- Frente Contra o Fascismo e Pela Democracia sai da Avenida Goiás, passa pelo Museu Pedro Ludovico Teixeira e termina em monumento
- Honestino Guimarães, Marcos Antônio Dias Batista, José Porfírio, Paulo de Tarso Celestino, Maria Augusta Thomaz integram a lista de vítimas
- Movimento defende o respeito aos direitos humanos, condena a tortura, repudia Carlos Alberto Brilhante Ustra, referência de Jair Bolsonaro
A Frente Ampla Pela Democracia e Contra o Fascismo realiza, hoje, a partir de 9h, um cortejo simbólico, pela Memória, Verdade e Justiça e pela elucidação, entrega dos corpos, defesa da democracia, ameaçada pela possibilidade de eleição, neste domingo, 28 de outubro de 2018, do deputado federal do PSL Jair Bolsonaro à Presidência da República. A manifestação será coordenada pelo cancioneiro popular, o cantor e compositor de protesto Itamar Correia [GO].
- Jair Bolsonaro é sexista, misógino, racista, homofóbico, fascista, defensor da ditadura civil e militar de 1964, dos métodos de tortura e do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Autor do cultuado ‘Araguaia Meu Brasil’, compact disc, LP e livro, Itamar Correia circulou o Brasil, sobre ditadura civil e militar para denunciar a prisão ilegal, tortura, execução extrajudicial, ocultação de cadáver do estudante do Lyceu de Goiânia, do primeiro ano do segundo grau, Marcos Antônio Dias Batista, de apenas 15 anos de idade. O desaparecido político mais jovem do Brasil, explica. Filho de Waldomiro Dias Baptista e de Maria de Campos Baptista.
- A entrega dos seus restos mortais é uma exigência da História e da Justiça.
Itamar Correia lembra ainda que existem dezenas de cadáveres insepultos que assombram a frágil democracia brasileira. A referência é aos mortos e desaparecidos da Guerrilha do Araguaia. O conflito, dizimado, com requintes de crueldade, de 1972 a 1975, no Norte de Goiás, atual Tocantins, sul do Pará e Maranhão, crimes de Lesa-Humanidade, feriram também as Convenções de Genebra e os Pactos e Convenções de Paz e Guerra, informa, emocionado.
- A manifestação, hoje, será encerrada no Monumento aos Desaparecidos, em frente ao tradicional Bosque dos Buritis, um dos cartões postais de Goiânia, a capital das flores.
Goiás. Mais: pós-graduado em Políticas Públicas, pela mesma instituição de ensino superior, a UFG. Em tempo: com curso de Gestão da Qualidade, pela Fieg, Sebrae-GO e CNI. Além de jornalista pela Faculdade Alves de Faria, a Alfa. O repórter especial do jornal Diário da Manhã e colaborador do www.brasil247.com é também mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica, a PUC de Goiás. É autor de 15 livros-reportagem, premiado por obras investigativas e reportagens de direitos humanos.
O que foi a ditadura civil e militar de 1964 no Brasil
Em primeiro de abril do ano de 1964 fardados e civis derrubaram o presidente da República, João Belchior Marques Goulart e implantaram uma ditadura. Jango era um nacional-estatista. Em sua versão trabalhista. À sombra da guerra fria. A estratégia era desagregar o bloco-histórico populista e levar os interesses multinacionais e associados à direção do Estado Nacional.
- As tropas de Olímpio Mourão Filho desceram a serra sem um só tiro ou protesto e chegaram no dia 2.
Jango teria voado com o general Assis Brasil, suposto responsável por eventual dispositivo militar, que nunca foi acionado, à Fazenda Rancho Grande, em São Borja, Rio Grande do Sul. Maria Thereza e os filhos foram para o Uruguai. O deposto sai de São Borja em 4 de abril. É o que conta Jair Krischke [RS], presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos [RS].
– Em seu próprio avião e aterrissa em Durazno.
O primeiro general-presidente a entrar em cena em Brasília [DF] foi Humberto Castello Branco. Data: 9 de junho de 1964. Com o voto de Juscelino Kubistcheck, ex-presidente da República e senador. Ele queria um ato institucional que durasse apenas três meses. “Assinou três”. Mais: sugeriu que as cassações se limitassem a uma ou duas dezenas. Mais: cassou quinhentos.
- Registro: demitiu duas mil pessoas.
