Mulher trans é vítima de transfobia por motorista de app, em Goiânia
Fernando Boeira Keller
Publicado em 3 de maio de 2022 às 18:16 | Atualizado há 3 anos
Uma mulher transsexual denuncia que foi vítima de transfobia enquanto ia para a faculdade, em Goiânia. Rayanne Eduarda Brito dos Santos, de 33 anos, conta que foi a primeira vez que uma situação de violência aconteceu com ela, e que foi socorrida após gritar por socorro para os colegas da faculdade. Segundo ela, o motorista de aplicativo a chamou de “traveco fedido” e “raça maldita”.
Rayanne faz estágio na Defensoria Pública do Estado (DPE) e denunciou o caso para que acontecimentos assim não se repitam e também para que outras vítimas deste tipo de crime se encorajem a procurar a delegacia especializada.
Ela afirma que no dia 27 pediu um carro do aplicativo inDriver para ir à faculdade, onde cursa direito. No trajeto, a estudante notou que o motorista parecia estar incomodado com algo.
“Durante a viajem e ao perceber que eu sou uma pessoa trans eu já senti o motorista meio desapontado”, afirmou.
Rayanne detalhou a viagem e o momento em que o motorista começou a agredi-la verbalmente.
“Pedi pra aumentar o som um pouco ele atendeu, durante toda a viagem ele se manteve apático. Chegando perto do meu destino final, indiquei a ele o local que eu queria ficar, ele não ouviu e tampouco não confirmou a informação. Logo ao fazer o retorno ele entrou por uma rua errada e eu interpelei, afirmando que ele nãoo tinha ouvido o que eu havia pedido”, afirmou a vítima.
Foi neste momento que o motorista começou a proferir palavras de baixo calão, desrespeitando a mulher.
“Primeiro ele puxou o freio de mão do carro no meio da avenida Anhanguera em pleno horário de pico, colocando em risco minha vida e a de outras. Após isso ele me perguntou perguntou qual era o problema e nisso já começaram os insultos”, desabafa a estudante.
Ela sofreu inúmeras ofensas provindas do motorista, que, segundo ela, parecia visivelmente transtornado.
“Me chamou de “imunda”, “nojenta”, “traveco fedido” e “raça maldita”. dizendo que ninguém quer andar com transexuais em Goiânia”, conta.
O motorista chegou a descer do carro e ameaçou ir até Rayanne, mas desistiu. A vítima então começou a gritar e alunos da universidade ouviram, foram em direção à ela para resgatá-la e ela conseguiu sair.
Nossa equipe entrou em contato com o inDriver e aguarda posicionamento da empresa.
Denúncia contra transfobia
Rayanne registrou boletim de ocorrência no Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri) e fez contato com o Núcleo de Direitos Humanos.
O delegado Joaquim Adorno informou que iniciou as investigações agora e que até a próxima semana teremos maiores informações sobre o caso.
“No momento não iremos tecer detalhes, apenas esclarecer que todas as providências legais previstas em Lei serão tomadas”, informou.
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