O Sistema Produtor Corumbá, obra iniciada em 2008, finalmente começa a operar a partir desta quarta-feira, 6. Trata-se de um dos maiores empreendimentos de saneamento do país, com aportes de R$ 440 milhões na primeira etapa.
A entrega será um alívio para a população e um alerta para quem ordena o direito administrativo: obras paradas e que se arrastam prejudicam a população, o erário e o interesse público.
Nos bastidores, a palavra que mais se fala para definir a obra “finalmente finalizada” é “abandono”. Motivo: até 2018, último ano da gestão do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e José Eliton (PSB), portanto, dez anos depois do início da construção, segundo a atual gestão da Saneago, apenas 56% das obras haviam sido concluídas.
E as paralisações são fáceis de entender: sem recursos, o empreendimento se arrastava, pesando nas costas da Saneago, que tinha a responsabilidade para ser executada. Até que, sem recursos, a empresa paralisava ou reduzia drasticamente suas atividades.
O período foi marcado por paralisações decorrentes de falta de repasses pelo governo e ainda por escândalos de corrupção na empresa.
A primeira paralisação ocorreu em 2011, devido ao encerramento de contrato em vigência. Passaram-se quatro anos quando foi realizada nova licitação.
Mas não bastava estar paralisada a obra. Ela teria que ser investigada. Nos dois anos seguintes, ocorreu investigação de corrupção. Trata-se de um dos episódios mais emblemáticos das narrativas sobre corrupção em Goiás.
O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás deflagrou a “Operação Decantação”, que investigou irregularidades nas licitações para a construção da Estação Elevatória de Água do Sistema Produtor Corumbá. Na época, o órgão apontou desvios de recursos destinados às obras que ultrapassariam R$ 7 milhões.
O governador Ronaldo Caiado diz que é prioridade retomar as obras abandonadas, como forma de impedir que o Estado tenha perdas, com a decadência das estruturas.
Segundo a Saneago, a atual gestão conseguiu concluir 44% das obras sob a responsabilidade do Governo de Goiás.
Conforme a empresa, nesta primeira etapa, 1,3 milhão de moradores de Goiás e Distrito Federal serão beneficiados com o fornecimento de água tratada, número que deve dobrar nos próximos anos. Moradores do Entorno do Distrito Federal – cidades como Luziânia, Valparaíso de Goiás, Cidade Ocidental e Novo Gama – serão atendidos com as etapas.