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Doença de Parkinson: perspectivas e desafios para uma vida plena

O acolhimento e o amor que Ari recebe e sente pelos filhos, familiares e amigos, tem sido essencial e dado forças para superar as dificuldades do dia-a-dia

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No campo complexo da neurologia, a doença de Parkinson continua a desafiar pacientes e médicos, mas também revela esperança e progresso através de tratamentos e apoio especializado. Em meio a essas reflexões, Luana de Rezende Mikael, médica especialista em Neurologia no Instituto de Neurologia de Goiânia (ING), compartilhou com o Diário da Manhã, informações valiosas sobre essa condição neurodegenerativa e os caminhos para uma vida melhor para os pacientes.

Doença de Parkinson

Celebrada no dia 11 de abril e reconhecida mundialmente como o Dia da Doença de Parkinson, essa data foi escolhida em homenagem ao James Parkinson, médico britânico que publicou pela primeira vez sua obra intitulada "Ensaio sobre a Paralisia Agitante" em 1817. Este ensaio descreveu pela primeira vez os sintomas da doença que mais tarde levaria seu nome.


		Doença de Parkinson: perspectivas e desafios para uma vida plena
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Além de afetar milhões de pessoas em todo o mundo, a doença de Parkinson não faz distinção entre pessoas comuns e famosas, afetando de 10 a 15% dos pacientes com menos de 60 anos. Muitas figuras proeminentes da história e da cultura popular compartilharam sua jornada com a doença, incluindo o lendário boxeador Muhammad Ali, diagnosticado aos 42 anos, o ator Michael J. Fox aos 29, o músico Neil Diamond quando tinha 79, o cantor de rock Ozzy Osbourne aos 71, e no Brasil, a jornalista Renata Capucci com 45 na época e o cantor Eduardo Dussek quando havia completado 54, entre outros.


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Identificando os sintomas

"Embora o tremor de repouso seja o sintoma mais conhecido da doença de Parkinson, ele não é o principal e também não está sempre presente", explica a Dra. Luana. "Na doença de Parkinson, temos como sintoma essencial a bradicinesia, que é a lentidão nos movimentos. Além disso, o paciente pode apresentar rigidez, diminuição do olfato, constipação intestinal, distúrbios do sono, depressão, ansiedade e até mesmo alteração cognitiva."


		Doença de Parkinson: perspectivas e desafios para uma vida plena
Luana de Rezende Mikael, médica especialista em Neurologia no Instituto de Neurologia de Goiânia (ING). — Foto: Arquivo pessoal

Esses sintomas não apenas afetam a mobilidade física, mas também têm um impacto profundo no bem-estar emocional e social dos pacientes. "O conjunto desses sintomas faz com que o paciente comece a ter dificuldade para se movimentar, para andar, para se relacionar com outras pessoas, se afastando algumas vezes do convívio social", acrescenta Luana.

No entanto, o diagnóstico precoce desempenha um papel importante na gestão eficaz da doença. "Quando o paciente é diagnosticado precocemente, apesar de atualmente ainda não termos uma medicação capaz de parar a progressão da doença, podemos oferecer um tratamento sintomático para o paciente que irá trazer melhora importante da sua qualidade de vida", ressalta a Dra. Luana. "Assim, o paciente poderá continuar exercendo suas funções."

Além disso, o acompanhamento por um especialista desde o início pode abrir portas para outras opções de tratamento, incluindo cirurgia, quando apropriado. "No momento ideal, a cirurgia pode proporcionar ao paciente um melhor resultado."

A cirurgia para a doença de Parkinson, conhecida como Estimulação Cerebral Profunda (ECP), implanta eletrodos no cérebro, conectados a um dispositivo que emite impulsos elétricos para controlar os sintomas motores. Indicada para pacientes com resposta insatisfatória aos tratamentos convencionais, a cirurgia pode reduzir tremores, rigidez e lentidão dos movimentos, melhorando significativamente a qualidade de vida. No entanto, envolve riscos como infecção e efeitos cognitivos, exigindo avaliação cuidadosa por uma equipe multidisciplinar. É importante considerar os benefícios e riscos antes de optar pelo procedimento.

