Dia 02 de Novembro é comemorado o dia dos finados, e sabemos que essa data trás vários sentimentos para aqueles que perderam seus entes queridos. No ano de 2020 vivenciamos um momento de muita dor, pois, muitas famílias perderam quem amavam por causa do Covid-19, e hoje o que fica são as lembranças e todo carinho por cada pessoa que se foi.
O luto não é fácil de ser enfrentado, mas precisamos ter forças para conseguir prosseguir com as nossas vidas. É por isso conversamos com alguns profissionais que estão realizando a pós graduação em Suicídio e Luto.
A coordenadora da pós graduação em Suicídio e Luto Drª Joice Lima do Instituto Suassuna, em Goiânia, conta que, a demanda há cada dia está maior e que faz toda diferença ter um profissional preparado para poder abordar esses assuntos.
“À demanda a cada dia está maior e faz toda a diferença ser acompanhado por um profissional preparado para abordar essa temática. A morte sempre foi um assunto que a maioria das pessoas têm dificuldade para abordar.”Drª Joice Lima
Ela Completa dizendo, que o luto é um processo cheio de altos e baixos.
“O luto é um processo cheio de altos e baixos e para o qual não se pode estabelecer um tempo de duração. É variável para cada pessoa. Entrar em contato com a dor da perda, com a falta do outro, com as consequências que essa partida trará faz parte do processo de luto e é necessário para que esse luto seja bem resolvido e o outro passe a ocupar um novo lugar em nossas vidas. Quando não há espaço para vivenciar esse luto de forma adequada, podemos ter um luto complicado e que poderá levar ao adoecimento físico e psíquico do enlutado. Por isso é tão importante contar com o apoio de profissionais capacitados, sejam eles psicólogos ou psiquiatras.”
Drº Joice Lima
A Drª Joice Lima diz que nesse momento uma avaliação profissional tem que ser bastante cuidadosa, é que alguns lutos são mais difíceis de se tratar.
“É comum nesse processo de luto que quem está próximo queira logo que o enlutado use algum medicamento, o que muitas vezes pode não ser necessário e ainda trazer uma sensação de estar anestesiado e não vivenciar o processo de luto adequadamente. Uma avaliação profissional cuidadosa saberá o momento certo de indicar tratamento medicamentoso, caso seja necessário. Alguns lutos são mais difíceis, como é o caso do luto por suicídio. E outros são comumente invalidados, como o luto de gestantes que perdem seus bebês ainda no início da gestação ou famílias que perdem seus idosos e escutamos dizer, “logo você terá outro bebê”, “Seu avô já estava bem velhinho”. Essas frases não ajudam o enlutado.”
“E precisamos aprender a lidar com perdas e com o luto e saber quando e onde encontrar ajuda é fundamental para a nossa saúde mental e física.” finaliza.
Conversamos com a Drª Célia Ferreira. Doutora em Psicologia, Psicoterapeuta em situações de perdas, luto e comportamento suicida.
E ela diz que o luto é uma experiência subjetiva é universal, mas que nem todas as pessoas enlutadas precisam de ajuda de um profissional.
“No meu modo de ver nem todas as pessoas enlutadas precisam de ajuda psicológica externa, é sim de um suporte de pessoas queridas, mas sabemos que nesse momento e também no inicio da pandemia, houve muita dificuldade de aproximação, dessa ajuda de amigos e familiares de poder estar perto dessa pessoa enlutada, embora seja uma experiência dolorosa, é um processo natural e nem sempre justifica intervir em todas situações de luto.”
Drª Célia Ferreira
Qual o momento em que as pessoas precisam de ajuda psicológica.
- As pessoas precisam buscar ajuda quando elas têm dificuldade de expressar a dor, quando tem sentimentos muto ambivalentes com relação a essa perda, quando tem dificuldade em aceitar uma nova realidade e em assumir também novos papeis na família.
- Quando essas questões ocorrem e as mudanças de comportamento á comprometimento no sono, apetite, na falta de apoio social, então nessas situações uma ajuda psicológica é importante, e é nesse momento que essas pessoas vão para a terapia, que chamamos de terapia do luto, que é um momento em que as pessoas tentam reconstruir significados a situação em que elas vivem.
O que é trabalhado nas sessões psicológica.
- Abrimos o espaço de escuta aonde a gente legitima a dor da pessoa e acolhe nos sofrimentos, e é o espaço que ela tem liberdade pra falar, chorar e para tentar encontrar um sentido para novas situação que ela se encontra.
- Muitas vezes as pessoas tem dificuldade de expressar seus sentimentos por que a sociedade exige muito “exige que a pessoa fique bem logo, que ela supere a dor, que ela vive esse luto de uma forma mais rápido”, mas as coisas não acontecem dessa forma e que cada um e cada um e que cada dor e cada momento de perda ele e vivido de forma individual. Finaliza a Drª Célia Ferreira.
Conversamos com o Dr. Vinícius Martins da Cunha. Médico Psiquiatra, pós graduando em “Luto e Suicídio”.
Ele conta que o luto é um processo de longo prazo e não linear.
“Sabe-se que o luto é um processo de longo prazo e não linear, podendo haver momentos, como datas marcantes, que podem impactar naqueles que parecem estar vivendo uma fase melhor em relação a uma perda. É preciso validar que em alguns dias a pessoa estará bem e em outros irá preferir ficar quieta em seu canto. Não há um padrão de reação que seja igual para todos.”
Dr. Vinícius Martins da Cunha
Completa dizendo que em alguns casos o enlutado não consegue seguir em frente, e que isso pode intervir em sua vida e prejudicar suas atividades do dia a dia.
“Em alguns casos o enlutado pode não conseguir avançar, “seguir em frente” e cumprir as tarefas do luto. Nestas situações, há uma interferência negativa direta na sua vida, causando disfunções, prejudicando suas atividades, seus relacionamentos, com surgimento de sinais e sintomas intensos, como tristeza profunda e duradoura, isolamento social prolongado, ideações suicidas, ansiedade intensa, insônia constante, etc. Então, é importante que esse enlutado receba ajuda de profissional habilitado em terapia de luto, seja ele psicólogo e/ou psiquiatra.”
Dr. Vinícius Martins da Cunha
O Dr. Vinícius conta que é muito importante estudar sobre esse tema, e é uma forma de poder ajudar as pessoas a passarem por esse processo tão doloroso.
“Estudar sobre esse tema nos traz a oportunidade de conhecer mais profundamente esse tema. Para que nos atendimentos possamos ajudá-las a atravessar esse processo difícil e doloroso.”
Dr. Vinícius Martins da Cunha
Ele finaliza dizendo que a terapia do luto possibilita ao enlutado um certo alivio.
“A terapia do luto possibilita ao enlutado o alívio dos sintomas, a recuperação da autoestima, a adaptação a nova situação e a psicoeducação em relação a possível doença psiquiátrica associada.”
Dr. Vinícius Martins da Cunha
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