Quando falamos em Lei Seca é normal que associemos apenas à combinação de bebida e dirão. Mas não é só isso. Afinal, como estipula o artigo 165 do CTB, dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência é uma infração gravíssima. Ou seja: não é apenas pelo uso do álcool que o condutor pode ser autuado.
Mas, como os agentes de trânsito podem detectar a presença dessas outras substâncias no organismo do condutor? Seria pelo mesmo teste do bafômetro? Na verdade, não. O bafômetro tem capacidade apenas de detectar o álcool, mas não as drogas. Para detectá-las, é preciso lançar mão de outros recursos – como o exame clínico de sangue e o, ainda em fase de teste, drogômetro.
Para detectar drogas no organismo do motorista, é preciso exame clínico
Conforme o artigo 165 do CTB, substâncias psicoativas que causam dependência também podem levar o motorista a responder pela Lei Seca. E o que são essas substâncias? São todas aquelas que agem no cérebro, alterando as sensações, o estado emocional e o nível de consciência da pessoa. Elas podem ser lícitas (como o álcool) ou ilícitas (como a cocaína, o crack e a maconha).
Ainda, de acordo com sua ação no sistema nervoso, essas drogas podem ser classificadas em depressoras (efeito causado pelo álcool), estimulantes (efeito causado pela cocaína, pelo crack e pela anfetamina) e perturbadoras (efeito causado pela maconha e LSD).
Por isso, sob o efeito de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, é extremamente perigoso e proibido.
Apesar de o artigo 165 do CTB determinar essa infração, atualmente a prática de verificação do uso de outras substâncias é feita apenas por exames de sangue. Em algumas blitze, inclusive, há ambulâncias prontas para a realização do exame – embora isso ainda não seja muito comum.
Ainda assim, um aparelho conhecido como “drogômetro” tem sido testado em alguns estados brasileiros e poderá ser implementado para auxiliar os agentes de trânsito a autuar motoristas que utilizam drogas ilícitas antes de pegar a direção.
E o drogômetro, já é utulizado?
O aparelho conhecido como drogômetro é um dispositivo portátil utilizado para detecção de substâncias psicoativas, como cocaína, maconha, anfetaminas e outras. Seu funcionamento é bastante simples – como é o bafômetro.
É preciso apenas coletar uma amostra de fluído oral, o que não precisa ser realizado por profissionais especializados – como é o caso da coleta de sangue. Os resultados saem em um período de 5 a 10 minutos após a coleta.
O drogômetro já é amplamente utilizado em países como Austrália, Reino Unido, Estados Unidos e Noruega. No entanto, no Brasil, ele se encontra apenas em fase de testes.
Embora alguns estados brasileiros já tenham confirmado a sua eficácia, ainda não é possível garantir 100% da sua confiabilidade. Por essa razão, o aparelho ainda não teve sua utilização confirmada para a fiscalização em nenhuma região do país.
A Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas já estuda há 3 anos a utilização do drogômetro. Nesse período, ocorreram muitas conversas com especialistas e análises em mais de quatro tipos de aparelhos (todos importados). Testes mais intensos foram realizados nas ruas de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, com motoristas voluntários.
Só para trazer um exemplo, os resultados apontaram que 20% dos condutores tinham feito uso de alguma substância ilícita. Dentre elas, as principais detectadas foram cocaína, maconha e anfetamina.
No entanto, nenhum condutor pôde ser punido com base no drogômetro. Isso porque, para que os aparelhos possam ser utilizados em caráter definitivo no Brasil (e para fins de fiscalização), deverá, antes, haver uma regulamentação estipulada pelo Contran. E, como ela ainda não existe, o aparelho não pode ser utilizado como meio de comprovação que caracterize a infração.
Com ou sem o drogômetro, é preciso fiscalizar o uso de drogas pelos motoristas
Embora o drogômetro ainda não possa ser utilizado como forma de fiscalização, é preciso considerar que essa medida se torna cada vez mais necessária no país. Como reportam inúmeros órgãos de fiscalização (como a Polícia Rodoviária Federal), enquanto o número de infrações por dirigir sob o efeito de álcool cai, cresce a incidência de motoristas flagrados dirigindo após o consumo de drogas.
Por isso, devido a maior dificuldade na identificação de sinais de uso de substâncias ilícitas pelos motoristas (já que o procedimento ainda depende do exame de sangue), torna-se urgente a regulamentação e a ampla utilização do drogômetro no país.
Por ora, vamos aguardar que o aparelho seja amplamente testado para que possa ser utilizado juntamente aos bafômetros nas fiscalizações.