Cotidiano

Agressão Infantil não dá para engolir esse choro

Gynaberg Reis

Publicado em 3 de junho de 2023 às 23:25 | Atualizado há 4 meses

As crianças tem sofrido agressões de diversas
formas, e essas agressões ocorrem de forma silenciosa, os principais tipos são:
49,3% dos casos é de violência sexual praticados com crianças de até cinco anos,
24,4% agressões psicológica, 15,6% agressão física e 10,7% por negligência. A
família é a base para construir uma sociedade melhor, pois é nela que a criança
aprende seus primeiros princípios, sejam amor mutuo, atenção, proteção,
educação, e doutrina religiosa.

Entretanto a maioria dos casos a agressão
infantil ocorre dentro da própria casa. Aos olhos da sociedade esse cenário tem
se tornado cada vez mais triste e doloroso, pois nas escolas, entre vizinho nos
bairros onde se moram, entre amigos existem muitas crianças deixando de
vivenciar sua infância feliz, sofrendo silenciosamente.

Esses atos cruéis contra as crianças, geram consequências
futuras, atingindo toda a estrutura da infância, se tornando crianças introspectivas,
sonolentas, vergonhosas, ansiosas, depressivas, distúrbios severos com pânico
em locais públicos, rendimento escolar em declínio com futuro promissor. Por
isso é muito importante ficar atentos a todos os sinais da criança pois
qualquer comportamento repentino é sinal de alerta. A proteção, o cuidado no
desenvolvimento da criança devem-se ficar vigilantes em período integral.

Pois
toda criança e adolescentes têm direitos amparados pelas legislações
internacional e Brasileira, é dever de qualquer cidadão e dos profissionais
atuantes, seja médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, pedagogo,
odontólogo, terapeutas, entre outros. O consenso de que os profissionais
atuantes na saúde têm papel relevante no enfrentamento à violência contra
crianças e adolescentes, para abordagem interdisciplinar na saúde com conjunto
de organizações a elaborar este Protocolo de Atenção Integral a crianças e
adolescentes vítimas de violência.

O Diário da Manhã conversou com a Assistente
Social, Mestra em Serviço Social, Especialista em Serviço Social e Gestão de
Projeto Social Lucia Mara de Oliveira Bispo Miguel (Mara), que explicou sobre o
acompanhamento com as crianças e adolescentes vitimas de agressões. “Assistente
Social atua por meio da operacionalização de políticas públicas que visam
proteger as crianças e adolescentes das condições desumanas que os mesmos estão
submetidos. Realizamos com as vítimas um trabalho visando à superação e mudança
de vida, considerando que quando se trata de crianças e adolescentes essas
intervenções precisam alcançar todo o núcleo familiar para ter um resultado
efetivo e evolução do caso”.

Lucia Mara, também explica sobre a atitude
diante de suspeitas de agressão infantil, seja físico, psicológico, negligência
e/ou outros casos. “É necessário fazer os acompanhamentos para os equipamentos
especializados dentro da rede de proteção e comunicar, orientar o responsável
pela vítima a procurar a delegacia, caso esse responsável se negue a comparecer
na delegacia e comunicar o conselho tutelar”.

Assistente Social Lucia Mara, ao final deixa
uma mensagem de alerta “Precisamos prestar atenção nas crianças e nos
adolescentes, entender que eles são pessoas em desenvolvimento e precisam da
nossa proteção para desenvolverem integralmente, viver a infância e a adolescência
feliz, protegidos e se tornarem adultos plenos, cidadão que entendem o seu
papel, exerçam a cidadania e contribuam para a sociedade melhor. Precisamos
pensar que as crianças e os adolescentes devolvem à sociedade tudo aquilo que é
feito com ela, se deslumbramos uma sociedade melhor do que temos hoje,
precisamos garantir os direitos deles afinal as crianças e adolescentes são
deveres de todos”.

“Art.18. É dever de todos velar pela dignidade
da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Art.18-A. A criança e o adolescente têm o
direito de ser educados e cuidados sem uso de castigo físico ou de tratamento
cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer
outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos
responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou
por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
(Incluído pela Lei nº13.010, de 2014)”.

