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12 de junho: uma data inusitada

O dia dos namorados está chegando e, nesta data, casais lotam restaurantes e vão às compras em busca do presente que mais combina com a pessoa amada. Há os que ostentam, presentando o parceiro com regalias que valem uma fortuna e nos levam à seguinte questão: vale à pena gastar tanto com a pessoa amada em uma data, ou o as demonstrações de afeto foram substituídas por caixas de presente?

Não é de hoje que a data é um grande símbolo capitalista, e não sejamos bobos, o Natal, o Dia das Mães e a Páscoa que o digam. O dia dos namorados veio ganhando força no varejo e, o que seria para ser uma data com demonstrações de afeto e carinho, virou uma grande propaganda não só de estabelecimentos comerciais, mas também dos próprios relacionamentos nas redes sociais. 

Foi-me sugerida uma pauta sobre “presentes inusitados no dia dos namorados”, até pensei em realmente trazer pessoas que têm histórias hilárias para contar sobre a data, mas há algo mais inusitado do que transformar uma data em “vitrine”? Não desmereço aqueles que são adeptos ao capitalismo e compram viagens, fazem um tour por alguma cidade turística ou até trocam presentes onerosos, tudo em nome do amor. Mas eu ainda me pergunto, tudo isso vale em nome desse amor?

Alguns devaneios da vida me fizeram perceber que muitos amores são líquidos, escorrem pelas mãos como areia, não criam consistência e casais que vivem estes relacionamentos usam a data como uma desculpa para demonstrar o suposto romance, ou aquilo que estão lutando para ter. Esse é verdadeiro presente inusitado: parecer ter, ou parecer ser.

Não há nada mais inusitado do que utilizar aplicativos de romance em busca de algo efêmero e que, convenhamos, as chances de dar certo são poucas, não falo somente por experiência própria, mas também por variados casos que conheço, parecem mais jogos de descarte de pessoas do que aplicativos de paquera. Ora, se for para comemorar a data, comemoremos com quem realmente amamos. 

A troco de quê vem essa necessidade de passar o 12 de junho e mais alguns meses com alguém somente para dizer: eu passei a data namorando. Dever cumprido? Não, no mínimo um dever inusitado. Mais vale investir no amor próprio do que buscar no outro aquilo que falta em si. Sair sozinho no dia dos namorados, para os bem resolvidos com a solitude parece uma boa, agora para os que não sabem lidar com a data solteiros, a dica seria aproveitar com os amigos, algo inusitado, que vai contra á regra do dia. Afinal, é só um dia, e não há nada de ruim em passar a data solteiro. 

Se você namora, invista no presente, mas invista ainda mais no romance, no sexo, nas renovações de votos com a pessoa amada. Ouse sugerir algo novo, uma viagem a dois, longe de comprovações no Instagram de que o namoro vai muito bem, obrigado. No amor não devemos nada a ninguém, e nada mais inusitado – ou esquisito, do que postar stories durante 24 horas com o parceiro, deixemos isso para os influenciadores, estes sim já cumprem com o “dever” de nos entreter com seus conteúdos o dia todo. Deixemos o sagrado para a gente, que a data seja de troca de afeto e não de curtidas, que a presença seja maior que o presente e que o romance não seja efêmero. Feliz dia dos namorados.

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