A forma de expressão mais antiga do mundo

Tudo indica que a prática de marcar o corpo é tão antiga quanto a própria humani­dade. Não se sabe ao certo quando a tatuagem começou, um dos regis­tros mais antigos foi detectado no famoso Homem do Gelo, múmia com cerca de 5.300 anos, descoberta em 1991, nos Alpes. As linhas azuis em seu corpo podem ser o mais an­tigo vestígio de tatuagem já encon­trado, ou, então, cicatrizes de algum tratamento medicinal adotado pe­los povos da Idade da Pedra.

A verdade é que a tatuagem se difundiu por todos os continentes, com diferentes finalidades: rituais religiosos, identificação de gru­pos sociais, marcação de prisio­neiros e escravos, ornamentação e até mesmo camuflagem. Com a invenção da máquina elétrica de tatuar, em 1891, o hábito se es­palhou ainda mais pela Europa e pelos Estados Unidos. No final do século XX, a pele desenhada, até então uma característica quase exclusiva de marinheiros e presi­diários, tornou-se uma das mais duradouras modas jovens.

“Mesmo sendo uma das formas de expressão mais antigas do mun­do eu ainda acho que é um pou­co mal visto uma pessoa tatuada, mas isso é uma questão de cultura e nós sabemos que a cultura vive em evolução”, reconhece o tatua­dor Matheus Costa, com 27 anos de idade, destes 10 anos tatuando e cinco profissionalmente.

Com mais de 37 mil seguidores no Instagram, Matheus Costa de­fine a tatuagem como um símbolo com voz. Para ele quem resolve de­senhar a pele são pessoas que que­rem dizer algo para a sociedade. “A tatuagem é uma arte com referên­cias nas artes plásticas, grafite, lite­ratura e na música”, analisa.

CENSO

Ainda não existe um censo bra­sileiro para apontar quantas pes­soas tem tatuagem no País. Mas um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empre­sas (Sebrae) identificou que o se­tor teve crescimento de 24,1% no número de estúdios regularizados, sendo esse índice apurado entre janeiro de 2016 e de 2017.

Em 2013 a revista Super Inte­ressante realizou uma pesquisa com enfoque no perfil do tatuado. O estudo apurou que as mulheres brasileiras representam 59,9% das pessoas com tatuagem. Em rela­ção à idade, chegou-se à conclusão que as pessoas entre 19 e 25 anos correspondem a 48,2% dos tatua­dos, praticamente metade.

“Uma pessoa quando resolve tatuar precisa ter a certeza do que ela quer e saber que isso não vai sair da pele. Eu amo a minha pro­fissão e gosto quando o cliente me dá confiança para o meu trabalho, porque em cada trabalho a minha intenção é de colocar o meu con­ceito e minha identidade. Todo dia eu tento ser melhor na minha área”, explica o tatuador Matheus Costa que atua no estúdio Garu­da, do Setor Bueno, em Goiânia.

O profissional explica que o pro­cesso de uma tatuagem é demora­do, uma vez que o maior desafio do tatuador é conseguir entender o que o cliente quer e colocar isso em for­ma de desenho. Ele opta por aten­der de um a duas pessoas por dia, exatamente para poder conversar com cada pessoa, dar a sua opinião, e só então começar os rabiscos. Sua agenda para novos trabalhos só há vagas a partir de junho.

DOR

A dor é um fator que deixa mui­tas pessoas em dúvida na hora de decidir se tatua ou não a pele. Há quem diz que não doe nada e há quem reclama muito. Mas qual é a verdade? Conforme o tatuador Ma­theus Costa a tatuagem dói sim, po­rém o que vai definir a intensida­de da dor é o emocional da pessoa.

“Tem gente que chega aqui no estúdio muito nervoso e isso vai in­fluenciar. Por isso eu sempre falo para a pessoa vir tranquila, vir ali­mentada e tentar não ficar ansiosa. E é sempre bom reforçar que os lu­gares que podem ser mais sensíveis são nas articulações”, afirma.

