O anúncio de zerar a fome e a miséria até 2030, ocorrido em reunião de cúpula das Nações Unidas, representa um desafio inédito em que poucos acreditam. De certa forma, lembra o programa megalomaníaco Fome Zero proposto por Lula no Brasil. Hoje o mundo abriga 118 milhões de famintos. A ONU destaca que os sistemas alimentares são essenciais para apoiar três bilhões de pessoas desnutridas, além de proteger a base de recursos da qual dependem meios de subsistência em escala global. O agro não é apenas separar a terra e plantar. E, atualmente, com essa adversidade climática torna-se mais complexa as previsões. A tecnologia satisfaz. Mas, não depende apenas de seu uso.
Na reunião, a FAO anunciou que serão precisos entre US$ 40 e US$ 50 bilhões em investimentos anuais em intervenções para acabar com a fome até 2030. A agência quer promover iniciativas de baixo custo e alto impacto “que podem ajudar centenas de milhões de pessoas a deixar de passar fome.” Entre os participantes no movimento em favor da cúpula estiveram 100 milhões de agricultores, 100 mil jovens que sugeriram milhares de idéias para a criação do círculo verde sobre produção alimentar sustentável. É claro, alguma ação precisa ser desenvolvida, concordam todos.
Papa Francisco
Até o Papa Francisco mexeu no palheiro. Ao enfatizar que a tragédia da Covid-19 não só "nos revelou as profundas desigualdades que infectam nossas sociedades: ela também as amplificou". E recordou "o grande aumento do desemprego, pobreza, desigualdade, fome" e a exclusão de muitos dos cuidados de saúde necessários. “Não esqueçamos que alguns poucos aproveitaram a pandemia para se enriquecerem e se fecharem na própria realidade. Todo esse sofrimento recai desproporcionalmente sobre nossos irmãos e irmãs mais pobres”, complementou.
A produção mundial de alimentos precisa aumentar 20% em 10 anos para que não falte comida para a população global. "Para que esse crescimento seja de 20%, o Brasil tem que crescer 41%. É um desafio formidável para a nossa nação", afirmou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, na conferência Entendendo a Amazônia. Para ele, o mundo confia no País por três razões: terras disponíveis, gente capaz e tecnologia tropical sustentável que tem avançado, principalmente, a partir da década de 1990.
“A pecuária brasileira passa por profundas transformações, investindo de forma constante na melhoria de processos, na adoção de novas tecnologias e no fomento de uma produção que alie cada vez mais segurança, bem-estar animal, sanidade, maior eficiência no uso de recursos e a preservação ambiental. Todos esses elementos reunidos resultam em uma carne de altíssima qualidade, que atende aos mercados consumidores mais exigentes. Não à toa, em 2020 batemos o recorde de exportações, com mais de US$ 8 bilhões em receita”. Resume Antônio Jorge Camardelli, presidente da ABIEC.
Na parte brasileira, não há o que discutir. Já demonstrou sua capacidade. Mas, ter um mundo sem fome e sem miséria é mais complexo. Na opinião geral, uma iniciativa assim exige educação, preparo de mão de obra, investimentos, apoio empresarial, para gerar renda e naturalmente o emprego. Por consequência, renda significa alimento na mesa.