Pode parecer ficção científica, mas nossa sociedade é fruto da Ciência. O simples fato de sabermos das médias históricas é uma informação científica, definida pela Estatística, a partir da Matemática. E esses dados históricos indicam uma redução de morte na infância e aumento da expectativa de vida. As mortes infantis se relacionam claramente aos tratamentos e vacinas, desde o pré-natal até o fim da primeira infância. A longevidade da população igualmente se vincula aos tratamentos geriátricos, vacinas e melhora da qualidade de vida, além da incremento nutricional dos alimentos pelo melhoramento, maior produção e logística de distribuição.
Esse conjunto de fatores está amalgamado com as conquistas científicas e define, por exemplo, a exploração do meio ambiente, os hábitos de consumos e a base populacional do planeta. O melhoramento genético de grãos é responsável pelos recordes de produção a cada ano, que reflete em preço do produto e em toda a cadeia de processamento até chegar ao consumo final. Não somente o melhoramento genético, mas os métodos de plantio, a reposição de adubos e sais minerais nas terras, tornando-as mais produtivas, os métodos de colheita, armazenamento, distribuição, processamento, empacotamento e transporte, exposição, preparo, consumo e descarte.
A compreensão do ciclo de cada produto é essencial para sua sustentabilidade e a do planeta. A Ciência nos trouxe esse aprendizado. O produto precisa tanto de matéria prima como da previsão de descarte de material utilizado em seu ciclo. De rejeitos a embalagens, cascas e demais resíduos, estamos aprendendo a enxergar o ciclo dos produtos em sua extensão completa, sabendo que não jogamos nada fora, por não existir fora. Tudo está dentro. O descarte lançado pela janela do carro suja a rua, entope bueiros e causa alagamentos, parando o trânsito e causando prejuízos grandes.
O lixo lançado no terreno baldio é alimento para roedores e criadouro de mosquitos, com toda a gama de doenças a que estamos acostumados. Não há fora, porque estamos todos no mundo.
O modelo de sociedade em que vivemos, com praticamente o dobro da população que se especulou ser possível há poucos séculos, é fruto da Ciência e somos todos dependentes desse método. O modelo de sustentação dessa sociedade é a inovação, de modo que a estagnação científica significa um erro, similar a decidir parar no meio de uma corrida.
O desenvolvimento econômico e social depende essencialmente dessa moeda da Ciência, base para o alcance da qualidade de vida e bem-estar social. Negar a Ciência, seus métodos e invenções, oblitera a compreensão da contemporaneidade e lança a sociedade em um retrocesso histórico, capaz de reduzir a população, reduzir a expectativa de vida e tornar a vida mais um fardo que uma bênção. E isso, definitivamente, não é ficção.
Prof. Dr. Cleomar Rocha - articulista e professor da UFG