Aprendendo a conviver com a doença, após o diagnóstico

Ari Nobre, professor de Língua Portuguesa, que aos 53 anos enfrenta o desafio da Doença de Parkinson, contou ao DM sua luta pessoal envolvendo as batalhas emocionais e físicas desencadeadas por essa condição.


		Doença de Parkinson: perspectivas e desafios para uma vida plena
Ari Nobre, professor de Língua Portuguesa. Foto: Arquivo pessoal

"A realidade absolutamente inverossímil que acompanha o Mal de Parkinson traz consigo uma apatia generalizada e uma sensação de dependência total, influenciando diretamente nas relações interpessoais", descreve Ari. Embora sua jornada esteja no estágio inicial da doença, ele tem enfrentado não apenas os sintomas físicos, mas também os desafios emocionais, incluindo ansiedade crônica e sintomas de depressão.

A lembrança de seu avô e pai, ambos afetados pela doença, adiciona uma dimensão pessoal e histórica ao seu relato, destacando a importância da consciência e do apoio familiar. “Tenho uma vaga lembrança do meu avô materno. Eu me recordo de seus tremores no final da vida. Hoje tenho a consciência de que ele também foi vítima do mal de Parkinson, pois além dos tremores, tinha sonhos vívidos, síndrome das pernas inquietas, problemas de deglutição. Além dele, meu pai, também no final da vida, apresentava os mesmos sintomas. ”

No início, quando Ari recebeu o diagnóstico, ele não conseguia aceitar a condição de ter que conviver com a doença, “Vem à mente, inevitavelmente, toda sorte de sofrimento a que as vítimas são submetidas, porque, inevitavelmente, um quadro de dependência total, de perda completa da autonomia, se desenha de forma ameaçadora em sua mente. Isso influi diretamente nas suas relações; fui me afastando das pessoas que amava por receio de me tornar um fardo para elas. ”

Hoje consciente dos desafios que terá que enfrentar, o professor se redescobre dentro de uma rede de apoio importante que dá forças para continuar lutando contra a progressão da doença, “Ter o conhecimento de que a progressão dos sintomas é inevitável - a cada dia estarei pior que o anterior - torna-se um fator desafiador para encontrar razões para prosseguir com a vida.” E completa, “Minha família, minha querida família, a quem eu devo tudo, além de dois amigos do ciclismo, me resgataram. Procurei me informar sobre a doença. Venci a primeira batalha: a luta contra a depressão.” O acolhimento e o amor que Ari recebe e sente pelos filhos, familiares e amigos tem sido essencial e dado forças para superar as dificuldades do dia-a-dia.

Assim, como seu trabalho, como professor de Língua Portuguesa, Ari busca equilibrar sua rotina médica com suas atividades profissionais e físicas, reconhecendo a importância do ciclismo como uma forma de combater a progressão da doença.

“A doença em si já traz problemas suficientes para que o paciente busque melhores condições de vida, só que a medicação que combate os sintomas motores tem efeitos colaterais severos, o que agrava ainda mais o quadro. Sabe-se que a combinação de atividades físicas aeróbicas de intensidade de média para alta e atividades anaeróbicas, combinadas com um cardápio equilibrado contribuem para que a progressão da doença diminua, o que implica uma melhor qualidade de vida” Ari Nobre - Professor de Língua Portuguesa e que convive com a doença de Parkison

Ari relata ter lido um artigo que apontava o ciclismo como a melhor atividade no combate à progressão da doença de Parkinson, “Li um artigo em que um neurologista apontava o ciclismo como a melhor atividade no combate à progressão da doença de Parkinson. Claro, é indicado para aquelas pessoas que estão na fase inicial da doença e para quem a prática do ciclismo não se constitui numa ameaça. ”

A história de Ari Nobre, exemplifica não apenas os desafios enfrentados por aqueles diagnosticados com Parkinson, mas também a resiliência e a determinação necessárias para superar esses obstáculos com dignidade e esperança. Assim como afirma a Dra. Luana, a importância do tratamento e a participação do núcleo familiar para o enfrentamento diário dos sintomas.

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