A Safernet, ONG responsável pela defesa dos Direitos Humanos na internet divulgou nesta terça-feira, 6, um relatório que aponta um aumento de 77% no número de imagens de abusos contra crianças e adolescentes, em 2023.
Segundo o levantamento, 71.867 novas denúncias desse tipo de crime foram recebidas pela ONG no ano passado. O crescimento em relação a 2022, quando foram feitos 40.572 registros, foi de 77,13%.
O número de denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil online, em 2023, foi o maior já registrado em 18 anos pela Safernet.
Para o presidente da Safernet, Thiago Tavares, três fatores contribuíram para o aumento dos casos:
- Demissões em massa anunciadas pelas big techs, que atingiram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas;
- A proliferação da venda de packs com imagens de nudez e sexo auto-geradas por adolescentes;
- A introdução da Inteligência Artificial (IA) generativa para a criação desse tipo de conteúdo.
Segundo a Safernet, é recomendado que a expressão "pornografia infantil" seja substituída por "imagens de abuso e exploração sexual infantil" ou "imagens de abusos contra crianças e adolescentes".
Isso porque a imagem de nudez e sexo envolvendo uma criança ou adolescente (por lei, pessoas de 0 a 18 anos incompletos), por definição, não é consensual. Logo, não se trata de pornografia, mas de imagens de crianças e adolescentes sendo sexualmente abusadas e exploradas.
Conforme o relatório, entre os crimes de ódio online, houve crescimento de 252,25% nas denúncias de xenofobia e de 29,97% de denúncias de intolerância religiosa.
A pesquisa apontou queda no número de denúncias de três crimes de racismo (20,36%), LGBTfobia (60,57%) e misoginia (57,56%), esta caracterizada por discriminação, preconceito, propagação do ódio ou aversão praticada contra mulheres.
Segundo a Safernet, a queda nas denúncias desse tipo de crime em 2023 já era esperada, uma vez que as denúncias de crimes de ódio aumentam em anos eleitorais, comportamento registrado em 2018, 2020 e 2022.
Em caso de suspeita de violência sexual contra crianças ou adolescentes, deve ser acionado o Disque 100 ⚠️