O Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco localizado às margens da BR-153, na saída de Goiânia para Anápolis, foi atingido por uma queimada no final da tarde da última terça-feira. O fogo só foi debelado totalmente por volta das 5 horas da manhã de quarta-feira. Este foi o primeiro grande foco de incêndio no Cerrado goiano neste segundo semestre.
De acordo com o tenente-coronel Ulisses José da Silva, coordenador da Operação Cerrado Vivo, 21 policiais bombeiros utilizando 8 viaturas participaram da operação para debelar o fogo. A estimativa é que foram queimados cerca de 10 km de área verde do parque. Até novembro, devido a falta de chuvas e o calor constante está declarada situação de alerta no Corpo de Bombeiros para as áreas de Cerrado.
O fogo no Parque Altamiro de Moura Pacheco teria se originado em uma área próxima da reserva, mas até o momento as causas são desconhecidas. Outro foco de incêndio combatido pelo Corpo de Bombeiros ocorreu na noite de terça-feira no Hipódromo da Lagoinha, no bairro Cidade Jardim em Goiânia. O fogo teria começado por volta das 21h e debelado na madrugada desta quinta com o apoio de duas viaturas do Corpo de Bombeiros.
Apesar destes dois registros recentes e outros de menor proporção ocorridos neste mês de agosto, um deles na região do parque do Rio Araguaia, o coordenador da Operação Cerrado Vivo afirma que, neste segundo semestre, no mesmo período em comparação ao ano passado, foram registradas menos ocorrências.
“Fizemos todo um trabalho de prevenção, campanhas, orientação para a construção de aceiros, palestras entre outras ações com o objetivo de prevenir as queimadas. Tem dado certo. Esta queimada no Parque Altamiro de Moura Pacheco foi a 1ª de maior proporção, mas em uma ação rápida conseguimos debelar o fogo diminuindo o impacto da queimada na vegetação”, afirma Ulisses José da Silva.
Ulisses explica que a Operação Cerrado Vivo tem várias etapas. “A 1ª foi a preventiva com palestras, campanhas, orientações. Depois foi a fase de ação com a construção de aceiros e orientações aos fazendeiros próximos aos parques florestais. Esta é 3ª fase , a da resposta, é a fase mais crítica do tempo seco quanto as queimadas no Cerrado, e vai se estender até novembro”.
TEMPO SECO
Os últimos grandes períodos chuvosos em Goiás ocorreram até meados de maio. Depois disso foram mais de 2 meses e meio sem que a chuva desse o ar da graça no Estado de Goiás e em boa parte da região Centro-Oeste do País que vive dominada por uma bolha de ar quente e seco.
Após esta estiagem veio uma chuva fraca que desapareceu rapidamente. A cada ano que passa a chuva demora mais a chegar. O resultado é esta sensação de deserto com frio nas madrugadas e calor durante o dia. Esta situação, aliada aos ventos fortes, vegetação seca e alta no Cerrado, é propícia para as queimadas.
No último balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros relativo ao 1º semestre foi registrado um aumento de 11% no atendimento a focos de incêndios florestais em relação ao ano passado. “Neste segundo semestre o índice vem caindo. As pessoas têm que evitar queimar lixo e jogar pontas de cigarro acesas. O lixo queimado, além de ser tóxico, pode levar uma faísca de fogo para um área de vegetação e provocar um grande incêndio florestal”, alerta o tenente-coronel Ulisses.
Devido a ampliação do tempo seco, as equipes da Operação Cerrado Vivo foram reforçadas. Estão sendo utilizados também drones e imagens de satélite da Nasa e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “A utilização de drones e imagens de satélite são fundamentais para identificar os pontos de calor e os focos de incêndio no Cerrado”, frisa o tenente-coronel Ulisses.
PREVENÇÃO
O tenente-coronel Ulisses José da Silva afirma também que a população em geral pode contribuir com a prevenção através do telefone 193. “Pelo 193, além de informar um foco de incêndio, a população pode pedir ao Corpo de Bombeiros para fazer uma Perícia de Incêndio Florestal. “Os fazendeiros e as pessoas em geral podem acionar a Operação Cerrado Vivo que irá, além de combater o fogo, fazer um diagnóstico no local para descobrir como ocorreu o incêndio para evitar futuras queimadas da vegetação do Cerrado”.
Meteorologia prevê tempo seco até novembro
A chefe do Inmetro em Goiás, Elizabeth Alves Ferreira, em entrevista recente concedida ao Jornal Diário da Manhã, falou sobre as previsões de chuva para este segundo semestre. ”Só mesmo na 2ª quinzena de outubro teremos mudanças reais no clima com a maior intensidade das chuvas”.
Em setembro e outubro vão ocorrer chuvas esparsas. Só mesmo a partir de novembro, de acordo com a meteorologia, devem cair chuvas mais densas em Goiás. As chuvas com mais frequência e mais intensidade devem ocorrer no mês de dezembro.
Elizabeth explicou ainda que, a partir de 2004, a região de Goiás vem sofrendo com as alterações climáticas mundiais e também regionais como o desmatamento de grandes áreas e a poluição no mundo, e estas alterações climáticas acabam impedindo que as nuvens se formem no centro do país.