É durante a graduação que estudantes buscam entrar no mercado de trabalho que compete à sua área, com o intuito de obter mais conhecimento e domínio sobre as funções que, futuramente, irão exercer como profissional formado. As vagas de estágio divulgadas na internet são inúmeras, o que faz com que haja mais inscrições, mas nem sempre a grande quantidade de vagas é o suficiente, pois muitas delas exigem muito além do domínio do estudante.
De acordo com os dados divulgados pela Abres (Associação Brasileira de Estágios), no total, são 8.537.992 alunos de ensino médio e técnico e apenas 214 mil estagiam (2,5%), já para o nível superior, são 8.680.354 estudantes e, desses, apenas 686 mil estagiam (7,9%).
A estudante de jornalismo Bárbara França, de 28 anos, e afirma que já enfrentou dificuldades para encontrar estágio não somente por conta das exigências, mas pelo baixo salário.
"Para candidatos como eu, que se sustentam e pagam sua própria faculdade ,é inviável aceitar um estágio que paga em média R$500 ou R$700. Acaba que alguns aceitam o desafio, quando conseguem, de trabalhar em dois estágios simultaneamente. Apenas fazendo jornada dupla para conseguir para as contas no final do mês", conta.
Com isso, a estudante alega que "a falta de tempo e o cansaço impactam de forma muito negativa nos estudos".
Atualmente, Bárbara não exerce estágio na área pois, segundo ela, o salário das vagas que lhe foram oferecidas eram baixos.
"Exerci apenas os [estágios] que foram oferecidos pela faculdade, e era aos fins de semana. Não consegui sair do meu emprego CLT justamente pela remuneração. As oportunidades que tive, ofereciam salários muito baixos e dessa forma eu não conseguiria pagar a faculdade", afirma.
Segundo a coordenadora de recrutamento e seleção do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Jéssica Quione, as organizações no momento da seleção e contratação podem exigir conhecimentos teóricos relacionados a área de atuação, mas ao restringir ou exigir diversas habilidades técnicas podem encontra dificuldade para o preenchimento dessas oportunidades.
"Neste momento, é importante refletir sobre a importância do estágio para formação de quem está iniciando a vida profissional e ajustar as exigências com o principal propósito do estágio", afirma.
Jéssica ressalta que a empresa pode abrir vagas com o objetivo de acompanhar o desempenho e desenvolvimento profissional dos estagiários.
"No entanto, de acordo com a Lei de Estágio, para participar da modalidade, é obrigatório estar matriculado em uma instituição de ensino. O grau de escolaridade exigido para determinada vaga varia conforme as atividades a serem exercidas e a expectativa da contratante", explica.
Em relação ao salário, a coordenadora explica que este varia de acordo com a região, instituição e curso, mas que pode haver um acordo entre a empresa e o estagiário.
Segundo a pesquisa de Bolsa Auxílio, levantada pelo próprio Nube, em 2022, para quem está no ensino médio, o valor de remuneração ficou em R$ 733,87. Já no médio técnico, subiu para R$ 916,39. No caso do superior tecnólogo, o valor ficou em R$ 1.246,35. Por fim, no nível superior, a média é de R$ 1.305,34.
A universidade tem um papel fundamental na relação entre aluno e mercado de trabalho. De acordo com a coordenadora, a universidade pode contribuir auxiliando os estudantes com palestras e conteúdos que o preparem para o mercado de trabalho, usando o seu corpo docente para explorar o que está sendo exigido pelas organizações e trazendo essa realidade para dentro da sala de aula, com isso, os candidatos estarão mais preparados para realizar processos seletivos e conhecimentos técnicos exigidos na busca de uma oportunidade de estágio.
"Os candidatos que possuem mais conhecimentos ou maior nível de escolaridade podem ter suas chances aumentadas no momento da busca por uma oportunidade no mercado de trabalho. Porém, estar antenado nas soft skills exigidas pelas empresas, realizar cursos extracurriculares, buscar conhecimentos e informações extras sobre carreira são uma ótima alternativa para os estudantes que estão iniciando na vida acadêmica", afirma Jéssica sobre quem busca bons resultados quanto às vagas.
Para facilitar a inserção do estudante no mercado de trabalho, a coordenadora ressalta que as empresas podem diminuir as exigências de conhecimentos das vagas visando acompanhar o desenvolvimento profissional.