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Em alta, militarismo atrai multidão em desfile

Com faixas pedindo inter­venção militar, o desfile cívico que comemorou ontem os 196 anos da Indepen­dência do Brasil contou com pe­queno atraso em relação aos anos anteriores. As primeiras tropas do exército estavam previstas para descer a Avenida Tocantins em direção à Avenida Paranaíba às 8h45, mas o hasteamento das bandeiras começou só às 9h em frente ao Teatro Goiânia. O públi­co também aproveitou a ocasião para cobrar maior honestidade por parte dos políticos que estão disputando as eleições. Cerca de 10 mil pessoas compareceram.

Manifestantes com bandeiras e cartazes ficaram concentrados ao longo da Tocantins e realizaram si­lenciosos protestos durante a sole­nidade. O palanque foi montado em frente ao cruzamento da To­cantins com a Rua 4 e, no momen­to em que o governador José Eli­ton (PSDB) passou pela população, ouviram-se gritos irônicos como “olha, a faca!” em alusão ao suposto atentado que ocorreu contra o can­didato a presidente do PSL. Simpa­tizantes do presidenciável Jair Bol­sonaro, todavia, aproveitaram para pedir a volta da ditadura militar.

Indiferente ao desfile cívico, o artesão Júnior César, 47, comentou que a celebração é “um desperdício de dinheiro público”. Ele criticou a tradicional iniciativa de comemo­ração do desfile cívico, porque se­ria desnecessário para o cidadão e não teria nenhuma função apa­rente. César afirmou que a situação pela qual o País passa no momento faz com que a solenidade não “te­nha sentido”, além de supostamen­te reunir no mesmo lugar pessoas com tendências ideológicas autori­tárias que não pensam duas vezes antes de pregar discursos de ódio.

“Eu acho que esse patriotis­mo todo é meio sem sentido”, ar­gumenta. César também contou que, embora boa parte da polícia goiana esteja concentrada para as­sistir ao desfile, o dia a dia de quem trabalha no Centro não possui ne­nhum auxílio por parte das tropas de segurança. “Eu trabalho no cru­zamento da Avenida Anhanguera com a Avenida Goiás. Poucas vezes vi a polícia fazendo de fato algum tipo de policiamento na região. Isso é bem perigoso”, reclama ele, ao lado de um carro do Choque.

A proprietária de loja na Tocan­tins Angelina Durães, 38, disse que a falta de policiamento no centro é uma realidade. Ela traçou um pa­ralelo entre a quantidade de car­ros no desfile e o que vê na rua no cotidiano. “Nossa, tem tanto carro e polícia. Na hora que chamamos, eles não aparecem”, criticou.

Já o representante comercial Gleidson Dias, 38, pensa que o desfile cívico é importante para a memória nacional. Natural do in­terior de Minas Gerais, ele acredi­ta que a solenidade é bonita. “É a segunda vez que venho para Goiâ­nia e consigo assistir o desfile. Esse tipo de celebração precisa existir”, conta. Mas quando não está na ca­pital goianiense para prestigiar a comemoração da Independência ele assiste em sua cidade. “Lá não perdi nenhum até hoje”.

ESCOLAS

Além de contar com a presença de 3 mil militares do Exército, Po­lícia Militar (PM), Corpo de Bom­beiros e da Guarda Civil Metropo­litana de Goiânia (GCM), o desfile teve a participação da banda mar­cial dos colégios militares Hugo de Carvalho Ramos e Waldemar Mun­dim. Os estudantes passaram pela Avenida Tocantins em passos sin­cronizados e arrancaram aplausos das autoridades que estavam pre­sentes no palanque. Já os alunos de um colégio do Jardim América to­caram o clássico hino de resistên­cia ao fascismo Bella Chio.

Também estavam presentes na celebração o secretário de se­gurança pública e administração penitenciária e ex-governador de Goiás entre 1975 a 1979, durante a ditadura militar, Irapuan Costa Jú­nior; o governador de Goiás, José Eliton; o candidato a deputado fe­deral, Demóstenes Torres (PTB), bem como autoridades da Polí­cia Militar e do Exército

Em vídeo divulgado numa rede social, o prefeito de Goiânia Iris Rezende (MDB) declarou que a data é uma homenagem aos an­tepassados. Segundo ele, o dia da Independência do Brasil é uma celebração em que todos os bra­sileiros devem refletir sobre o que “o País espera de nós, homens pú­blicos”. “Precisamos nos desdo­brar para honrar com muito tra­balho e responsabilidade o voto popular. Entender o verdadeiro sentido da independência e da democracia para nossa socieda­de, que ainda clama por grandes transformações”, diz.

Já o governador José Eliton, por sua vez, lembrou que a data serve para os brasileiros pensar o que querer para a educação. “Já con­solidamos o Estado Democráti­co de Direito. Agora, precisamos ter pessoas que trabalhem o Bra­sil pensando no futuro, olhando uma nação que precisa se reconci­liar, que precisa se encontrar com o desenvolvimento e com a gera­ção de empregos. Precisamos dar o direito a cada brasileiro sonhar com um futuro melhor. Que o Bra­sil possa ser sólido e respeitoso com todos”, afirma, em rede social.

É a segunda vez que venho para Goiânia e consigo assistir o desfile. Esse tipo de celebração precisa existir” Gleidson Oliveira, representante comercial   Eu trabalho no cruzamento da Avenida Anhanguera com a Avenida Goiás. Poucas vezes vi a polícia fazendo de fato algum tipo de policiamento na região” Júnior César, artesão   Nossa, tem tanto carro e polícia. Na hora que chamamos, eles não aparecem” Angelina Durães

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