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Rede de hotéis implanta horta nas alturas

Uma forma de cultivo, talvez inédita, em Goiânia, é desenvol­vida no último piso de hotel. Es­pécies do Bioma Cerrado são im­plantadas pelos funcionários na formação da horta nas alturas. A orientação técnica coube a um engenheiro agrônomo dos qua­dros da Emater. E, interessante, a moda pegou na rede hoteleira em toda a América do Sul.

Ervas aromáticas para chás e temperos, além de plantas ali­mentares não convencionais ou pancs passaram a ocupar espa­ço no oitavo andar do Mercure Goiânia. As primeiras sementes e mudas foram cultivadas em abril e, hoje, já são cerca de 40 varieda­des espalhadas por uma área de 50 metros quadrados. Parte da pro­dução já começa a chegar à cozi­nha do hotel e a proporcionar no­vas experiências para hóspedes que souberam da novidade.

“É um resgate à tradição dos quintais. Já teve hóspede que pe­gou ramos de poejo para fazer chá para o neto”, conta o chef Humber­to Marra, incentivador e um dos responsáveis por grande parte das mudas do novo espaço. Todas as pancs cultivadas na horta do hotel, por exemplo, foram levadas por ele.

ESPAÇO VERDE

As primeiras a chegar foram mudas e sementes de manjericão, tomilho, alecrim, cebolinha, cidrei­ra, melissa, poejo. Depois vieram as plantas alimentares não conven­cionais, entre elas, Ora Pro Nobis, taioba, beldroega e bertália. Parte, ainda na fase de muda, está em re­cipientes reaproveitados de emba­lagens de leite. Outras, já em estágio mais avançado, estão dispostas em vasos. Até os que antes só abriga­vam palmeiras passaram a dividir espaço com hortelã e outras varie­dades da horta. “Também esta­mos salvando uma espécie nativa, a baunilha do Cerrado, com mu­das delas aqui”, informa Humberto.

A iniciativa no hotel integra ações previstas no Planet 21, pro­grama de desenvolvimento sus­tentável da AccorHotels. “A hor­ta proporciona um espaço verde dentro de um centro urbano. Além disso, nossa intenção é que os pro­dutos sejam utilizados para a ali­mentação dos nossos colabora­dores e também na dos clientes”, explica o gerente geral do Mercu­re Goiânia, Geraldo Oliveira.

Geraldo informa que o pri­meiro retorno visível da iniciativa foi observado entre a sua equipe. Todo o cuidado de manutenção da horta é realizado de forma volun­tária e espontânea pelos diversos profissionais que atuam no hotel.

Atualmente, 149 hotéis da Ac­corHotels na América do Sul já im­plantaram uma horta urbana, in­centivando o cultivo e consumo de alimentos orgânicos, saudáveis e produzidos localmente.

O engenheiro agrônomo da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesqui­sa Agropecuária (Emater), Jean Louis Alves Martins explica que espaço não é problema para in­teressados em terem uma horta por perto, mesmo em áreas urba­nas. “A limitação é a necessidade de um local onde a planta receba pelo menos quatro horas de sol ou luminosidade por dia”, informa.

Sacadas de apartamentos, por exemplo, podem ser usadas para o plantio de hortaliças. Jean Lou­is destaca, porém, que, geralmen­te, para melhor aproveitamento de espaços menores, a escolha para plantio são ervas aromáti­cas, para chás e temperos. Segun­do ele, as mais comumente cul­tivadas em Goiânia são hortelã, alecrim, manjericão (dos três ti­pos: verde, roxo e folha estreita), salsa, coentro, salvia e erva doce.

Entre os cuidados que o en­genheiro agrônomo recomen­da está o plantio da muda ou semente em vasos com furos e pedrinhas no fundo, para não acumular água, e adubação de acordo com a exigência de cada planta. Para o controle de pos­síveis pragas e doenças, ele diz geralmente não ser utilizado de­fensivos químicos nessas peque­nas hortas urbanas.

“Mas tem defensivos caseiros. Para o ataque de pulgão, por exem­plo, pode se usado a calda de fumo, que é possível comprar em casas agropecuárias ou de venda de pro­dutos para jardinagem”, ressalta.

Jean Louis informa que nem todas as plantas precisam ser ir­rigadas todos os dias, isso depen­derá da umidade do solo. “O cri­tério é muito de observação. Na interação com as plantas vai se descobrindo a quantidade de água demandada”, assinala.

Segundo o engenheiro agrô­nomo, uma horta de temperos é também economicamente viá­vel. “Cada uma tem um preço di­ferente no mercado e, se for con­tabilizar o uso por semana, mês, economicamente também com­pensa”. Além disso, “a sensação de estar comendo algo que você pro­duziu é algo prazeroso. Alia pra­zer, economia e beleza”, cita.

DICAS PARA CULTIVO DE HORTA EM PEQUENO ESPAÇO

- Para pequenos espaços, mudas e sementes de ervas aromáticas para temperos e chás são mais utilizadas.

- É necessário que o local onde a planta estiver receba diariamente pelo menos quatro horas de sol ou de luminosidade.

- É recomendado o uso de vaso com furos e pedrinhas no fundo para não acumular água.

- A adubação deve ser feita de acordo com a exigência de cada planta

- Escolha mudas de qualidade. É possível comprá-las em algumas floriculturas e também em supermercados.

- O controle e o combate de pragas e doenças geralmente são feitos sem uso de defensivos químicos. Soluções caseiras, como calda de fumo, podem ser usadas, por exemplo, no combate ao pulgão.

- Nem todas as plantas precisam ser irrigadas todos os dias.

A maioria de plantas usadas para temperos demandam troca a cada seis meses, podendo chegar a um ano, mas a produção diminui.

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