Quantas vezes você leitor já se deparou com obras literárias que promovem a diversidade em suas mais variadas vertentes? Encontrar livros que são capazes de abordar as diferenças existentes na sociedade de maneira humanizada e acolhedora é tarefa comparada ao trabalho de garimpeiros, semelhante a buscar uma agulha em um palheiro.
O Diário da Manhã, no entanto, encontrou uma pérola rara neste cenário. Trata-se do mais novo livro escrito pela psicóloga e mestre em educação Carina Alves, que apresenta como história central a vivência de uma garota Potiguara, cadeirante, que amava surfar. Anamã, como é chamada, vive com a família no litoral da Paraíba, e depende do apoio e suporte das demais pessoas para colocar sua paixão em prática.
A obra carrega o título “A menina Potiguara”, e conta com o prefácio da atriz Dira Paes e ilustrações de Roney Bunn. Ela compõe a obra “Literatura Acessível”, um projeto já rendeu a autora diversas premiações, a exemplo do Prêmio Confúcio de Alfabetização, promovido pelo Governo chinês e pela UNESCO. Os exemplares podem ser encontrados nas versões Braile, audiodescrição, fonte ampliada através da plataforma www.literaturaacessível.com.br .
De acordo com Carina, a missão de mais esta obra é promover o ensino sobre o empoderamento das mulheres, a importância da diversidade e contribuir para o enfrentamento do preconceito contra os povos indígenas.
“Anamã se junta aos outros personagens dos meus livros infantojuvenis, crianças e jovens com e sem deficiência, que nos ensinam muito sobre a importância da inclusão, da diversidade da acessibilidade, dos direitos humanos e do empoderamento de meninas e mulheres. Combater o preconceito contra os povos indígenas é combater a violência”, afirma.
Alves diz que sua motivação para escrita sobre um tema tão relevante, não data de hoje, ela a acompanha desde sua infância.
“Minha motivação vem desde criança. Me vejo desde pequena na luta por um mundo sem preconceitos. Sou nascida numa região periférica do Rio de Janeiro e quando saía para estudar fora sempre me olhavam diferente, como se eu fosse menor. Sofri vários tipos de assédios na vida. Por ser mulher, por ser da periferia, por ser de uma origem humilde, então sempre foi e ainda é para mim um ato político viver numa sociedade que naturalmente exclui as diferenças, a pluralidade humana.”
A psicóloga reforça que ainda há lacunas a serem preenchidas no tocante a promoção de uma literatura inclusiva e acessível. Ela afirma que há pouca acessibilidade disponível na literatura brasileira.
“Entendo que sim, pois a nossa sociedade ainda precisa caminhar bastante para alcançar a inclusão plena. Há pouca acessibilidade disponível na literatura brasileira. Mas acredito que estamos no caminho para preencher essas lacunas que atualmente excluem pessoas que precisam de recursos acessíveis para ler, ter acesso à educação, cultura, esporte, lazer, saúde, enfim, a uma vida digna sem nenhum direito a menos. Meu objetivo é escrever para todos. O dia que isso for possível poderei afirmar que as lacunas não existem mais.”
Ela garante que a história ainda não acabou. Segundo Carina o entusiasmo tomou conta de sua mente, que já fervilha de ideias.
“Minha cabeça fervilha de ideias e a imersão que fiz na Etnia Potiguara me deixou muito entusiasmada pela luta por direitos humanitários via Literatura Acessível. As crianças são a nossa esperança de um mundo mais equânime, mais saudável e mais inclusivo. Escrever mais histórias e ter a oportunidade de entrar nas escolas com temas sobre inclusão e acessibilidade já me deixa muito animada para continuar a jornada literária.”
O evento de lançamento desta linda obra está previsto para ocorrer no próximo dia 30/05, às 18:00, na Casa Camolese – Jardim Botânico/RJ