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Por meio da geografia, alunos de sete escolas goianas buscam soluções aos problemas comuns de seus territórios

Qual a relação do lixo com a saúde? Por que ocorrem as queimadas no Cerrado? Quais são as causas da violência urbana e escolar? O que é e por que ainda há intolerância religiosa? Essas são algumas questões que os estudantes participantes do projeto “Nós Propomos! Goiás”, refletiram. Mais que isso, investigaram e propuseram soluções para os problemas comuns ao seu território, como forma de exercer a cidadania. Ao todo, participaram da iniciativa mais de cem alunos, do 6º ao 9º ano, de sete escolas goianas, nos municípios de Goiânia, Inhumas, Nova Veneza, Anápolis e Senador Canedo.

O projeto é inspirado na metodologia criada no curso de geografia da Universidade de Lisboa, que prevê a identificação de um problema, o estudo de suas variáveis e o encaminhamento de uma solução. Em Inhumas, por exemplo, os estudantes conversaram com os responsáveis pela segurança pública (Batalhão da Polícia Militar e Delegacia de Polícia Civil) e representantes da Secretaria Municipal da Agricultura e do Meio Ambiente para discutir os problemas do município e elencaram o que consideraram prioridade em uma carta, que foi entregue à prefeitura.

Outra atividade que se destacou foi a realização de uma mesa redonda sobre intolerância religiosa e seus impactos na condição cidadã. Organizado pelos próprios alunos da Escola Municipal Jardim América, em Goiânia, sob a supervisão do professor Magno Emerson Barbosa, o evento contou com a participação de especialistas de diversas religiões e culminou na produção de vídeos sobre o tema.

“O projeto apresenta alto potencial de fortalecimento da aprendizagem escolar, pois parte da leitura do mundo, da observação do cotidiano, das problemáticas que afetam os jovens escolares para o estudo sistematizado dessas questões”, explica a doutora em geografia e pesquisadora Karla Annyelly Teixeira De Oliveira. De acordo com ela, o projeto está em andamento nas escolas Centro Educacional de Período Integral Gomes de Souza Ramos, em Anápolis, e Escola Municipal Jardim América, em Goiânia. No encerramento do ano, está prevista a realização de um seminário com as escolas participantes no semestre.

Anos finais
O impacto dessa iniciativa foi tema da pesquisa “Nós propomos! Goiás: construção do pensamento geográfico e atuação cidadã dos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental”, coordenada por Karla Annyelly. O estudo teve apoio do Itaú Social e Fundação Carlos Chagas, por meio do Edital de Pesquisa Anos Finais do Ensino Fundamental, que fomentou pesquisas para a construção de soluções e superação dos desafios no período escolar do 6º ao 9º ano, promovendo a interação entre a academia e a realidade escolar.

Os Anos Finais são considerados uma das etapas mais desafiadoras da Educação Básica. Seus estudantes, que se encontram na transição da infância para a adolescência, lidam com transformações físicas, emocionais e comportamentais. “Precisamos urgentemente priorizar as políticas públicas dos Anos Finais do Fundamental em busca de soluções práticas: sim, assim mesmo, no plural, já que são muitas adolescências”, explica a superintendente do Itaú Social, Angela Dannemann.

A defasagem idade-ano nos Anos Finais, ou seja, estudantes que repetiram dois anos ou mais, chegou a 22,7% (Inep 2020). O projeto realizado em Goiás teve como objetivo contribuir com para a melhoria da aprendizagem dos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental. “Temos como ponto de partida as problemáticas e demandas que os próprios estudantes têm em relação ao seu cotidiano e local de vivência. Isto é, a metodologia é desenvolvida a partir das motivações e do interesse dos alunos por conhecer mais sobre as problemáticas vividas. Assim, por meio da investigação dessas problemáticas, os conhecimentos geográfico, científico e cidadão são desenvolvidos”, explica a coordenadora da pesquisa.

Um dos principais desafios nessa etapa é lidar com o maior número de professores. De acordo com a pesquisa “Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, realizada pelo Datafolha, a pedido do Itaú Social, da Fundação Lemann e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em julho de 2022, cerca de metade dos estudantes (47%) do Ensino Fundamental tem alguma dificuldade em ter vários docentes. O aumento da complexidade dos exercícios matemáticos e dos textos mais longos para leitura também são mudanças vistas com alguma dificuldade para 73% e 56% dos alunos, respectivamente.

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