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No começo de 2024, a discussão sobre a importação de produtos, em especial aqueles da indústria têxtil, ganhou destaque dentro e fora da internet. As razões envolvem a taxação dos importados, mas a situação fornece um bom pano de fundo para nos aprofundarmos na produção de roupas no Brasil.
Só em 2021, o faturamento da indústria têxtil no Brasil chegou a R$ 190 bilhões, o que deixa claro o quanto a área impacta a economia nacional. A geração de empregos, principal elemento da discussão, vai muito além de vendedores e trabalhadores das indústrias, alcançando também o campo da ciência.
Aqui nós chegamos à química e ao seu papel em dois espaços da indústria têxtil: o tingimento de peças e o controle de qualidade associado à atividade. A tecnologia cumpre papel fundamental, e é apenas a partir de suas utilizações práticas que produtos de qualidade e seguros chegam até os consumidores.
Nesse texto nós vamos discorrer sobre as etapas do tingimento de tecidos, explicar a importância da química analítica para a indústria têxtil e ainda trazer algumas curiosidades sobre a produção de roupas no Brasil e no restante do mundo. Ao fim, você terá agregado conhecimentos ao seu arsenal.
Quais são as etapas de tingimento de tecidos na indústria têxtil?
As etapas de tingimento de tecidos podem ser divididas em três principais: preparação, tingimento e fixação. Os métodos variam e há também a etapa de controle de qualidade, sobre a qual vamos falar logo em seguida, mas os três momentos na indústria têxtil compreendem a maior parte do processo.
1 – Preparação
Como o nome sugere, a preparação constitui a etapa em que os tecidos são preparados para receber o tingimento. Isso é feito com lavagens, no geral usando agentes químicos. Há diferenças de acordo com o tipo de material (lã, couro, seda, algodão etc etc), mas a ideia desse primeiro passo se mantém.
A preparação elimina substâncias indesejáveis do tecido, como gomas, parafinas, óleos lubrificantes, fibras e ceras. É importante lembrar que tecidos podem ser orgânicos ou não, o que significa que eles não vêm “prontos” para utilização como vestuário. A preocupação com a estética faz parte da etapa.
2 – Tingimento
O tingimento em si é a etapa na qual é aplicada a coloração no tecido. São usados equipamentos especiais, altas temperaturas e soluções químicas. É preciso não apenas que o tecido seja tingido, mas que a cor seja fixada ao material. Os materiais que ajudam com a fixação são chamados de "fixadores".
O tingimento pode ser feito por imersão, preenchimento ou por fios, técnicas que obtém resultados diferentes e são adequadas a situações específicas. Em todas deve existir a preocupação com a segurança dos profissionais que trabalham na indústria, considerando os usos de produtos químicos.
3 – Fixação
Como mencionamos no item anterior, a fixação é a etapa que certifica que a cor não será perdida com uma simples lavagem. Quanto melhor a fixação, menos uma peça desbota ao ser lavada. A qualidade do fixador pode ser medida com a titulação química, processo importante no controle de qualidade.
A fixação também leva em conta o tipo de tecido, a cor aplicada e os modelos de equipamentos usados nos processos. A tonalidade de uma peça pode ser obtida com o uso de mais ou menos fixadores, por exemplo, o que ajuda a apontar a importância da etapa no tingimento têxtil como parte da indústria.
A importância da química analítica no tingimento de tecidos
A química analítica no controle de qualidade do tingimento de tecidos é representada primariamente pela titulação, uma técnica que serve para medir a quantidade e a qualidade de substâncias em uma solução. Isto é: o quanto de um elemento X está presente numa mistura Y. Esse processo é essencial.
Especificamente na indústria têxtil, a titulação assegura que as cores tinjam os tecidos uniformemente e de maneira durável, algo importante para a qualidade dos artigos comercializados. Por outro lado, há também a análise dos produtos químicos envolvidos nesses processos de tratamento dos tecidos.
Para essa segunda tarefa, nota-se a preocupação com a segurança, já que, quando aplicados em quantidades (ou de maneiras) incorretas, os produtos químicos que tingem tecidos podem ser tóxicos e impróprios ao uso. Nesse sentido, a titulação e a química analítica em geral têm papel fundamental.
Curiosidades sobre o tingimento de tecidos
O tingimento de tecidos não é uma atividade sequer remotamente nova, datando de milhares de anos atrás, no tempo das antigas civilizações. Naturalmente, as técnicas utilizadas pelos povos do passado eram outras, mas o princípio de colorir peças do vestuário permanece exatamente o mesmo até hoje.
Considerando os conhecimentos científicos de cada época, não era incomum que substâncias tóxicas fossem usadas para tingir tecidos e permanecessem nos itens, o que levava a doenças ou até à morte. Felizmente, isso está longe de ser uma realidade no presente, graças ao bom controle de qualidade.
É interessante mencionar também que é possível realizar tingimentos naturais usando produtos orgânicos, embora os resultados variem. Algumas cores são mais fáceis de serem obtidas do que outras, mas no geral se consegue tonalidades mais claras, já que não são utilizados produtos químicos.
É válido dizer que, embora os processos em si se mantenham relativamente estáveis, a tecnologia envolvida na sua realização se modifica com o passar das décadas. A ciência não é composta de conhecimentos estagnados no tempo, e o tingimento na indústria têxtil é um exemplo dessa evolução.
