Neste dia 4 de janeiro é comemorado o Dia Mundial do Braille. A data foi escolhida em homenagem ao nascimento do francês Louis Braille, criador do sistema de escrita e leitura tátil para pessoas com deficiência visual.
Segundo o Diretor de Planejamento da Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás (ADVEG) e Coordenador da Biblioteca Estadual José Álvares de Azevedo, Adelson Alves, o Braille ainda tem sua importância para uma parcela significativa de pessoas com deficiência visual, mas essa importância já está bastante relativizada devido as possibilidades de acesso à informação de maneira instantânea.
“Jamais nós como pessoas ou entidades, descartamos o Braille como instrumento de informação, entretanto, destacamos que para o acesso à informação instantânea, não é mais o Braille o instrumento adequado. Hoje se produz material em geral em Braille de duas formas: A primeira é de modo individualizado, quando o próprio interessado em ler, procura ou a biblioteca ou os serviços de atenção especializada a esse público e recebe o seu impresso individualizado. A outra é feita em nível nacional, seja pela Fundação Dorina Nowill para cegos, seja pelo Instituto Benjamin Constant ou pelo sistema dos Centros de Apoio Pedagógicos (Caps) que existem em todos os estados brasileiros e produzem esse material de forma compartilhada”, afirma Adelson.
Conforme o coordenador, o sistema Braille funcionou até o final dos anos 1990 e depois, por uma série de fatores, entrou em declínio. “nesse período foi possível atender razoavelmente as demandas de impressos em Braille. Então apesar de o Braille já não ser mais o primeiro dentre os instrumentos de que nos valemos para ter acesso à informação e formação geral, nós valorizamos e procuramos preservá-lo porque é vital que as crianças e adolescentes cegas que estejam cursando pelo menos até o final do ensino fundamental, leiam e escrevam em Braille. Assim como é muito importante para uma criança ver e desenhar as letras é muito importante para a pessoa que não enxerga ter esse contato com a letra feita em Braille para que ela consiga estabelecer esse contato com o conhecimento”, ressalta Adelson.
Para ele, a grande pauta do movimento de pessoas cegas hoje, é a garantia do cumprimento das normas de acessibilidade na web e nas plataformas de governo eletrônico em geral. “ Essa é a grande demanda que se tem hoje porque nós temos milhares de profissionais cegos no mercado e a barreira que essas pessoas enfrentam agora é simples e tão somente o descumprimento das normas de acessibilidade na web e nas ferramentas de gestão, principalmente de governo eletrônico. O Braille foi o precursor dessas oportunidades, a computação veio coroar esses esforços de mais de um século. E agora a própria tecnologia pode ser uma barreira. Assim como as calçadas precisam ser pensadas para todo tipo de pedestres que nelas circulam, as redes sociais, as ferramentas de gestão e de governo eletrônico precisam ser pensadas, desenhadas e concebidas para todas as pessoas que nelas circulam. Feito isso, as nossas limitações se reduzirão. Não feito isso, a tecnologia será uma barreira mais intransponível do que a ausência da literatura impressa em Braille que ocorria no passado”, finaliza Adelson.
Leia também: