O uso de adoçantes como substituição do açúcar tem se tornado cada vez mais comum ao longo do tempo, isso porque muitas pessoas buscam controlar o consumo de calorias ou reduzir o açúcar em suas dietas, como uma alternativa de perder peso e diminuir os níveis de glicose, por exemplo.
Muito se fala sobre a relação entre usar adoçante com uma vida saudável, porém, essa ideia vem sendo questionada entre os nutricionistas, e agora a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou luz sobre os potenciais perigos associados ao uso excessivo de adoçantes.
Na última segunda-feira, 15, a OMS divulgou uma nova orientação referente ao uso de adoçantes sem açúcar. Com base em dados provenientes de diferentes estudos, a entidade concluiu que esse tipo de adoçante não gera benefícios a longo prazo em relação à redução da gordura corporal ou à prevenção de doenças crônicas não transmissíveis em adultos e crianças. É importante ressaltar, no entanto, que essa recomendação não se aplica a indivíduos com diabetes pré-existente.
De acordo com a nova diretriz publicada pela OMS, o ideal seria não consumir nenhum tipo de adoçante, porém, alguns estudos mostram que os póliois como xilitol e eritritol são os mais seguros.
Para entender melhor sobre esta nova orientação da OMS, o Diário da Manhã conversou com a nustricionista Maíra Azevedo, que explicou os efeitos dos adoçantes no nosso corpo e as consequências que eles podem causam à microbiota intestinal.
Como os adoçantes artificiais podem afetar a microbiota intestinal e qual é a importância desse impacto na saúde geral?
Os estudos mostram que alguns adoçantes podem impactar a microbiota (‘’flora”) intestinal, inibindo ou estimulando o crescimento de algumas espécies bacterianas, como por exemplo no caso das bactérias gram-negativas Bacteroidetes e as gram-positivas Firmicutes, sendo que uma desregulação destas tem sido associado a obesidade, diabetes tipo 2 e inflamação sistêmica.
Quais são os possíveis efeitos dos adoçantes artificiais no desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2, e quais grupos populacionais são mais suscetíveis a esses riscos?
O efeito principal é a alteração da microbiota intestinal como citado na resposta acima. Além disso, podem causar alteração na percepção do sabor doce, e como consequência o paladar vai ficando cada vez mais viciado.
Grupos de risco: Crianças, Gestantes e Idosos.
Quais são os sinais de consumo excessivo de adoçantes artificiais e como podemos identificá-los?
Esses sinais estão relacionados as alterações causadas na microbiota intestinal, e os mais comuns são: dor abdominal, inchaço abdominal, náuseas, constipação, diarreia, fadiga e necessidade cada vez maior pelo sabor doce.
Existe alguma diferença significativa em termos de segurança e impacto na saúde entre adoçantes artificiais e adoçantes naturais, como a estévia e o xilitol?
Os estudos mostram que a ingestão de sacarina, aspartame e acessulfame de potássio podem provocar alterações nas vias metabólicas associadas à tolerância à glicose e disbiose. Já em relação aos adoçantes nutritivos, apenas os extratos de estévia podem afetar a composição da microbiota intestinal.
E em relação aos polióis, quando atingem o cólon, podem induzir flatulência dose-dependente, especialmente em pacientes com doença inflamatória intestinal. Vários polióis, incluindo isomaltose e maltitol, aumentam o número de bifidobactérias em indivíduos saudáveis, e esses polióis podem ter ações prebióticas. É de grande importância salientar que, o ideal é consumir o alimento na sua forma natural, ex: suco da fruta sem açúcar ou adoçante, café sem açúcar ou adoçante
E que essa nova recomendação não está dizendo que é para as pessoas voltarem a comer açúcar em excesso, nada disso. Se for consumir adoçante, escolha os póliois e consumo o mínimo possível.
Existe algum benefício em substituir o açúcar por adoçantes artificiais na perda de peso?
Atualmente esse assunto está muito polêmico devido a nova diretriz da OMS, vou responder baseado na minha prática clínica. E a resposta é, depende! Cada pessoa é única, para alguns o uso de adoçantes naturais será benéfico para a perda de peso, para outros já será maléfico. O ideal neste contexto é que o paciente aprenda a consumir o alimento com seu sabor natural, sem a necessidade de adicionar açúcar ou adoçante. E essa mudança faz parte do processo de reeducação alimentar.