 

 


		Agressão Infantil não dá para engolir esse choro

Gynaberg Reis


 

A Psicóloga Dra. Júlia Gregório de Castro, da Clínica de psicologia
infantil Júlia Gregório pontua que “Devemos sempre observar os comportamentos das crianças, qualquer mudança
repentina de comportamento é um sinal de alerta. Comportamento muito agressivo
ou apático, afastamento, isolamento, choro sem causa aparente, vergonha
excessiva, medo ou pânico, ideias suicidas, hiperatividade e problemas
escolares são exemplos de indicativos de que algo está errado com a criança. No
caso de haver suspeita de violência infantil a denúncia deve ser feita pelo
Disque 100. As escolas também são boas aliadas na observação de mudanças nos
comportamentos das crianças, o que não significa que a responsabilidade de
identificação da violência seja apenas da instituição de ensino. Realizar a denúncia
é muito importante!”

Dra. Júlia Gregório, também explica sobre a
prevenção contra a violência mesmo com essa aceleração de crimes. “É de extrema
necessidade prevenir a violência contra a criança. Toda prevenção começa com informação.
Incluir a temática da violência e da prevenção na formação profissional é muito
importante. Assim como levar palestras, apresentar dados, realizar um trabalho
de conscientização com pais, responsáveis e profissionais que trabalham com a
infância”.

Dra. Júlia Gregório faz uma observação “Tenho observado uma quantidade expressiva de casos
de maus tratos às crianças chegando no consultório com justificativas como, “Minha
mãe me batia e eu aprendi”
, “Na minha época não tinha isso de conversar,
era logo uma surra”
, ou “Apanhei e não morri” e “Quando ele
apanha, sossega”
. A violência física há muitos anos vem sendo
adotada como uma ferramenta de educação, mas hoje temos evidências científicas
claras e convincentes sobre os danos que esses tapas causam no desenvolvimento
orgânico e cerebral das crianças. É preciso entender de uma vez por todas que
bater, gritar, oprimir e maltratar a criança não melhora o comportamento dela.
O que observamos é justamente o contrário, crianças que vivem em ambientes que
utilizam o castigo físico como uma estratégia, tendem a ser mais desafiadoras,
raivosas, argumentativas, recusam a seguir regras, rancorosas e vingativas.
Crianças são esponjas, e absorvem aquilo que está em seu meio, portanto, um
meio violento só irá ensinar a criança a ser violenta. Comportamentos são
ensinados, tanto os adequados como os inadequados. A melhor estratégia é sempre
o diálogo e o exemplo! O objetivo da infância não é a sobrevivência às surras.
A infância é um momento de aprendizagem, de vivencias e experiências, que
acontecem no dia a dia, no brincar, nas relações pessoais, com muito carinho,
paciência, cuidado e afeto. A criança merece e deve ser respeitada!”

Ao final da entrevista a Dra. Júlia Gregório de
Castro deixa dicas para os familiares proteger e ficar atentos com suas
crianças mesmo que a maioria dos casos a ocorrência é
dentro dos lares. “Na grande parte dos casos de violência infantil o agressor é
sempre um dos membros da família, isso porque as crianças permanecem por mais
tempo em casa, então, acabam sendo violentadas com uma maior frequência nesse
local. Mas também é importante falarmos sobre a violência realizada por
vizinhos, amigos ou qualquer outra pessoa sem laço parental, mas que mantem uma
relação de confiança e intimidade com a criança. Levar informações para as
crianças é uma estratégia essencial para evitar cada vez mais casos de
violência. Portanto papais e mamães, ensinem suas crianças sobre as partes do
corpo, reconhecer situações de perigo, que o corpo da criança pertence a ela,
saber em quem confiar e saber falar não quando se sentir incomodada”.

“Crianças precisam de heróis! Heróis da vida real… heróis
que mostrem a elas que estão protegidas, que estão seguras”.

 

 

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