Por causa da pressão psicológica, a superestrela da ginástica, Simone Biles de 24 anos, confirmou que não participará da final individual geral, nessa quinta-feira (29), dos Jogos Olímpicos de Tóquio. A informação foi anunciada pela Federação de Ginástica dos Estados Unidos (USA Gymnastics, na sigla em inglês).
Biles afirmou que tomou a decisão sozinha para não prejudicar suas colegas de time e confirmou que a pressão sobre sua performance está afetando sua saúde mental. Casos como a da atleta quase nunca são comentados, mas se tratando de uma estrela, a questão veio a tona. Será que a saúde mental é menos importante do que um show de eventos ou uma medalha?
"Não foi um dia fácil ou o meu melhor, mas consegui superá-lo. Eu realmente sinto que às vezes tenho o peso do mundo sobre meus ombros. Eu sei que eu ignoro e faço parecer que a pressão não me afeta, mas às vezes é difícil, hahaha! As Olimpíadas não são brincadeira! Mas estou feliz que minha família foi capaz de estar comigo virtualmente, eles significam o mundo para mim!" “Não confio tanto em mim como antes. E não sei se é a idade – fico um pouco mais nervosa quando faço ginástica. Sinto que também não estou me divertindo tanto".“Assim que eu piso no tablado, sou só eu e a minha cabeça, lidando com demônios. Tenho que fazer o que é certo para mim e me concentrar na minha saúde mental e não prejudicar minha saúde e meu bem-estar. Há vida além da ginástica”, relatou a ginasta em suas redes sociais.
Para o psicólogo, Rodrigo Marquez, mestre em Ciências do Comportamento pela UnB, a pressão na vida de um atleta pode ser considerado uma constante, já que eles precisam lidar com seus próprios desafios, além de desafiar o próximo e fazer parte de um marco histórico e mundialmente conhecido, como as olimpíadas.
"Além do desgaste físico, é preciso lidar com as próprias expectativas, com as expectativas de milhões de pessoas, com o distanciamento da família, com treinamentos intensos, com as regras estabelecidas pela equipe técnica, com frustrações e até abuso moral. O nível de exigência é enorme e se essas rotinas não forem trabalhadas de forma adequada, podem acabar gerando consequências ruins para saúde do atleta".
A instabilidade emocional nesses momentos pode estar relacionada também com o stress causado pela competição. Por isso, ele ressalta a importância de avaliar a intensidade, a duração e como o problema tem afetado a vida daquela pessoa. Além de tudo, o psicólogo dá sugestões de como agir ao perceber que uma pessoa está psicologicamente sobe pressão.
"O ideal é criarmos intervenções na rotina do atleta para que ele se mantenha saudável antes, durante e após as competições. Quando percebemos que uma pessoa não está bem psicologicamente é porque o problema já está escalando, neste momento podemos acolher o indivíduo sem julgamentos, ajudá-lo a examinar seus pensamentos e sua rotina, reconecta-lo ao presente e buscar suporte de um psicólogo ou psiquiatra", ressaltou.
No comunicado, a agência frisa que a ginasta tem todo o apoio, e que o ato dela é um ato de bravura: "Aplaudimos sua bravura em priorizar seu bem-estar. Sua coragem mostra, mais uma vez, por que ela é um modelo para tantos”, concluiu o comunicado.