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Alterações no depoimento de Ramos causa protestos da defesa de Moro

O general Luis Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo da Presidência, modificou dois trechos do próprio depoimento que concedeu à Polícia Federal (PF), nesta terça-feira (12), o que gerou protestos por parte da defesa do ex- ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

Segundo os advogados da defesa de Moro, pertencentes ao escritório de Rodrigo Sánches Rios, "a modificação posterior operada no corpo do texto configura uma alteração material e, por isso, se opós a que ela fosse feita no termo do depoimento. Mas as mudanças ficaram registradas no documento. O general Ramos foi ouvido no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), para apurar as denúncias de Moro sobre a suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no comando da PF.

O depoimento foi acompanhado pelos delegados Luciana Matutino Caires e Leandro Alves Ribeiro, ambos do Serviço de Inquéritos da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Sinq) da PF de Brasília e pelo procurador da República Antônio Morimoto Junior, designado para o caso pela Procuradoria Geral da República (PGR).

Trechos alterados pelo ministro

Em dois trechos alterados pelo ministro, o primeiro quando indagado pelos investigadores, respondeu sem dúvida que "não foi mencionado pelo presidente [Bolsonaro] que se não pudesse trocar o diretor-geral da Polícia Federal ou o superintendente da Polícia Federal no estado do Rio de Janeiro ele trocaria o próprio ministro". Sustentou ainda que "na presença do depoente [Ramos] isso não foi dito na reunião do dia 22 de abril ou em qualquer outro momento", em referência a reunião ministerial, presidida por Bolsonaro, no Palácio do Planalto.

Na primeira declaração de Ramos ele contradiz o próprio Bolsonaro. Ele declarou publicamente, em 22 de agosto de 2019, o exato contrário do que afirmou o ministro da Secretaria do Governo. Em frente do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse aos jornalistas: "agora há uma onda terrível sobre superintendência. Onze foram trocados e ninguém falou nada. Sugiro o cara de um Estado para ir para lá, 'está interferindo'. Espera aí. Se eu não posso trocar o superintendente, eu vou trocar o diretor-geral. Aí é... não se discute isso aí". Bolsonaro havia falado anteriormente e publicamente sobre a necessidade de troca na superintendência da PF do Rio de Janeiro, o que acabou acontecendo semanas depois, com a saída do delegado Ricardo Saadi.

Como é de costume, ao final do testemunho em procedimentos do gênero, Ramos pôde ler todo o termo antes de assiná- lo. Nesse momento ele manifestou seu desejo de fazer "duas retificações". Os dois trechos anteriores deixaram de ser assertivos, acabando dessa forma: "que não se recorda se foi mencionado pelo presidente [Bolsonaro] que se não pudesse trocar o diretor-geral da Polícia Federal ou o superintendente da Polícia Federal do Estado do Rio de Janeiro, ele trocava o próprio ministro". No segundo trecho ficou assim: " que [Ramos] não se lembra se na presença do depoente isso foi dito na reunião do dia 22 de abril ou em qualquer outro momento".

Os advogados que representam Moro na tomada do depoimento, Guilherme Siqueira e Luis Gustavo Pyjol, protestaram contra "a modificação posterior operada no corpo do texto", que configuraria "uma alteração material".

*Com informações do Uol

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