Não é segredo algum a importância das brincadeiras no desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças. Porém, o que se observa é que os pequenos estão cada vez com menos tempo para brincar. As agendas da infância no mundo contemporâneo são assoberbadas em atividades extracurriculares e deveres escolares.
O ato de brincar agora está no segundo plano e a preocupação dos pais recaí, sobretudo, em saber se os filhos estudaram ou não, sem perceberem que nenhuma criança desenvolverá todo o seu potencial se a brincadeira não fizer parte da sua vida. Essa é a afirmação da pediatra Denise Katz.
Segundo a médica, brincadeiras contribuem para o desenvolvimento do córtex e cria conexões cerebrais nas crianças. “O desenvolvimento cognitivo da criança depende da boa desenvoltura de funções como a linguagem, coordenação motora e suporte afetivo-emocional. Para garantir que a criança tenha uma boa evolução, estimule o seu filho desde cedo, ainda no primeiro ano de vida, com brincadeiras, jogos, leituras e conversas”, explica. Essas atividades ainda auxiliam no desenvolvimento motor, muscular, ósseo e articular. E oxigena os pulmões e aumenta a força.
A Organização Mundial de Saúde recomenda que as crianças façam pelo menos 60 minutos de atividade física diária, moderada ou intensa. Conforme a pediatra Denise Katz, brincar é uma atividade completa. Ajuda a criança a se socializar e desenvolve habilidades que são muito importantes para a vida adulta.
“E se a brincadeira for ao ar livre, a luz solar ajuda a regular o metabolismo e o sono. A atividade física para agradar a criança deve ser algo lúdico, deve estimular a brincadeira no esporte para que isso seja prazeroso e não uma obrigação”, afirma.
LEITURA, ESCRITA E DESENHOS
De acordo com a médica, durante toda a infância é importante estimular atividades e brincadeiras lúdicas nas crianças, pois elas contribuem para o desenvolvimento da linguagem, atenção, imaginação, curiosidade, concentração e memória, além de fortalecer o vínculo entre criança e pais.
“Bonecos de dedo tornam o ato de contar histórias mais interessante; desenhar, escrever e pintar sobre personagens preferidos da criança contribui para a adesão da brincadeira. Este tipo de atividade é indicado para crianças a partir dos 5 anos de idade”, aconselha.
JOGO DA MEMÓRIA
Os jogos como de memória, xadrez e quebra-cabeça estimulam habilidades como concentração, lógica, formulação de estratégias e autoconfiança. As atividades lógicas contribuem para que a criança seja capaz tomar decisões em situações que exijam raciocino rápido, promove a vontade de vencer e a vivência com vitórias e derrotas. Este tipo de atividade é indicado para crianças a partir dos 7 anos de idade.
ESCONDE-ESCONDE
Pega-pega e queimada, conforme a pediatra, são brincadeiras que estimulam a coordenação, noção de espaço e perspicácia da criança, que cria estratégias para não ser pego, além de estimular que a criança se supere fisicamente. Por ser uma atividade realizada em conjunto com outras crianças, motiva a socialização com os colegas. Ela orienta que os pais estimulem seus filhos a conhecer amigos da vizinhança e pratiquem as brincadeiras em lugares seguros
“A brincadeira em qualquer idade ajuda a moldar o cérebro, fortalece as relações socioafetivas, promove a criatividade e a imaginação. Nas crianças maiores, o brincar explora aspectos como autocontrole, cooperação e negociação, estabelece regras e limites, e estimula que a criança aprenda a lidar com derrotas. Além das brincadeiras, é importante que os pais cuidem da alimentação dos pequenos para um desenvolvimento completo, alimentos ou suplementação ricos em Ômega 3, comprovadamente auxiliam na formação de sinapses cerebrais. As crianças que tiveram boa alimentação e suplementação de DHA vão ter sim melhor capacidade de aprendizagem, melhor linguagem, melhor memória e melhor percepção”, esclarece.
AS BRINCADEIRAS IDEAIS PARA CADA FAIXA ETÁRIA
Algumas recomendações de especialistas sobre as brincadeiras mais adequadas para cada faixa etária. Porém, é importante ressaltar que o desenvolvimento infantil é individual. Todas as atividades devem ser desenvolvidas sob supervisão de um adulto e nos ambientes adequados.
Até os 2 anos:
Nesta fase, a brincadeira tem que estimular os sentidos. Correr, puxar carrinhos, escalar objetos, jogar com bolinhas de pelúcia são atividades recomendadas.
3 a 4 anos:
Começam as brincadeiras de faz de conta. As crianças respondem a brincadeiras de casinha, de trânsito, de escolinha e de outras atividades cotidianas.
5 a 6 anos:
Os jogos motores (de movimento) e os de representação (faz de conta) continuam e se aprimoram. Surgem os jogos coletivos, de campo ou de mesa: jogos de tabuleiro, futebol, brincadeiras de roda.
7 anos acima:
A criança está apta a participar e se divertir com todos os tipos de jogos aprendidos, mas com graus de dificuldade maiores.