No mês de agosto, mais precisamente no dia 4, se registra a figura de São João Maria Vianney (1786-1859), também conhecido como o Cura d'Ars, que foi um padre católico francês, canonizado pela Igreja Católica, batizado padroeiro dos Párocos. Nesta igreja, a religião mais expressiva no Brasil, os padres têm a responsabilidade de orientar os fiéis, ouvir e realizar os sacramentos, que são os ritos sagrados dessa doutrina
Com os braços estendidos em oração o padre deseja abraçar o mundo inteiro e seu pequeno rebanho. Testemunha de Cristo na vida e na morte, anseiam pela vinda do Reino e a busca tanto em seu coração quanto em sua vida. Segundo coração de Deus, ser padre é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia Divina.
Esse chamado para ser Padre é expressão de uma convocação particular para uma missão específica a serviço do povo de Deus. Além disso, com toda dedicação Pastoral, os padres também participam na caridade das obras sociais, e levam alimentos aos mais necessitados, acolhem pessoas de idade, realizam bazares solidários para famílias em situações de vulnerabilidade. O padre com todo esse amor genuíno, essa entrega total ao amor de Deus, faz renascer luz e a esperança que Deus cuida dos seus filhos sobre a Terra através do sacerdócio.
O Diário da Manhã foi em busca de conhecer melhor a vida de um sacerdote para explicar com detalhes essa entrega total a Deus.
O Padre Marcos Rogério, da Paroquia Nossa Senhora da Assunção, conta ao Diário da Manhã os detalhes de como deu início a sua trajetória no apostolado, que a cada dia fica em evidência esse amor imensurável por Cristo Jesus.
“Eu entrei no seminário tinha 14 anos, então eu saí da casa dos meus pais e já vim para Goiânia estudar. Quando eu fui recebido no seminário pelo padre José Maria, já estava com tudo preparado. Fiz filosofia aqui, depois eu fui fazer teologia em Belo Horizonte, após isso, morei por três anos na Espanha, onde fiz mestrado em liturgia e então retornei ao Brasil para assumir a Paróquia Nossa Senhora da Assunção", diz,
O padre conta que foi neste contexto que começou este apostolado de intimidade com Deus, com as pessoas, de estar desenvolvendo esse trabalho e levando a palavra de Deus aos que precisam. Ele conta que o trabalho chega a ser curioso "porque Deus vai utilizando daquilo que é mais simples na vida para fazer com que as pessoas experimentem a sua graça, com isso, esse trabalho continua com muito amor a Deus aqui na Paróquia."
O Padre conta sobre esse carisma cheio de leveza, amigo acessível a todos que o buscam com sua linguagem simples, de uma energia singular com estilo próprio e diferenciado.
“Essa coisa de ser um padre diferente é engraçado, né? Eu sou um padre como qualquer outro padre. Todos nós padres temos a mesma unção e a mesma graça. Eu acredito que a minha diferença está justamente em ser aquilo que eu sou, eu não sou fake, eu sou isso que eu apresento nas redes sociais, na igreja", conta.
"Eu acredito muito nessa linguagem que atinge as pessoas, era o que Jesus fazia. Jesus usava das parábolas, Jesus usava do cotidiano da vida tocava em cada pessoa, utilizar uma linguagem que chegue ao coração das pessoas, utilizar uma linguagem que possa levar uma mudança de vida a uma experiência de conversão. Eu acredito que essa seja a diferença de falar ao coração de ministrar através da música que é um dom que eu tenho, do louvor, da oração. Isso toca e mexe com a vida das pessoas”, completa.
O padre explica também sobre como são realizadas as celebrações em outros países que ele já visitou, a expressão e a alegria dos cristãos em experimentar a graça do amor de Deus.
“É curioso porque cada lugar tem a sua expressão de fé, a sua característica, eu já viajei por tantos países do mundo, mas essa expressão de alegria, essa expressão de participação da vivência da santa missa é só aqui no Brasil. As pessoas nos outros lugares elas participam sim das missas. O ritual é o mesmo, o que muda de verdade é a característica, é o carisma cada padre que está ali presidindo a eucaristia. Nós brasileiros somos pessoas muito afetivas que vivemos essa experiência de graça”, afirma.
