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Raízes da Tradição

  •  Em grandes centros urbanos, como Goiânia, a busca por medicamentos fitoterápicos só aumenta, embora ainda existam polêmicas entre as Medicinas Ortodoxa e Alternativa

A Medicina Alternativa tem sido vista com bons olhos desde o início deste sécu­lo, aumentando a procura por tra­tamentos por meio da acupun­tura, do Reiki e, principalmente, por meio da fitoterapia. A Medi­cina Fitoterápica consiste em ex­trair de plantas com propriedades medicinais ingredientes para tratar de doenças ou feridas. Embora a medicina tradicional rejeite deter­minadas práticas da fitoterapia, já existe uma maior abertura por par­te de profissionais da área.

“Os médicos não só recomen­dam e receitam aos pacientes que tomem remédios naturais como muitos também vêm até aqui e compram na minha banca”, diz José Rodrigues. Há mais de 15 anos trabalhando como raizeiro no centro de Goiânia, seu José fala da experiência que tem com as er­vas e raízes. “Desde pequeno, mo­rando na fazenda, aprendi como lidar com as plantas, estudando e conhecendo os efeitos de cada uma”, explica ele.

Para seu José, a procura por re­médios naturais só aumentou des­de que se estabeleceu no Centro. Segundo ele, isso se dá pela cons­tatação de determinados efeitos co­laterais provocados pelos medica­mentos feitos em laboratório e pelo fato das pessoas não terem mais tantos quintais em casa para o cul­tivo de determinadas ervas.

“Com tanto prédio, tanta gente morando só em apartamento, não sobra espaço para plantar uma al­favaca, ou um boldo, uma hortelã. Muita gente vem aqui atrás de coisa muito simples, muito comum por causa dessa falta de espaço mes­mo, ou por falta de tempo para cui­dar das plantas. E esses remédios de farmácia, além de serem mui­to mais caros, ainda levam os efei­tos colaterais de brinde, só que é um brinde obrigatório e que nin­guém quer. Os remédios naturais, embora demorem um pouco mais a fazer efeito, resolvem os mesmos problemas e sem os efeitos colate­rais”, explica o raizeiro.

Os extratos e compostos feitos a partir de plantas e utilizados em la­boratórios para a confecção de me­dicamentos são bastante concen­trados para aumentar os princípios ativos, embora os próprios fabrican­tes realizem estudos para evitar ou diminuir os efeitos colaterais. “En­tão não adianta a pessoa comprar um remédio aqui e achar que vai sarar na mesma hora ou no mes­mo dia. Ela precisa fazer um uso, uma terapia, e com o tempo aque­la doença, aquela ferida, vai se curar. Esses efeitos colaterais não existem, mas isso é compensado com o tem­po necessário mais prolongado, en­tão tem que ter um pouco mais de paciência”, pontua seu José.

AO LONGO DO TEMPO

A medicina fitoterápica, em­bora não tão conhecida entre a maioria dos seus adeptos es­pecificamente por esse nome, é uma das maiores tradições dos povos na Terra. Para os mais va­riados povos, independente da etnia, época, cultura ou localiza­ção geográfica no mundo, o trata­mento de doenças e feridas atra­vés de ervas e raízes extraídas da natureza é um hábito tão antigo que remete a períodos que an­tecedem a própria formação das mais antigas civilizações.

Para se ter uma ideia, a arqueo­logia tem estudado há um tempo e já revelou que os homens das caver­nas faziam uso de plantas medici­nais. No entanto, os primeiros regis­tros oficiais encontrados sobre o uso de plantas na medicina foram os pa­piros egípcios, os escritos chineses em folhas de bambu e as taboas de argila dos povos da Suméria.

No século passado, foi desco­berto no Egito o papiro de Ebers, datado em cerca de 1550 a. C., onde é mencionado cerca de 700 drogas diferentes, incluindo ex­tratos de plantas, metais (chum­bo e cobre), além de veneno de animais. Também na obra De Re Medica, Dioscórides descreve as propriedades curativas de mais de 600 plantas medicinais; nela inspiram-se médicos do Impé­rio Romano e os seus adeptos incondicionais da Idade Média e épocas mais recentes.

Em entrevista ao médico Drauzio Varela em seu site, o di­retor-médico do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculda­de de Medicina da Universidade de São Paulo) e médico assisten­te doutor do Instituto da Crian­ça, Anthony Wong, que também é pediatra e toxicologista, falou so­bre o futuro da medicina natural.

“É bem provável que a medi­cina natural e principalmente os fitoterápicos tenham um futuro bastante promissor, porque a sín­tese dos medicamentos alopáti­cos está chegando ao fim. Mui­tas indústrias farmacêuticas estão enfrentando problemas sérios por não possuírem nenhuma sínte­se nova para apresentar nos pró­ximos anos e correm o risco de ver, com o tempo, muitos de seus produtos perderem o direito à pa­tente e se tornarem genéricos. A solução, talvez, seja recorrer aos medicamentos naturais e fitoterá­picos, mas é indispensável antes sujeitá-los a ensaios clínicos mun­dialmente aceitos e respeitados”, esclarece o especialista.

  Os médicos não só recomendam e receitam aos pacientes que tomem remédios naturais como muitos também vêm até aqui e compram na minha banca” José Rodrigues

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