subido 75% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 167 fugas nos dois primeiros meses des­te ano contra 95 no mesmo perío­do em 2017. Superlotação, falta de agentes e precariedade das estru­turas dos presídios foram aponta­dos como principais fatores para o crescimento do número de fugas. No ano passado quase 400 deten­tos fugiram dos presídios em Goiás.

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