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Promotor quer multar governador por não cumprir limite de presos

O promotor de Justiça Mar­celo Celestino requereu na 1ª Vara de Execuções Penais de Goiânia a redução da população carcerária da Casa de Prisão Provisória (CPP) até 21 de setembro de 2018, sob pena de multa diária de R$ 30 mil, impos­ta ao governador de Goiás, José Eliton (PSDB). Em entrevista do Diário da Manhã, Celestino dis­se que novos presídios não foram construídos porque governo esta­dual dá contrapartida.

Atualmente, a CPP tem 2.485 presos, acima do limite estabe­lecido que é de 1.460. No reque­rimento, o promotor pede que seja feita a expedição de ordem para transferir os presos de ou­tras comarcas que estão na uni­dade para os juízos competentes, bem como a ordem de proibição de recebimento de novos presos na CPP até que o limite estabele­cido seja cumprido.

O promotor lembra que em 2013, após ação do Ministério Público, foi decidido que o limi­te máximo de presos na CPP se­ria de 1.460 detentos, limite este que nunca foi cumprido pelo go­verno do Estado. Em outras duas vezes que foi provocado para que esta limitação fosse cum­prida, com extensão de prazos, o governo continuou descumpri­do o que foi determinado. Um novo prazo então de 6 meses foi estabelecido para a redução de população carcerária na CPP, prazo este que vencerá em 21 de setembro próximo.

No ano de 2015 foi tomada ou­tra decisão limitando a popula­ção carcerária da Central de Tria­gem a 330 detentos por causa da superpopulação. Novamente, segundo o promotor, o governo descumpriu o que foi acordado e neste mês a Central de Triagem chegou a ter 679 detentos.

ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA

Segundo o MP, a Diretoria de Ad­ministração Penitenciária, apesar das decisões que afetam a CPP, pas­sou a destinar os presos da Central de Triagem para a CPP, como forma de alcançar a limitação da Central de Triagem. E Esta nova prática teria provocado uma superlotação ainda maior na Casa de Prisão Provisória.

“É grave a situação da CPP. Re­solvi notificar o governador porque ele é o responsável maior por esta si­tuação que vem se arrastando desde 2013. Na época a superlotação era de 2.000 detentos e em vez de dimi­nuir, subiu para 2.500 com esta prá­tica de destinar presos da Central de Triagem para a CPP para cumprir outra determinação”, diz Celestino.

“O governo tem que ter res­ponsabilidades no cumprimen­to das decisões jurídicas. O atraso na construção de novos presídios que poderia melhorar a situação também é culpa do Governo de Goiás, já que este não dá a sua contrapartida aos recursos repas­sados pelo governo federal”, afir­ma o promotor. Até o momento, a Diretoria Geral de Administra­ção Pública ainda não se manifes­tou sobre a nova ação do MP pois ainda não foi notificada.

Marcelo Celestino faz críticas também ao poder Judiciário, que, de acordo com ele, contribui tam­bém para esta situação caótica do sistema prisional no Estado de Goiás. “O poder judiciário também tem responsabilidade neste proces­so de superlotação dos presídios de Goiás. Têm juízes que demoram de­mais a tomar decisões. Muitos de­tentos que estão na CPP, que tem penas leves, poderiam estar livres, com tornozeleiras eletrônicas ou até sem elas cumprindo penas al­ternativas. Mas infelizmente isto não ocorre. Temos muitos presos que nem foram condenados ainda e continuam presos”, conclui o pro­motor Marcelo Celestino.

É grave a situação da CPP. Resolvi notificar o governador porque ele é o responsável maior por esta situação que vem se arrastando desde 2013. Na época a superlotação era de 2.000 detentos e em vez de diminuir, subiu para 2.500 com esta prática de destinar presos da Central de Triagem para a CPP para cumprir outra determinação” Marcelo Celestino, promotor de Justiça.

Governo perde recursos e obras para criação de novos presídios estão atrasadas

A criação de novos presídios é uma das promessas do atual gover­no que ainda não foram cumpridas. Os presídios estão sendo construí­dos na região do entorno de Brasí­lia nos municípios de Águas Lindas, Planaltina e Novo Gama. O motivo do atraso seria a demora no repas­se de recursos por parte do governo de Goiás. O valor em atraso chega a 3 milhões de reais. Resultado: al­guns presídios que ficariam pron­tos no primeiro semestre deste ano só devem ser entregues no fim des­te ano ou no ano que vem.

Após a fuga de 20 presos do presídio de Trindade, no domin­go passado, o Ministério Público Federal lembrou que havia reco­mendado ao governo de Goiás que não deixasse de aplicar re­cursos públicos repassados pelo governo federal para melhoria do sistema prisional no Estado. Segundo o MPF, nos últimos 10 anos, o governo de Goiás devol­veu 19 milhões de reais ao go­verno federal por falta de pro­jetos para melhoria do sistema presidiário do Estado.

Para o MPF é um incoerência o sistema prisional de Goiás en­frentar graves problemas de in­fraestrutura e o governo devol­ver recursos por falta de projetos.

No texto, o procurador da Re­pública Rafael Perissé destaca que a não aplicação dos recursos é uma incoerência administrativa. “Diante desse cenário de preca­riedade, a devolução de recursos sem a devida utilização configura grande incoerência administrati­va, fato que inquestionavelmente contribui para o agravamento da já precária situação dos presídios do estado”, afirmou o procurador.

Na época o governo divulgou nota afirmando que vem utili­zando o dinheiro da União em dias e que, até o final do ano, iria entregar três novos presí­dios, abrindo 988 vagas no sis­tema prisional de Goiás.

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