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TJGO libera, mas STJ arquiva investigações contra padre Robson

Um novo capítulo nas investigações envolvendo Padre Robson foi aberto. Um não, dois. Se na segunda-feira (13), o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) permitiu o Ministério Público estadual compartilhar com outros órgãos de investigação com provas dos supostos crimes praticados pelo padre Robson de Oliveira, na tarde de ontem, o cenário mudou. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve o bloqueio da investigação criminal contra o religioso.

Na segunda-feira, o desembargador Jairo Ferreira Júnior foi o primeiro a votar na corte especial do TJ-GO. Seu voto foi seguido pelos demais magistrados e ficou decidido que provas como, documentos, gravações, mensagens de texto e escutas de telefone poderiam ser compartilhadas com outros órgãos, inclusive, com a Polícia Federal. O MP ficou autorizado ainda a retomar a investigação contra Padre Robson Oliveira, sob o crime de improbidade administrativa.

Porém, no final da tarde de ontem, mais uma reviravolta: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve o bloqueio da investigação criminal do caso. A decisão, também por unanimidade, foi em julgamento da sexta turma do STJ e cabe recurso.

As decisões antagônicas foram possíveis porque existem dois processos contra o religioso: um na esfera criminal, que continua bloqueado, e outro na cível, em que as investigações foram autorizadas.

A defesa do padre, que é encabeçada pelos advogados Cléber Lopes e Pedro Paulo, comemorou a decisão do STJ. Para eles, o MP pode continuar com o inquérito civil público para a ação de improbidade administrativa. Mas, na visão dele, a ação pressupõe a existência de agente público ou privado que receba dinheiro público, o que, de acordo com eles, não aconteceu.

A operação
Deflagrada ano passado, na Operação Vendilhões, o MP-GO denunciou 18 pessoas por organização criminosa suspeita de desviar recurso da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) e seus associados. O ex-presidente da associação e ex-reitor da Basílica de Trindade, Padre Robson de Oliveira, é descrito como o comandante da organização.

A operação cumpriu mandados de busca e apreensão para apuração de desvios de R$ 120 milhões das doações dos fiéis para a Afipe. O dinheiro deveria ser destinado à construção da Basílica de Trindade e a projetos sociais.

As investigações foram trancadas em outubro por decisão do Tribunal de Justiça de Goiás. No entanto, nova decisão, desta vez do presidente do TJ-GO, Walter Carlos Lemes, do dia 4 de dezembro, permitiu a retomada das investigações.

Pedido de prisão
Padre Robson, juntamente com mais cinco pessoas, são alvos ainda de um pedido de prisão da Polícia Federal feito semana passada.

O pedido de prisão, que segue tramitando na Justiça, vem de uma investigação em que o religioso teria supostamente dado propina para magistrados do TJ-GO em troca de uma decisão favorável à Afipe em 2019, enquanto ainda presidia a instituição.

“Igreja de Goiânia é maior que a Afipe”, diz novo bispo

Em meio à crise gerada pela operação, a Igreja Católica procura se reestabelecer. Quem assumiu a presidência da Afipe foi o padre João Paulo Santos de Souza, de 38 anos, recém-chegado do exterior. E, ano que vem chega à Capital o novo arcebispo de Goiânia Dom João Justino, com a missão recuperar a confiança dos fiéis.

Em entrevista à TV Anhanguera, Dom João Justino conta que o plano é chegar em Goiânia, se inteirar sobre os documentos e qual a relação da diocese com a Afipe, para saber quais medidas tomar em relação ao caso do Padre Robson. “A igreja é muito maior do que a Afipe”, disse o religioso.

Com a notícia de seu nome para assumir a arquidiocese de Goiânia, dom João Justino logo foi considerado um nome progressista, em relação à Dom Washington que assumia uma linha mais conservadora. Porém, ele afirmou não concordar muito com o que chamou desta “tendência simplificadora de carismas”. “Na convivência, vocês vão me conhecer e vão ver que não vou me encaixar no perfil conservador e nem no progressista”, revelou.

A convivência, aliás, ele disse que pretende ser próxima. “Vocês podem esperar alguém que tem a missão de evangelizar. Quero ser um bispo que vai exercitar a visitação e o encontro com as comunidades”, adiantou.

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