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Submarino construído na Alemanha sumiu com 53 a bordo e o oxigênio pode acabar amanhã

A Marinha da Indonésia está em uma luta contra o tempo, continua as buscas nesta quinta-feira (22), para tentar encontrar o submarino KRI Nanggala-402, que desapareceu com 53 pessoas a bordo.

"As reservas de oxigênio do submarino durante uma queda de energia são de 72 horas", informou à imprensa o comandante do Estado-Maior da Marinha indonésia, Yudo Margono.

O KRI Nanggala-402 perdeu contato com a Marinha do país enquanto realizava manobras de treinamento nas águas ao norte da ilha de Bali, após receber autorização para submergir.

Submarino desaparece na Indonésia Foto/Reprodução - Portal G1

Como o navio solicitou a autorização por volta das 3h de quarta no horário local (às 16h de terça em Brasília), as reservas de oxigênio podem se esgotar às 3h de sábado (16h de sexta no Brasil).

"Espero que os encontremos antes", afirmou o comandante do Estado-Maior da Marinha do país.

A Indonésia é o maior arquipélago do mundo, formado por mais de 17 mil ilhas. Bali é uma ilha e província do país, entre as ilhas de Java (a oeste) e Lombok (a leste).

O submarino KRI Nanggala-402 pesa 1.395 toneladas e foi construído na Alemanha em 1977. Ele foi incorporado à frota indonésia em 1981 e passou por uma reforma de dois anos na Coreia do Sul que foi concluída em 2012.

Vazamento de óleo no local do sumiço

Ontem, equipes de resgate encontraram um vazamento de óleo perto do local onde o submarino perdeu contato. É nessa área que as buscas se concentram.

A mancha de óleo pode sinalizar danos ao tanque do submarino, mas também pode ser uma forma de enviar uma mensagem de socorro, segundo o porta-voz da Marinha indonésia, Julius Widjojono.

Foto aérea mostra manchas de óleo no local onde o submarino emitiu seu último sinal antes de desaparecer. Operação de busca se concentra no local. Foto/Reprdoução - Eric Ireng/AP

Vários países ofereceram ajuda, incluindo Estados Unidos, Austrália, Índia, França e Alemanha. Os vizinhos Malásia e Singapura já enviaram barcos de apoio.

O ministro da Defesa australiano, Peter Dutton, alertou que as informações disponíveis aumentam "o medo de uma terrível tragédia".

O comandante das Forças Armadas do país, Hadi Tjahjanto, afirmou que o submarino poderia estar a 700 metros de profundidade.

Um porta-voz da Marinha sugeriu a hipótese de um acidente. "É possível que tenha ocorrido uma queda de energia, o que deixou o submarino fora de controle e impediu o lançamento de medidas emergenciais".

O comandante das Forças Armadas da Indonésia, Hadi Tjahjanto (à esquerda), e o ministro da Defesa do país, Prabowo Subianto (à direita) durante entrevista coletiva nesta quinta (22) sobre o desaparecimento do submarino KRI Nanggala-402 Foto/Reprodução - Firdia Lisnawati/AP

Analistas militares alertam para o risco de o submarino ter se partido caso tenha afundado a essa profundidade, pois a embarcação é capaz de descer a até 250 metros.

Antoine Beausssant, vice-almirante francês, afirmou à agência de notícias France Presse que os submarinos têm "um coeficiente de segurança". "Se ele afundou a 700 metros, há uma boa chance de que tenha se partido".

Frank Owen, diretor do Australian Submarine Institute, mostrou-se pessimista sobre as chances de resgate. "Se o submarino estiver no fundo do mar e a profundidade for grande, poucos são os meios de tirar a tripulação de lá", explicou o especialista à imprensa australiana.

Como os submarinos podem ser achados?

Existem algumas formas de o capitão ou a tripulação tornarem sua localização conhecida em caso de dificuldades.

Esses métodos incluem enviar chamadas com sinalização para bases navais ou navios aliados ou soltar um dispositivo que flutua até a superfície, mas continua ligado ao submarino.

Como a tripulação é treinada para isso?

Um dos treinos mais importantes para tripulantes presos debaixo d'água é diminuir a respiração para conservar o oxigênio.

Robert Farley, da Universidade do Kentucky (EUA) Farley diz, que porém, que isso é algo muito difícil de treinar as pessoas a fazerem.

"Eu imagino que eles seriam aconselhados a reduzir as atividades e a falarem menos para poupar oxigênio."

As condições, provavelmente de frio e umidade, podem ter um impacto ruim no ânimo da tripulação, mas o pessoal a bordo costuma ser bem treinado e disciplinado.

Foto de arquivo do submarino da Marinha da Indonésia que desapareceu na quarta-feira (21) em Bali Foto/Reprdoução - Handout/INDONESIA MILITARY/AFP

Quais são os maiores riscos?

Com a possível escassez de oxigênio e o aumento de gás carbônico, a asfixia é o risco número um.

O oxigênio pode ser fornecido por cilindros ou por geradores, que promovem um processo chamado eletrólise, que separa da água as moléculas de oxigênio e hidrogênio. No entanto, a falta de energia impediria esse processo.

Existem outros perigos que também podem surgir. O professor Farley aponta que, se um compartimento dentro de um submarino parado debaixo d'água é inundado, isso pode levar a incêndios, por exemplo, já que o ar vai ficando comprimido.

Eles provavelmente estabelecerão uma rotina para ficarem o mais confortável possível enquanto diminuem seus movimentos e dão suporte uns aos outros, aguardando o resgate.

Incidentes com submarinos

A Indonésia nunca havia registrado incidentes graves com seus submersíveis, mas outros países, sim.

Uma das tragédias mais conhecidas ocorreu em 2000, quando o submarino nuclear russo "Kursk" afundou enquanto fazia manobras no Mar de Barents com 118 tripulantes a bordo.

Um dos torpedos explodiu, destruindo todo o depósito de munição. Mais de 20 marinheiros sobreviveram à explosão, mas morreram porque não foram resgatados a tempo.

Em 2017, o submarino argentino San Juan desapareceu a cerca de 400 km da costa com 44 marinheiros a bordo. Ele só foi encontrado um ano depois, e todos os tripulantes morreram.

Em 2019, os restos do submarino francês Minerva, que naufragou em 1968 com 52 homens a bordo, foram encontrados no Mediterrâneo.

Ele fazia manobras a 30 km da costa de Toulon, no sudeste da França, e afundou em quatro minutos. O submergível se rompeu no fundo do mar por motivos até agora desconhecidos.

*Com informações do Portal G1.

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