O sacerdote também conta a sua rotina e seus afazeres nessa doação em tempo integral doando seu cotidianopor amor a Deus e pelas pessoas, mas sempre com um tempo de descanso e lazer na sua vida pessoal.
“A minha vida é uma correria graças a Deus, eu sou uma pessoa muito enérgica e gosto de fazer muitas coisas, fico muito antenado na questão da comunicação e sobretudo nas redes sociais. O meu dia é uma jornada que se inicia às 5h da manhã, onde tenho o meu momento de oração pessoal, vou na academia, depois vou para a Paróquia para realizar todos os programas, reuniões, celebrações da santa missa, atendimento de confissões", conta.
O padre revela que o fato de servir a Deus não significa que sua vida social seja exclusivamente voltada à Igreja, afinal, é necessário interagir.
"Então a vida do padre é isso, geralmente descanso nas segunda-feiras, pois durante a semana é uma rotina com muitas atividades e assim o dia transcorre com muita rapidez. Mas eu não tenho tempo também para ver uma série de vez em quando. Eu faço questão também de ter um tempo para sair com meus amigos, porque padre também tem amigos então eu faço questão de estar com eles, e eu sou muito feliz de estar vivendo tudo isso”.
Ele comenta sobre como as redes sociais aproximam as pessoas da fé, e como isso ficou mais forte durante o auge da pandemia, período em que as pessoas se voltaram ainda mais a Deus.
“Eu acredito que as redes sociais podem ser um grande aliado no processo de evangelização. Como também pode servir como acomodação pra muitas pessoas. Devido à pandemia, nós percebemos que aquilo que a igreja não fazia, ela começou a fazer. Foi o convite a vivenciar essa experiência e sobretudo as celebrações na santa missa, onde o povo não podia participar presencialmente, a única forma que nós tínhamos de chegar até a elas era através das redes sociais, ela deu essa grande abertura para que nós pudéssemos conhecer outras realidades, para que nós pudéssemos vivenciar a nossa Fé", conta.
"O momento da Covid-19 foi muito forte para repensarmos as nossas ações, repensarmos aquilo que somos e aquilo que temos. Nós sentimos falta do abraço, nós sentimos falta do toque, as pessoas manifestaram esse desejo do convívio de estar juntos, de querer vivenciar aquilo que parecia que tinha sido perdido. O distanciamento social daquela época era o fato de que eu estava proibido de ir até o encontro do outro. Hoje eu tenho a liberdade de ir ao encontro com o outro e mesmo assim as pessoas continuam a querer manter o distanciamento social. A igreja fala para nós que o Cristo ele não é uma doutrina, não há norma, não há regras somente isso. Eu acredito que o ser humano poderia ter tirado uma lição enorme desse momento que passamos que foi a pandemia."
Para finalizar esse diálogo tão importante com o padre sobre a celebração sacerdotal na vida religiosa de entrega profunda, o Padre deixa uma mensagem.
“Eu acredito que no dia de hoje ao celebrar o dia do padre, pedir para cada pessoa que possa de verdade fazer uma oração pelo seu sacerdote ou pelos sacerdotes do mundo inteiro. E compreender que uma comunidade que tem um padre independente do carisma que ele tem, independente daquilo que muitas vezes ele desenvolva. Agradecer e louvar a Deus pelo chamado que possa suscitar em mais Jovens o desejo a sua vida pelo Cristo, de fazer uma experiência de amor. E dizer que a vocação sacerdotal é um dom de Deus, há uma graça, não é a gente que escolhe, é Deus quem nos escolhe porque pela nossa miséria, pela nossa forma de ser, nós nem seriamos dignos, mas Deus vai lá através do seu filho Jesus Cristo, nos chama e nos faz o convite para vivermos essa experiência de entrega mais profunda viver o amor e a graça que vem do Pai. Que Deus abençoe a cada um de vocês e que rezem por mim e por todos nós sacerdotes”.