Londres prepara medidas para retirar 20 mil britânicos no Sinai
Diário da Manhã
Publicado em 5 de novembro de 2015 às 07:30 | Atualizado há 9 anosLONDRES E CAIRO — O governo britânico anunciou nesta quinta-feira que está preparando medidas de emergência para retirar os cidadãos de férias no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh para o Reino Unido, um dia depois de Londres afirmar que o avião russo que caiu na região do Sinai pode ter sido derrubado por dispositivos explosivos. Segundo as autoridades britânicas, cerca de 20 mil viajantes do Reino Unido na região do Mar Vermelho são afetados pela suspensão dos voos.
A medida, no entanto, foi criticada por autoridades russas e egípcias. Para Moscou, que prometeu continuar voando para o Sinai, ainda é muito cedo para especular as causas da queda e a suspensão dos voos. O Kremlin disse ainda que a suspensão dos voos é uma manobra para pressionar a Rússia sobre os ataques na Síria, segundo o político russo Konstantin Kosachyov.
— Qualquer versão do que ocorreu e as razões apontadas só podem ser determinadas por uma investigação, e ainda não temos nenhum anúncio do inquérito até agora — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas. — Qualquer outra explicação parece ser informação não verificada ou algum tipo de especulação.
As declarações são uma resposta à afirmação do ministro do Exterior britânico, Philip Hammond, que apontou uma “possibilidade significativa” de que o braço egípcio do grupo Estado Islâmico havia orquestrado um ataque a bomba no avião russo. O premier Dmitry Medvedev também disse ser cedo para tirar conclusões sobre as causas do acidente, mas ordenou que sejam estudadas medidas de segurança adicionais.
Kosachyov, que preside a comissão externa do Parlamento russo, disse que a decisão do Reino Unido era uma tentativa de por “pressão psicológica” na Rússia sobre seus ataques aéreos contra rebeldes sírios.
No Egito, o presidente Abdel Fatah al-Sisi rejeitou mais uma vez a possibilidade de que terroristas derrubaram o avião russo, enquanto o ministro da Aviação do país, Hossam Kamal, anunciou que não há indicação para sugerir que uma explosão derrubou a aeronave.
— A hipótese de uma detonação no avião russo não está baseada em fatos e o Egito quer que a investigação seja completa e minuciosa a fim de estabelecer os fatos — afirmou Hosam Kamal.
Sisi se encontra na tarde desta quinta-feira em Londres com o primeiro ministro David Cameron.
— A equipe de investigação ainda não tem qualquer evidência ou dado que confirme a hipótese (de bomba) — declarou Kamal em comunicado, afirmando ainda que o Egito adere aos padrões de segurança internacional em todos os aeroportos do país.
Na declaração, o ministro afirma que voos continuam chegando ao aeroporto de Sharm el-Sheikh, com 23 vindos da Rússia programados para pousar nesta quinta-feira, três da Itália e dois da Arábia Saudita, além de 22 voos domésticos.
No balneário egípcio, o clima é de ansiedade. A britânica Amy Watson, hospedada no Sharm el-Sheikh, disse que a decisão britânica de cancelar os voos levou pânico ao resort, mas se mostrou favorável à decisão, destacando que os turistas estavam sendo bem tratados.
O Airbus A321M da companhia Kogalymavia — que opera sob o nome de Metrojet — decolou do balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, a São Petersburgo quando perdeu contato 23 minutos após a decolagem no sábado. A aeronave caiu na Península do Sinai, e todas as 224 pessoas a bordo morreram.
VÍTIMAS SÃO ENTERRADAS
Enquanto isso, as primeiras vítimas da tragédia começam a ser enterradas. Em Novgorod, cidade de 20 mil habitantes ao sul de São Petersburgo, Nina Lushtshenko, de 60 anos, foi enterrada na presença de parentes e amigos.
— Ainda não acredito no que aconteceu — disse à AFP, Tamara Timofeieva, que trabalhava com a mulher.