Por todo canto que se olhe nas ruas, não há como não notar a presença dos ipês. Ao longo do ano, essas árvores se passam desapercebidas aos nossos olhos pelas copas totalmente providas de folhas bem verdes, e quando suas folhas começam a cair, pela proximidade do outono e inverno, é o sinal de que as flores estarão por surgir. Os ipês anunciam a chegada da primavera.
Sua floração se torna vistosa devido a ausência de folhas.
Essa beleza se estende por todo Brasil.
O nome Ipê significa casca grossa e é uma palavra de origem tupi. No território nacional pode ser visto com mais frequência no cerrado e caatinga, locais onde encontramos o clima mais tropical de nosso país. Mas também estão presentes no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Eles podem ser vistos com flores nas cores amarelas, rosas, brancas e lilás.
As muitas espécies são usadas na arborização urbana, ao longo de ruas, ou como elementos isoladas em praças e parques.
As três cores mais vistas são as de flores amarelas, rosas e brancas. Em sua maioria os ipês-amarelos, estão em maior abundância pelas cidades pelo fato de ter a flor símbolo do Brasil.
A facilidade de encontrar a árvore no Brasil, aliada à tamanha beleza, encantou o então Presidente Jânio Quadros, que no Projeto de Lei nº 3380/1961, visava declarar o pau-brasil e o ipê-amarelo, respectivamente, árvore e flor Nacionais, porém o projeto foi vetado no tocante ao ipê, e somente o pau-brasil foi declarado árvore nacional, por meio da Lei nº 6607 de 7 de dezembro de 1978.
A árvore, reconhecida pela excelente qualidade da madeira, ocorre em todo o Brasil e em todos os biomas e se divide basicamente em dois tipos: a do Cerrado e a da mata. “No Cerrado, o ipê é mais baixo; atinge 10 metros de altura. Tem a casca grossa para se proteger do fogo”, diz Marchini. Na mata, observa o pesquisador, chega a 20 metros de altura.
Há 28 espécies de ipês e faz distinção entre as flores rosas e roxas. Na verdade, não existe flor roxa de ipê, mas sim diferentes tons de rosa. É o que afirma Silvio Marchini, pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).
Essa bela árvore não tem somente flores bonitas, mas sua casca e entrecasca têm propriedades medicinais (antiflamatórias, antiinfecciosas e cicatrizantes) e podem ser utilizadas para diversos tratamentos, como: dermatites, varizes, amidalites, infecções renais, entre outros.
Encontrada em todas as regiões do Brasil, tolera diversos tipos de climas. Suas flores são visitadas por aves, e em especial por beija-flores.
Produzem frutos secos, do tipo cápsula, que quando maduras liberam sementes com alas a longas distâncias.
DESMATAMENTO
A árvore é um filtro. A função mais conhecida das árvores é a de trocas gasosas. Ela retém o gás carbônico e libera o oxigênio. Mas sua importância vai além disso.
Uma árvore é habitat de insetos, fauna, mamíferos, aves, macacos, lagartas, liquens, bromélias, orquídeas, etc.
Ocortede um árvorecompromete toda uma biodiversidade, porque há muita vida em seus galhos.
A biodiversidade em uma cidade já resta prejudicada, e o corte de uma árvore prejudica ainda mais a riqueza desse ecossistema existente nela.
Isso é o que afirma o engenheiro agrônomo Rodrigo da Costa Andrade, engenheiro agrônomo e analista ambiental do Ibama.
O que se nota é muitos cortes de árvores na cidade, sem critérios. Para se cortar uma árvores, há que ter um motivo: ou ela está doente, ou ela ofereceriscodevida, vezquesuagalhada atingefiosdeeletricidade. Umaárvore não pode ser cortada porque ela atrapalha a entrada de um carro na garagem ou tampa a fachada de alguma empresa ou está sujando a calçada com folhas, observa Rodrigo.
Para ele, sujeira é plástico, papel, coisasdohomem. Folhasourestosde galhos não podem ser considerados sujeira. Há essa confusão de conceitos por ignorância da população, porque conhecimento, todos têm. Todos sabem da importância de uma árvore, mas os homens são imediatistas, e não pensam que a sujeira da rua vai cair numa via pluvial, que vai cair num manancial, que vai matar uma espécie marinha. Tudo está interligado, e o mais importante é a preservação.
Para Rodrigo da Costa Andrade, a consciência ecológica significa educação, e educação vem de berço. Daí a importância de fazer a defesa desde a idade tenra das crianças, que, se formarem essa consciência, passarão a fazer a defesa da fauna e da flora naturalmente, com a formação de uma geração comprometida com o meio ambiente.