O seu governo durou nada mais, nada menos do que 32 meses, 23 dos quais sob a vigência de 37 atos complementares. O marechal Humberto Castello Branco teria sido o cérebro do golpe de Estado civil e militar no ano trágico de 1964, no Brasil. Ele era o líder da rotulada ‘Sorbonne militar’, de farda, composta, por exemplo, de Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva.
- A sua morte, em acidente aéreo suspeito, ocorre em 1967.
Para o brasilianista Thomas Skidmore, o movimento civil e militar do ano de 1964 ocorreu com dez anos de atraso e nunca atingiu o seu objetivo estratégico: desmantelar a estrutura estatal e sindical corporativista montada por Getúlio Vargas, que se suicidou em 24 de agosto do ano de 1954, após grave crise política e institucional. Com o golpista Carlos Lacerda do outro lado.
- Às 8h30, no Palácio do Catete.
“O golpe ia ser dado em 1954, mas falhou por causa do suicídio de Getúlio Vargas”, aponta o autor. Registro: um celebrado pesquisador do período republicano, morto em 11 de junho de 2016. Não foi uma quartelada, mas uma ação de classe traçada tática e estrategicamente pelas elites orgânicas do capital transnacional, analisa o cientista político René Armand Dreiffus.
– Ipes, Ibad e ESG consideravam o Estado como instrumento de um novo arranjo político e de um ‘novo modelo de acumulação’.
História: as articulações contra João Belchior Marques Goulart começaram antes de sua posse, em agosto de 1961. Pós-renúncia da etílica vassoura Jânio da Silva Quadros. Populista. Em tempo: se intensificaram a partir do plebiscito que decretou a volta do presidencialismo, realizado em 6 de janeiro de 1963, e tomaram as ruas após o anúncio das reformas de base.
- Em 13 de março do turbulento 1964.
Sucessor de Humberto Castello Branco, o general da linha dura do Exército Brasileiro [EB] Arthur da Costa e Silva decreta o Ato Institucional nº 5, o AI – 5,em 13 de dezembro de 1968. Em tempo. Vice, o civil Pedro Aleixo foi impedido de assumir o Palácio do Planalto. Depois de um breve exercício da Junta Militar, Emílio Garrastazu Médici chegou ao poder. Já em 1969.
Em 1977, o Alemão, Ernesto Geisel, irmão do general linha dura Orlando Geisel, que havia executado a partir de 1974 a distensão lenta, gradual e segura, baixa o Pacote de Abril. João Baptista de Oliveira Figueiredo é abençoado pela caserna no ano seguinte, de 1978, e o Congresso Nacional aprova a Lei da Anistia, em 26 de agosto do ano de 1979. Uma autoanistia.
- Nada de Anistia ampla, geral e irrestrita.
Os exilados retornaram ao Brasil e os presos políticos deixam os cárceres. A ditadura acabou em 15 de março de 1985. Mas o historiador Daniel Aarão Reis diz que a ditadura acaba, de fato, em 1979. Para ele, de 1979 a 1988 há, no Brasil, um período de transição. De um Estado de Direito Autoritário a um Democrático. O escritor Carlos Fico discorda dessa versão.
A democracia no Brasil, depois dos anos de ditadura civil e militar, só se consolida e se institucionaliza, com a remoção do legado constitucional autoritário e a promulgação da Constituição de 5 de outubro de 1988, sob a Nova República, abençoada pelo senhor Diretas Já Ulysses Guimarães, morto em um acidente aéreo ocorrido no ano turbulento de 1992.
- A ameaça, em 2018, é Jair Bolsonaro
DICAS DE LEITURA
Brasil Nunca Mais – Org. Dom Paulo Evaristo Arns e reverendo Jaime Wright
A ditadura que mudou o Brasil – Daniel Aarão Reis Filho
Ditadura e democracia no Brasil – Daniel Aarão Reis Filho
Luta armada/ALN-Molipo–As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz – Renato Dias
História – Para Além do Jornal – Um Repórter exuma os esqueletos da ditadura civil e militar – Renato Dias
À sombra das ditaduras [Brasil e América Latina] – Janaína Cordeiro e outros
1964 Golpe depõe João Goulart
1969 Canceladas eleições no País
1968 Ato Institucional número 5
1974 Distensão, lenta e gradual
1977 Pacote de Abril
1978 Greve dos metalúrgicos
1979 Lei da Anistia no Brasil
1980 Atentado à OAB
1981 Atentado no Riocentro
1984 Diretas Já é derrotada
1985 Surge a Nova República
1988 Carta Magna Cidadã