Cotidiano

Chavismo perde força desde que Maduro chegou ao poder

Diário da Manhã

Publicado em 13 de outubro de 2015 às 00:45 | Atualizado há 10 anos

CARACAS – A identificação dos venezuelanos com o chavismo e a ligação com o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) não são mais as mesmas desde que Nicolás Maduro assumiu a presidência após Hugo Chávez, em março de 2013. É o que mostram institutos de pesquisas do país, segundo o jornal “El Nacional”. Quatro empresas apontaram queda na aprovação do líder e redução no número de simpatizantes da legenda. O atual presidente já não detém o apoio majoritário da população e enfrenta o crescimento da militância de oposição.

De acordo com a consultoria Venebarómetro, entre os 1.200 entrevistados no período de 5 a 15 de setembro, 20% simpatizam com o PSUV, partido de Maduro. Em segundo lugar, o Primero Justicia detém 7,3% das preferências, seguido do Unidad com 8,4%. Depois o partido Voluntad Popular obteve 6,6% de aprovação, enquanto Un Nuevo Tiempo conquistou 3,2% de simpatizantes.

Apesar da liderança, o instituto de pesquisa revela que o partido em vigência caiu de 55,9% a 21,3% de março de 2013 a setembro de 2015, enquanto o apoio à oposição registrou aumento de 31,6% a 68,3% no mesmo período.

O “El Nacional” menciona três momentos de forte queda de apoio ao partido de Chávez: em maio de 2013, primeiro mês de Maduro, o PSUV caiu para 40,7% de aprovação. Entre janeiro e abril de 2014, quando o governo respondeu com forte repressão a protestos no país, o número caiu para 38%. A partir de abril de 2015, com a escalada da inflação e a escassez de produtos, o partido registrou 29,9% pelo Venebarómetro.

MUDANÇAS DE POSIÇÃO POLÍTICA

A posição política dos entrevistados também mudou, segundo a consultoria Hercon. Em junho do ano passado, 49,5% dos entrevistados se diziam opositores; 32% se declaravam oficialistas, ou seja, apoiavam o PSUV e 14,5% não tinham posição a respeito do assunto. Na pesquisa mais recente da empresa, entre 5 e 15 de setembro deste ano, o oficialismo perdeu simpatizantes ao passar para 24,2%; a oposição também perdeu, chegando a 44,8% e o número de pessoas sem posicionamento cresceu para 28,7%.

Já segundo a Keller y Asociados, entre 2005 e 2009, Chávez manteve a aprovação do oficialismo em 50%. Com 38% em 2010, o ex-presidente recuperou sua imagem no poder e encerrou 2012 em alta. No entanto, desde janeiro de 2013, quando Maduro assumiu o cenário político no lugar de Chávez, já doente, o declínio começou, chegando a 18% na medição mais recente entre 19 de agosto e 5 de setembro.

A empresa Datanálisis chegou a um retrato mais abrangente do apoio pró-chavismo. Entre fevereiro de 2003 e julho de 2015, a média de pessoas que se declaravam chavistas é de 33,2%. O ápice foi em maio de 2006, com 45%, e o ponto mais baixo em julho deste ano, com 20,6%, ante 21% em setembro de 2009.

Já a identificação com o PSUV também se deteriorou desde 2013. A média histórica de pessuvitas declarados é de 27,4%. Durante a gestão de Maduro, o número cai para 25,6%. Em março de 2008, quando a legenda foi fundada, 20% dos venezuelanos se declaravam pessuvistas, mas chegou a 40,3% a partir de fevereiro de 2010. Com a chegada de Maduro no poder, a aprovação do PSUV voltou a cair, chegando a 13,8% em outubro de 2014. Este ano, a Datanálisis registrou recuperação moderada de 16,9% em janeiro para 18,4% em julho.

MEDIDAS MAL VISTAS

Maduro passou a executar este ano uma série de medidas para melhorar a percepção do governo, mas os resultados não parecem se recuperar. As ações para conter conflitos na fronteira do país com a Colômbia

Na tentativa de fortalecer a segurança no país, Maduro decretou estado de exceção por 60 dias em agosto em regiões de fronteira com a Colômbia. De acordo com o “El Nacional’, pesquisa do Venebarómetro mostra que 61,9% dos entrevistados não concordam com a atuação da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb, na sigla em espanhol) e 73,8% se opõem à extensão ao país todo.

A deportação de colombianos após a implementação do estado de exceção também foi mal vista: 67% afirmam que houve violações de direitos humanos. Destes, 27,3% são oficialistas.

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