A melancia de Uruana, considerada a Capital da Melancia, estava sendo adocicada para os bolsos dos produtores. Mas a greve dos caminhoneiros removeu parte desse sabor. Na parcial desta temporada de melancia, as cotações da fruta estão superiores às do mesmo período de 2017 em Uruana, região do Vale São Patrício, conforme indicam pesquisas do Hortifruti/Cepea.
Os valores mais altos foram registrados principalmente entre a segunda quinzena de abril e a primeira de maio, já que a oferta ficou restrita à praça goiana no período, e o volume colhido era baixo. Na parcial da safra (de abril a junho), o preço médio foi de R$ 0,86 o quilo para a melancia graúda, pesando 12 quilos, avanço de 87% frente ao do mesmo período do ano passado. Na Ceasa em Goiânia, a melancia está cotada a R$68,00 a caixa e o quilo a R$1,00.
Apesar da média satisfatória, a desorganização do mercado, após a greve dos caminhoneiros e as perdas decorrentes da paralisação, pressionaram as cotações. Com isso, restringiu a rentabilidade dos produtores em junho. Para julho, a concorrência com as melancias produzidas em Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia, no Tocantins, pode impedir valorizações significativas nas lavouras, já que também há previsão de aumento da oferta em Goiás.
COTAÇÃO IMPULSIONADA
A melancia se valorizou em Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia na semana passada. Isso porque o volume colhido foi menor nos últimos dias se comparado à semana passada, o que impulsionou as cotações, segundo colaboradores do Hortifruti/Cepea.
A melancia graúda foi negociada, em média, por R$ 0,42 o quilo, alta de 19% na semana. Entretanto, os patamares ainda insatisfatórios são resultado, também, da oferta significativa em Uruana, interior de Goiás. Para os próximos sete dias, a oferta local deve aumentar levemente, podendo impedir maiores avanços nos preços.
O município de Uruana, considerado o polo produtor de melancia, cultiva em média três mil hectares. A região do entorno uruanense produz outros três mil hectares, totalizando seis mil hectares. Cada hectare oferece uma produção de 50 a 60 toneladas. No período da seca, os produtores utilizam do sistema de irrigação por gotejo. Com essa prática, economizam água, regime por sinal adotado pelos kibutzim e moshaves de Israel.
Apenas a etapa da colheita gera cerca de mil empregos diretos, segundo o Sindicato Rural de Uruana. A renda gira em torno de R$200,00 por dia. A safra vai de abril a setembro. A melancia tem mercado cativo em Goiânia, São Paulo e até a Argentina.
FESTA DA MELANCIA
A festa da melancia completou 40 anos em setembro de 2017 e foram distribuídas cerca de 40 toneladas do fruto à população. A Prefeitura, que promove o tradicional evento, criou o concurso que presenteia o melhor chupador da melancia. Em setembro deste ano, haverá a 41ª Festa da Melancia de Uruana. E o prefeito Cássio Gusmão já articula a movimentação nesse sentido.
Segundo o Wikipédia, a mais tradicional e famosa festa de Uruana é a da Melancia. É o momento em que se comemora o sucesso da colheita da fruta. A primeira festa foi em 1978. Desde 1993 se tornou um evento nacional. Acontece todos os anos sempre em setembro, no mês de aniversário da cidade.
A cultura da melancia começou em Uruana em 1968. O engenheiro agrônomo Arsênio da Silveira, conversando com Álvaro Moreira Domingues, produtor da região, falou sobre plantar uma horta de melancia na forma irrigada. A produção foi tão grande que o povo de Uruana não conseguiu consumir tudo. A partir desse fato, começou-se a comercializar em Goiânia. Foi no governo de José Mariano Costa que se incrementou a festa, passando a ser a grande realização do prefeito. Até próximo de sua morte, ele ainda se preocupava com a realização do evento, mesmo não sendo mais prefeito da cidade.
Na primeira festa, várias datas comemorativas foram lembradas. Um grupo apresentou o hino, festejou-se o dia da alfabetização–na época, o dia do Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização). Teve ainda a escolha da rainha da melancia, o desfile estudantil, com concentração na porta da prefeitura e distribuição de 60 toneladas da fruta.
Outro destaque da festa da melancia é o concurso do chupa-chupa, ou seja, o concurso do maior chupador de melancia, uma disputa para ver quem consegue comer mais melancia. O concorrente é pesado antes e depois do concurso, onde ele chupa a fruta até não aguentar mais. Aí conta-se o peso da diferença para mais. O campeão de Uruana, conhecido como Doca, devorava até sete quilos ainda ia “almoçar bastante”. A festa é um dos momentos para a promoção do turismo no rio Uru, onde as pessoas ficam acampadas. Atualmente é realizada no parque de exposições José Rocha Borges, as margens do rio Uru. A origem do nome Uruana deriva da pioneira dali, dona Ana, conjugado com o nome do principal rio Uru, donde surgiu Uruana.
ECONOMIA DE URUANA
A economia de Uruana tem seu forte na produção, armazenagem, transporte e exportação–inclusive para o Mercosul–de melancia. Dois mil e quinhentos hectares de melancia são plantados no município, tendo uma média de produção de 45 toneladas por hectare, sendo esta a principal atividade econômica da cidade. Gera mais de três mil empregos diretos e indiretos, além de vários efeitos econômicos importantes.
Em época de safra, os restaurantes, pensões e hotéis ficam lotados, os postos de gasolina faturam mais e o número de caminhões para o transporte é grande, enchendo toda a cidade, onde os agenciadores de cargas captam pedidos de frete para todo o país.
A média da colheita é de 30 toneladas por hectare. A melancia, com a apurada tecnologia de Uruana, pode ser colhida 90 dias após o plantio. O ingresso de outros países da América do Sul no Mercosul, como Peru e Colômbia, e a queda de barreiras comerciais, irá favorecer as exportações de melancia e a cidade obterá novos mercados para suas vendas. O entrelaçamento comercial de Uruana com a Argentina tem sido crescente. Tanto que, atualmente, o município cultiva, cada vez mais, abóbora para exportação aos argentinos.
Outras atividades urbanas têm caracterizado a economia de Uruana, com ótimas oportunidades de crescimento. A cerâmica artesanal vem crescendo, embora ainda necessite de aprimoramento na sua produção, pois o trabalho é todo manual. As indústrias de confecções também têm peso na economia do município. A produção chega a 40 mil peças por mês e gera mais de mil empregos diretos e indiretos. Segundo empresários do setor, a maior dificuldade continua sendo a falta de mão de obra especializada.
Outra Atividade que está em expansão em Uruana é a apicultura. O número de colmeias é de 250, e o volume é de 6.250 quilos de mel por ano. De acordo com os últimos censos do IBGE, pode-se observar que o consumo de energia elétrica aumentou na zona rural.
A produção de leite no município merece destaque. Com um rebanho de 53 mil cabeças, aproximadamente, estima-se que a produção anual seja de vinte milhões de litros.
A maior exploração por hectare em Uruana são as plantações de melancia. No entanto, o município ainda conserva o plantio de arroz de sequeiro, embora ele esteja, pouco a pouco, dando lugar à produção de milho.