Cotidiano

Hospedagem durante as Olimpíadas sai 122% mais cara, diz pesquisa

Diário da Manhã

Publicado em 28 de novembro de 2015 às 09:40 | Atualizado há 9 anos

RIO — Hospedar-se no Rio durante as Olimpíadas, em agosto do ano que vem, vai sair caro. Segundo uma pesquisa do site de turismo TripAdvisor, as diárias cobradas para 2016 estão 122% mais caras, em média, que as de agosto deste ano. Ao todo, de acordo com o site, foram analisados 240 hotéis na cidade. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) informou que a taxa de ocupação no mês das Olimpíadas deve chegar a 98%.

Entre dez bairros avaliados no estudo, nas zonas Sul, Oeste e central, o que acumulou maiores altas nas diárias foi o Leblon. Lá, o preço médio subiu de R$ 508,65 para R$ 2.015,52 (mais 296,25%). Em segundo lugar, ficou Copacabana, onde o valor médio subiu de R$ 410 para R$ 1.252 (um acréscimo de 205,17%). O único dos dez bairros que apresentou queda foi o Recreio dos Bandeirantes (menos 24,11%). A média era de R$ 347,82 em agosto passado e caiu para R$ 263,98 nas reservas oferecidas para o mês dos Jogos Olímpicos.

LEI DA OFERTA E DA PROCURA

Na Copa do Mundo de 2014, o acréscimo nas diárias passou de 500%, apontou uma pesquisa da Embratur. Para Claudia Martinelli, porta-voz do TripAdvisor no Brasil, a alta de preços é normal em períodos de grandes eventos e costuma acontecer em todas as cidades que sediam Jogos Olímpicos:

— É por causa da lei da oferta e da procura. A gente já constatou isso em 2014, quando houve a Copa do Mundo. É algo que acontece, independentemente do país que sedia o evento.

Localizado no bairro com a maior alta, o Leblon, o Hotel Ritz, por exemplo, que está com diárias de R$ 540 a R$ 1.020 este mês, vai cobrar R$ 3.663 pelo quarto mais simples disponível em agosto do ano que vem (considerando-se o câmbio do dólar de turismo a R$ 3,70). A procura por quartos é grande, informou um recepcionista. A administração do estabelecimento não foi localizada para comentar os preços.

Já o Modernistas Hospedagem e Arte, inaugurado em Santa Teresa há dois anos, terá diárias a R$ 1.500 em agosto. Atualmente, saem por R$ 350. Com apenas cinco quartos e uma galeria de arte em seu interior, tem decoração com inspiração em obras modernistas. Uma das proprietárias, a artista plástica Thelma Innecco, conta que, para o mês olímpico, já foram preenchidas 60% das vagas. Os visitantes, 80% europeus, vão permanecer por períodos longos, de 15 dias.

— Nosso público gosta de ficar em lugares diferentes de um hotel tradicional. Para o ano que vem, estamos contratando mais gente, vamos melhorar a questão acústica, porque é um hotel de bairro, e os barulhos vazam. Vão abrir dois hotéis aqui na nossa rua, de redes grandes. Isso cria um movimento que a rua não tem. E a gente pensa em abrir um bistrô — diz Thelma.

Para Alfredo Lopes, presidente da ABIH, o fato de Leblon e Recreio serem, respectivamente, o bairro mais caro e o mais barato para se hospedar decorre da disponibilidade de hotéis nas regiões:

— No Leblon, como você não tinha terreno, não houve oferta de novos hotéis. Na Barra e no Recreio, surgiram 12,5 mil novos quartos de hotel. O preço acabou caindo.

Segundo Lopes, a taxa de ocupação hoteleira prevista para os meses anterior e posterior ao das competições é de 60 a 65%. Estimativas da ABIH indicam que o setor vai empregar 40 mil trabalhadores no período dos Jogos. A expectativa de Lopes é que os turistas que venham para o Rio gastem mais dinheiro na cidade que os que passaram por aqui durante a Copa.

EMBRATUR ALERTOU PARA ABUSOS

Não é a primeira vez que as diárias sobem por causa de um grande evento. Em agosto de 2013, a menos de um ano da Copa do Mundo de 2014, a Embratur detectou que hotéis nas cidades-sede, incluindo o Rio, ficaram até 583% mais caros. Na época, a entidade considerou a variação “absurda” e enviou um ofício ao Ministério da Justiça para alertar para possíveis abusos na intermediação da agência Match, que negociara as diárias para a Copa. A Embratur pediu ao setor hoteleiro que baixasse as tarifas — o que acabou acontecendo. Para constatar o aumento, a entidade tomou como base valores apresentados no site da Fifa.

Em janeiro de 2014, os hotéis se comprometeram a exibir em seus sites as tarifas que seriam cobradas durante a Copa. De acordo com a ABIH, que recomendou valores mais baixos, a cidade teve uma média de ocupação de 80% durante o torneio e de 98% na final entre Alemanha e Argentina, em 13 de julho. Já o TripAdvisor descobriu que o Rio de Janeiro foi a capital que cobrou as diárias mais caras entre todas as sedes da Copa. Segundo levantamento feito entre abril e maio de 2014 pelo portal, meses antes dos jogos, a hospedagem no Rio era oferecida, em média, a R$ 991 durante a primeira fase do evento.

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