O deputado federal Delegado Waldir (GO) segue como líder do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, informou nesta quinta-feira a Secretaria-Geral da Mesa (SGM) da Casa, após um grupo de parlamentares da legenda tentar destituí-lo do posto.
De acordo com o órgão, as assinaturas apresentadas pelo grupo dissidente, próximo a Bolsonaro, na tentativa de colocar como líder da sigla o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente da República, não alcançaram o número suficiente para tirar Waldir do posto.
A primeira das listas, apresentada pelo grupo de Eduardo e do líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (GO), continha 27 nomes, número mínimo exigido para se destituir o líder, mas apenas 26 das assinaturas conferiam, informou a Secretaria-Geral.
A segunda lista, apresentada por Waldir e aliados, trouxe 31 nomes, e 29 deles conferiam com as assinaturas que constam na SGM. Mais cedo, em coletiva, Waldir afirmou ter conseguido 32 assinaturas.
Houve ainda uma terceira lista, apresentada novamente pelos aliados de Eduardo Bolsonaro, com 27 assinaturas, das quais 24 conferiam.
Pelas regras, a liderança pode ser alterada se for angariado apoio equivalente ao primeiro número inteiro depois da metade dos membros da bancada. No caso do PSL, que tem 53 integrantes, são exigidas ao menos 27 assinaturas válidas para destituir o líder.
A disputa pela liderança do PSL na Câmara ocorre em meio a uma guerra aberta na legenda entre Jair Bolsonaro e o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE).
A crise teve início a partir de denúncias sobre irregularidades em campanhas do PSL, mas escalou na semana passada a um outro patamar quando Bolsonaro sugeriu a um simpatizante que esquecesse a sigla. Também afirmou ao presidente da legenda estava “queimado”.
Na quarta-feira, Waldir acusou Bolsonaro de chamar deputados no Planalto e de ligar para outros parlamentares tentando convencê-los das vantagens de ter Eduardo como líder.
"O presidente da República está ligando para cada parlamentar e cobrando o voto no filho do presidente", disse Waldir a jornalistas. "Ele age pessoalmente ao chamar vários parlamentares e ligar pessoalmente para vários deputados com essa pressão psicológica dessa questão de cargos e outras situações."
Nesta manhã, o presidente admitiu que conversou com parlamentares antes da manobra de parte da bancada do PSL para destituir Waldir e colocar Eduardo no cargo, mas não comentou o conteúdo das conversas e disse que ter sido grampeado seria uma "desonestidade"