Cotidiano

Álbum de figurinhas vira hit, mas provoca gasto irracional

Diário da Manhã

Publicado em 26 de abril de 2018 às 02:39 | Atualizado há 4 meses

A mania das manias está de volta. A cada Copa do Mundo ela chega e pega de surpresa alguns desavisados: a moda de colecionar figurinhas. Ela está nas escolas, nos corredo­res dos shoppings, nas praças e nos grupos de aplicativos de celulares.

A moda está no ar unindo pes­soas e sociabilidades.

O efeito manada faz com que diversos indivíduos simplesmen­te passem a colecionar sem refletir sobre o ato. Colecionar é bom e de­senvolve habilidades, como nego­ciação, disciplina e determinação. Mas poucos pensam sobre a mate­mática do colecionismo.

A prática divertida exige dinheiro e sorte. O professor Gilcione Costa, do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), analisou as chan­ces de cada um ao calcular os gastos médios para fechar o álbum.

Um aviso: trocando ou não figu­rinhas com outras pessoas, a proba­bilidade de obter sucesso de com­pletar o álbum não é fácil.

Para os preguiçosos em mate­mática, ele fez o cálculo estratos­férico: são necessárias 682 figuri­nhas para completar o álbum. Ou mais especificamente: 136 paco­tes. Cada pacote, com cinco figuri­nhas, é vendido a R$ 2,00. De cara, a pessoa teria que desembolsar R$ 273. Mas isso se fosse o ser humano mais sortudo do planeta (ou uni­verso), algo como ganhar na Mega Sena várias vezes seguidas. Eis o número: 1/10276.

Para se ter ideia, trata-se de um número que tem 276 zeros. Prepa­re-se para a grande emoção e tente contar: 1 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000.

Ufa! Diante de tantos números, a matemática não tira o direito de ninguém sonhar. Mas é realista. “Para você ter ideia, na média, esse número é infinitamente maior do que o número de átomos que exis­te na terra”, diz Gilcione.

Ele diz que pela aplicação da média, uma pessoa gastaria cerca de 4.490 figurinhas para preencher o álbum. “Esse gasto extra seria de R$ 1.520, além dos R$ 273 que cal­culamos. No total, ele teria que de­sembolsar cerca de R$ 1.800 para completar”, diz o matemático.

O professor orienta o uso de trocas com amigos para reduzir ao máximo o custo da brincadei­ra. E alerta que se faltarem cin­co a 10 figurinhas você pode en­trar em contato diretamente com o fabricante e exigir o direito de comprá-las.

MODISMO ANTIGO

Chega a Copa e não só adoles­centes e crianças entram na moda. Há mais de 40 anos a prática é uma mania nacional. A empresa italia­na Panini lançou na Copa de 1970, sediada no México, o primeiro ál­bum de figurinhas.

De lá para cá a tradição se man­tém. E dá muito dinheiro para quem vende. E detalhe: nem sem­pre o jogador que está no álbum estará na Copa.

Em tempo, quem desejar eco­nomizar e apenas ter o álbum tem um jeito mais fácil e racio­nal: sites como OLX e Mercado Livre vendem o álbum com to­das as figurinhas por valores que variam de R$ 300 a R$ 2 mil. Isso mesmo: o álbum 2018.


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