Colostro animal em alimentação humana
Diário da Manhã
Publicado em 23 de novembro de 2015 às 21:30 | Atualizado há 9 anosEspecialistas ouvidos na última semana pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural defenderam a utilização do colostro animal para fins de consumo humano. O colostro é o leite de baixo volume produzido pelos mamíferos nos primeiros dias de amamentação pós-parto.
A especialista em regulação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Fátima Braga, relatou diversas experiências da utilização desse leite no mundo. Segundo Braga, no Canadá, por exemplo, a substância é caracterizada como alimento tipo medicinal. Na Austrália e na Nova Zelândia, o colostro também é permitido. No Brasil, no entanto, o consumo humano desse líquido é proibido.
Na visão da médica veterinária da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater), Mara Helena Saafeld, o país perde com a proibição. Ela afirmou que o líquido é desperdiçado no Brasil, mas poderia alimentar muitas pessoas que hoje passam fome.
Legislação antiga
Saafeld disse também que a legislação que proíbe a utilização do colostro no Brasil, da década de 50, é muito retrógrada.
“Essa proibição deve-se ao fato de problemas tecnológicos. Eu não posso misturar um produto que tem um ponto de pasteurização diferente. Se eu pasteurizo o colostro na mesma temperatura do leite, vai coagular. E isso deve ter causado, lá por 1940, muitos problemas tecnológicos, quando começou a pasteurizar, quando começou a se usar o leite barriga mole, que ainda temos hoje no Brasil”, disse.“E deveria então, na nossa legislação, dizer isso: que não se pode misturar colostro ao leite, mas não que é proibido.”
Medicamentos
Ainda segundo a veterinária, o colostro pode ser usado na indústria de suplementos e de medicamentos, no tratamento de doenças gastrointestinais e como estimulante do sistema imunológico.
O deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), que solicitou a audiência pública sobre o tema, disse que vai agendar em janeiro uma reunião com órgãos competentes e especialistas para estudar mais a fundo possíveis mudanças na legislação.