COBERTURA

Atualmente, as coberturas de tatuagem estão muito comum. É uma borboleta que se trans­forma depois em um leão, ou, uma palavra que vira um dese­nho. Para o profissional a práti­ca está em alta por dois motivos, primeiro porque ele acredita que o é bonito para uma pessoa hoje pode deixar de ser daqui uns 10 anos, por exemplo, e segundo pela as qualidades dos trabalhos que eram feitos antes compara­dos com o hoje.

Mesmo sendo uma das formas de expressão mais antigas do mundo, eu ainda acho que é um pouco mal vista uma pessoa tatuada, mas isso é uma questão de cultura e nós sabemos que a cultura vive em evolução”

Matheus Costa, tatuador

SAIBA MAIS

Cuidados após fazer uma tatuagem

1. Lavar o local tatuado três vezes ao dia;
2. Nos 10 primeiros dias é preciso passar a pomada pelo menos três vezes ao dia;
3. Evitar sol, sauna, praia e piscina por um mês;
4. Evitar academia por uma semana;
5. Não coçar o local.

5 curiosidades sobre tatuagem

1. O termo “tattoo” remete ao som emitido em sua confecção

Do francês, tatuagem seria “tatouage” e, em inglês, “tattoo”. As duas palavras se originam da língua polinésia e referem-se ao som feito durante a execução do trabalho, que era realizado por meio de ossos bem finos e uma espécie de martelinho para injetar a tinta na pele.

Em 1769, o navegador James Cook ajudou a disseminar o termo “tattoo” por meio dos registros de seu diário de bordo após uma viagem à Polinésia. Ele descrevia que os homens e mulheres pintavam seus corpos injetando pigmentos indeléveis, denominando as imagens como “tatau”.

2. As tintas de tatuagem têm evoluído

Atualmente existem tintas que, ao reagirem com a luz negra, acabam brilhando e deixando as imagens mais exóticas e interessantes.

Já no Japão, há a tatuagem “kakoushibori”, feita com produtos químicos à base de óxido de zinco, em que a imagem aparece apenas em situações específicas, como após o banho quente, ato sexual ou ingestão de álcool.

3. Nem sempre as tatuagens são feitas com tinta

Os pigmentos atuais podem originar mais de 100 cores! Existem também as tatuagens que não são feitas com tinta, e sim por meio da técnica de escarificação, como ocorre em tribos africanas.

A produção de cicatrizes a partir de incisões na pele pode ocorrer em rituais ou por motivações terapêuticas, para que os medicamentos sejam introduzidos no corpo.

Outro ponto curioso sobre os pigmentos se refere à alteração das cores da tatuagem após alguns dias, que se justifica já que a melanina da pele acaba, com o tempo, cobrindo e modificando o desenho.

4. Sua pele será imensamente perfurada

Os equipamentos de tatuar conseguem perfurar a pele de 80 a 150 vezes por segundo. Sendo assim, aquela “picadinha” que muitos dizem sentir é, na verdade, um conjunto de centenas de perfurações na pele!

Sendo assim, o receio em relação à dor é, até hoje, motivo de muitos clientes optarem por ingerir álcool antes de fazer a tattoo. Na verdade, a prática não é recomendada, já que o álcool aumenta o sangramento, fazendo com que a cicatrização seja mais difícil e dolorosa.

5. Ela é tão popular que possui até data exclusiva

Charles Darwin, em sua viagem entre 1831 e 1836, sugeriu que a maioria dos povos utilizavam ou conheciam algum tipo de tatuagem. A prática é tão conhecida e amada que possui até data comemorativa! Nos Estados Unidos, foi instituído o dia 5 de junho como Dia Nacional da Tatuagem.

No Brasil, ela também tem um destaque especial, com o Museu da Tatuagem. Localizado no centro da cidade de São Paulo, o prédio histórico apresenta a seus visitantes mais de 500 itens que registram a evolução da arte no país. (Fonte: http://tattoocursos.com.br)